Resenhas - Enquanto a Noite Não Chega

Maaah 27/09/2020

Me apeguei muito aos personagens. Frequentemente, me sentia dentro da casa dos velinhos, sentada a mesa, ouvindo suas histórias de vida e consegui até sentir o cheirinho do pão.
É uma sensação maravilhosa que acho que todos deveriam ter a oportunidade de sentir.

Thiago Barbosa Santos 17/04/2020

Até chegar a hora
Josué Guimarães foi a grata descoberta literária que eu tive em 2020. Achei um livro dele da editora L&PM e deixei na fila de leitura há uns três anos. Finalmente a vez dele chegou. Confesso que não conhecia a obra do autor gaúcho, que depois de Erico Veríssimo (de quem eu gosto muito também) talvez seja o autor mais mais celebrado do Rio Grande do Sul.

Fiquei maravilhado com o enredo e a narrativa de ENQUANTO A NOITE NÃO CHEGA. Jornalista, Josué Guimarães tem uma escrita certeira, sem rodeios e bastante atrativa. Faleceu em 1986 deixando uma obra muito importante para a literatura brasileira.

O enredo do livro é bastante interessante e triste ao mesmo tempo. É sobre uma cidade no interior do Rio Grande do Sul sepultada pelo tempo. Praticamente todos os moradores morreram, o local está em ruínas, acabado. Só restam três idosos, o casal Dona Conceição Dom Eleutério e o coveiro, Seu Teodoro.

O casal mora sozinho e é visitado uma vez por dia pelo Seu Teodoro, que mora um tanto longe. O casal passa o tempo a conversar, relembrando o passado em diálogos comoventes. A família já foi grande, mas todos os filhos, genros, noras e netos morreram precocemente por diferentes causas. Eles vão relembrando essas passagens tristes na vida deles.

Os recursos são escassos, pois não há mais nada na cidade, nem mesmo animais. Praticamente, só uma vaquinha já em idade um tanto avançada, que lhes dá o leite de cada dia.

Já faz dois dias que Seu Teodoro não aparece. Na última visita, estava fraco de ânimos. Parecia viver apenas para cumprir a última missão que era enterrar o casal de amigos. As covas já estavam até cavadas.

Os dois resolveram ir até a casa dele. A caminhada era longa, mas sem pressa, conseguiram chegar lá. Dona Conceição levou ingredientes para assar pão para comerem. Quando chegaram, viram o amigo deitado, bastante fraco, sem forças nem mesmo para levantar. A velha foi para a cozinha fazer o pão e os dois homens pegaram no sono.

Dona Conceição concluiu o pão, estava quentinho e cheiroso. Quando foi chamá-los, o marido acordou, mas o coveiro não, já estava morto. Os dois não tinham forças para sepultá-los. Resolveram deixá-lo lá mesmo. Deus entenderia. Começaram a comer o pão mas já não existia fome.

Já estava próximo de escurecer e eles não queriam enfrentar a estrada escura no caminho de volta, por isso, resolveram ir logo. Mas antes, ouviram um barulho de cavalo lá fora. Parou uma carroça preta e um homem que foi lá para buscá-los. A velha perguntou se não seria o caso de, antes de saírem, acender uma vela ao morto. O homem disse não ser necessário e foram com ele sem mais questionamentos. No caminho, o velho disse para a esposa baixinho que sabia que conhecia aquele homem, era o filho deles.

Luciano Otaciano 07/12/2019

Livro Sensacional
Olá caros leitores e caríssimas leitoras, preparados para mais uma resenha literária. Venham comigo descobrir minhas impressões à respeito da obra.


O livro possui poucas páginas, é verdade, mas engana-se quem julga esse livro por seu pequeno tamanho. Não menosprezem-no, e não se arrependerão. É um cadinho de leveza para dias turbulentos em nossa sociedade atual.
Aqui temos um romance curto, quase uma novela, ou noveleta que conseguiu me emocionar e me transportar para sentimentos sublimes. O livro tem uma história tocante, com leves ecos de fantasia sobrenatural a embalar uma realidade agridoce, de uma cidade abandonada na qual os últimos moradores são um casal de velhinhos e um coveiro que mantém duas sepulturas abertas à espera de que os dois morram e ele possa ir embora para outro lugar. Nesse ambiente de desolada decrepitude, os velhinhos relembram o passado, em toda sua glória e pesar, e, já conformados há anos, se preparam para o único futuro possível, esperando reencontrar aqueles que amam. E é aí que o inesperado acontece. Que enredo fascinante.
Sempre com um clima intimista permeado de suave poesia, a obra surpreende o leitor (a) por não se apressar no ritmo, mantendo do começo ao fim a cadência certa para atingir os sentimentos mais delicados, envolvendo-nos de alma e coração na estória de seus personagens. Esses personagens, por sua vez, apesar de estarem à beira da morte, adquirem tal vivacidade na imaginação de quem lê que chegamos a ter empatia pelo casal de velhinhos como se eles fossem nossos próprios pais envelhecidos, nossos avós esquecidos ou, ao menos, aquelas pessoas que esperam abandonadas e sem esperança em algum asilo próximo de nós. E é exatamente por isso que esse livro, embora simples em trama e estrutura, consegue ser tão memorável, pois faz aquilo que é a função máxima da poesia: revelar realidades que não vemos, abrir os olhos dos sentimentos a vivências para as quais éramos cegos até então, possibilitando que nos coloquemos no lugar do outro, nas experiências do outro, sentindo as dores reais que, muitas vezes, preferimos esquecer ou fingir que não existem. Ou o pior ignorá-las, mantendo nossa indiferença fria o mais distante possível de tal realidade.
Aqui ao fazer da sutileza narrativa a mais poderosa arma para atingir a compadecida melancolia do leitor (a), Josué Guimarães demonstra uma habilidade literária segura de si mesma como poucas vezes se encontra em qualquer livro de qualquer época ou lugar. É um livro que impressiona por sua simplicidade única, mas que consegue envolver todo aquele que lê o livro. Finalizo por aqui, espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!

Keylla 07/12/2019

Obra-prima!
Eis um livro pequeno em tamanho, mas grande no conteúdo. "Enquanto a noite não chega" é a obra do escritor gaúcho Josué Guimarães. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

O casal Eleutério e Conceição estão juntos há 75 anos e vivem em uma cidadezinha pequena e decadente. Teodoro é o coveiro do lugarejo e jurou que ficaria na cidade até enterrar o último morador para poder tomar o seu rumo. Mas os idosos vivem uma vida feliz, na simplicidade de um amor maduro, embora sintam saudades do filho Adroaldo, morto na Segunda Guerra Mundial.
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Um dia, Teodoro não aparece para o jantar. Eleutério e Conceição resolvem ir até a casa do coveiro para averiguar o fato. Eles caminham pelas ruínas da cidade, relembrando momentos de suas vidas e antigos amigos. Nesta história marcada pelo tom poético e delicado, o casal revive boas lembranças.
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Enquanto a noite não chega é, sem dúvida, absoluto e perfeito e consagra o que de melhor existe na literatura mundial.

Lizi Cordeiro 08/11/2018

Um dos melhores livros de autores brasileiros
Leitura obrigatória no tempo do colégio, foi um dos livros mais marcantes daquele período. 20 anos depois, decidir reler o livro me sentir tocada novamente.
Josué Guimarães narra a história com um estilo que remete a Gabriel Garcia Marquez. As descrições se assemelham às de ?crônica de uma morte anunciada? ou ?ninguém escreve ao coronel?.

Lucas Lemões 03/11/2018

Ótima leitura
Esse livro acredito ser uma das obras de Josué Guimarães que mais gostei de ler. Seu geito de descrever os personagens é impressionante.
O enredo da historia é lindo onde a vida dos tres últimos habitantes de uma cidade quase fantasma do interior do Rio Grande do Sul são repletos de lembranças das pessoas que ja moreram. As dificuldades cotidianas do casal de idosos sao bem explicitas por Josué, onde através dos diálogos entre Dona Conceição e Don Eleutério o tema sempre gira em torno da morte.

Douglas 06/10/2018

Enquanto a Noite Não Chega
Foi desses livros que eu costumo comprar quando estou viajando.
Sabendo que tenho livros por começar em casa, mas não tendo nenhum à mão para ler durante minha viagem, vez ou outra eu me pego buscando algum livro barato e rápido para preencher este tempo.

E em alguma dessas vezes, sou surpreendido.

"Enquanto a Noite Não Chega" não tem grandes pretensões, não pensa em ser um grande livro, nem ter sua história contada para o mundo. Não, é um livro simples, pequeno e doce. Que quase cresce para dentro de si, por ser extremamente intimista.

Poucas vezes eu vi uma prosa se assemelhar tanto com uma poesia.

Este livro do gaúcho Josué Guimarães é sensível e foi escrito mirando em apenas um único ponto.

O coração do leitor.

Angelo Pessoa 14/04/2018

Belíssimo e poético!
Um pequeno diamante da literatura brasileira. Livro curto, quase um conto, um enredo surreal e divino! Final surpreendente e inesquecível Altamente recomendável.

Ana D 31/10/2017

Profundo e tocante
Um livro tão pequeno e que foi capaz de me causar tantas reflexões. Josué Guimarães conta a história de um casal de idosos, últimos moradores de uma vila no interior do Rio Grande do Sul. E, a cada frase lida, me perguntava o que é de fato essencial a nossa vida. Triste sim, mas intensamente significativo.

Diogo Hilário 20/10/2017

Livro com uma linguagem bastante simples, mas rica e envolvente. Os diálogos me trouxeram uma sensação de estar na casa dos meus avós, tomando uma café e escutando histórias contadas por eles. O desenrolar da história é algo esperado e inesperado ao mesmo tempo. Eu previa o final, mas não da forma como se deu.

Gisele.Maravieski 19/07/2016

Um grande achado
Esse livro foi um grande achado, é fantástico e tocante, com uma narrativa que se desenrola despretensiosamente mas recheado de ensinamentos.

Serivaldo 20/04/2013

Lembranças de vida e morte
Dois velhinhos, Dom Eleutério (92 anos) e Dona Conceição (86 anos) vivem em uma cidade esquecida e abandonada pelo tempo no interior do Rio Grande do Sul, à espera da morte. Além deles, somente Teodoro, o coveiro, que já cavou as duas covas no cemitério que aguarda o casal.
O texto todo é recheado de diálogos saudosistas, lembranças dos familiares e amigos que já se foram. O tema da morte permeia todo o enredo, é a morte de todos os familiares (filhos e netos), dos antigos habitantes, é a morte da própria cidade. Tudo vai se acabando, as casas, as ruas, a comida, as forças, a vida.
Os velhinhos tinham sempre nítidas, as visões de um álbum de família invisível, no qual iam revendo imagens e cenas dos entes queridos e amigos, boas e ruins lembranças.
Existem muitas reminiscências a personalidades do Rio Grande do Sul, do início do século XX, importantes personagens e políticos da história do Estado, como Borges de Medeiros, Assis Brasil, Carlos Barbosa e outros, além de referências à própria história do Brasil, à revolução de 1930, a alguns presidentes e à guerras mundiais.
Ao lermos esse livro temos a sensação de imaginarmos nossa vida no futuro, o nosso próprio envelhecimento, revendo nossas próprias lembranças e imaginando como seriam nossos últimos dias.

mateus 18/02/2012

Felicidade é viver ótimos momentos com sua família
Enquanto A Noite Não Chega, é um livro muito tranquilo de ler, não é uma história pesada, mas achei um pouco triste!nos conta a história de três pessoas uma casal de velhos e um coveiro que só está a espera que o casal morra para poder enterrá-los e ir embora da cidade onde só os três vivem. O casal já enterrou toda a família, ao decorrer da leitura ficam lembrando das boas lembranças do passado. Ao final decidem visitar o coveiro e lá encontram morto, ao sair da casa uma carroagem vem buscá-los, era seu filho que vinha e os dois velhos notaram que haviam morrido também.

Carla 19/03/2009

Josué Guimarães foi um dos primeiros autores a me trazer a vontade de ler por toda a sua doçura e simplicidade.