Carous 15/02/2019Ah, tá..."Stalking Jack the Ripper" é o primeiro livro de Kerri Maniscalco e infelizmente dá pra perceber pelas falhas.
Embora eu não a culpe somente, afinal o livro passou por um processo de revisão em que algum profissional podia ter aperfeiçoado o trabalho dela.
Eu li muitas resenhas antes de resolver enfim comprar o livro e minha expectativa oscilou muito.
O livro me entreteve, não me leve a mal. E apesar de ter lido várias críticas negativas sobre Audrey Rose, eu gostei muito dela. Achei uma boa personagem feminina feminista que tenta suceder no mundo dos homens e equilibrar as expectativas da sociedade e seus desejos.
Claro, Audrey está longe de ser a personagem mais feminista da face da Terra, mas já vi muito escritor se arvorando na popularidade deste movimento para criar personagens que menosprezam as demais mulheres por se enquadrarem no que a sociedade espera das mulheres - isso não é feminismo - ou usar como chamariz para leitoras feministas em busca de identificação - para no fim das contas se decepcionarem.
Audrey não. Ela entende que para algumas mulheres o auge é passar a tarde tomando chá, fofocando, procurar marido e sonhar com os filhos. Apenas >ela< não é assim. Inclusive achei ótima a inclusão da prima Liza fazendo um contraponto aos desejos de Audrey. A presença da tia dela também é maravilhosa e mostra mais uma faceta do comportamento feminino.
Thomas Cresswell foi quem mais me decepcionou. Eu imaginava que ele seria um personagem mais próximo ao que encontrei lendo Jackaby (excêntrico) e me deparei com um personagem mais similar ao Hook da série Once Upon a Time, sempre insistindo que Audrey nutria sentimentos por ele,uma vez que ele era um partidão. Teria sido ótimo se eles tivessem intimidade para isso.
Além disso, é dito que ele é um excelente observador e vamos concordar em discordar, então. Pistas sobre quem era o assassino dançavam na frente dele e o cara era incapaz de vê-las.
Kerri até dá uma cena pra ele ser o salvador da porra toda no final do livro, mas too little too late. (Aliás essa cena só me deixou envergonhada)
O único problema que detectei no livro foi a burrice de Audrey e Thomas durante a investigação. Talvez fosse melhor se Kerri tivesse mantido o leitor no escuro sem pista alguma. Uma vez que ela não optou por este caminho, ficou cada vez mais vergonhoso para nossos personagens não descobrirem quem estava assassinando as prostitutas. Primeiro que eles não faziam as perguntas corretas. Depois alguém os dava uma pista e eles... não investigavam. Terceiro que ficavam dias e mais dias sem fazer absolutamente nada enquanto o criminoso estava à solta.
Audrey e Thomas se autointitulavam tão espertos enquanto havia um personagem debaixo do nariz deles sumindo nas noites do crime, mostrando 0 choque quando outro corpo era encontrado BEM DEBAIXO DO NARIZ DELES e os dois batendo cabeça sobre quem poderia o autor dos crimes.
Não deu pra defender.
Eu sabia que haveria romance aqui e surpreendentemente estava ansiosa por ele, mas foi bem decepcionante. Mal desenvolvido pacas. Eu sequer sei se era pra ser um romance do tipo "do ódio ao amor". Os dois sentiam indiferença um pelo outro, depois se implicavam até que já estavam declarando que não sabiam viver sem o outro, que o fulaninho era a única certeza da vida deles. E isso depois de um curto - curtíssimo - espaço de tempo na sociedade enjoada do século XIX cheia de protocolos.
E claro que a primeira coisa que Audrey reparou no "aluno arrogante de seu tio" foi a beleza.
Sim, fiquei feliz de não ter sido o foco maior da história - era pra ser a investigação, mas isso também foi mediano -, mas esperava mais.
Foi uma leitura agradável e espero que Kerri melhore nos demais livros da série. Pelo menos no quesito investigação.