Barbara.Tomaz 19/11/2022
Mais pra lá do que pra cá
Escrito para reafirmar e incentivar a fé católica romana, esse livro contém linguagem descontraída, o que torna fácil a leitura ?. Todavia, o excesso de humor ácido, ironia, exagero e frases tendenciosas prejudicaram a abordagem e o desenvolvimento das explicações em alguns temas doutrinários. Assim, acredito que poderiam ter tido mais equilíbrio para o texto se desenvolver mais e melhor, ou escrito com mais seriedade.
Escrevo isso porque tive a impressão de que cada resposta era uma tentativa de "lacrar" um debate, aliás, esse era o tom (competitividade ou provar algo), isto é, não é apenas informar ou reafimar algo sobre dogmas instituídos e praticados pela igreja católica, mas sim, uma tentativa de dar aos fiéis católicos respostas para conversar/debater (foi isso que percebi).
Porém, o esforço acaba sendo um tiro no pé, pois assuntos históricos polêmicos e entre outros pontos doutrinários são tratados com vista grossa, de maneira superficial e, muitas vezes, se tenta justificar o posicionamento com base em exemplos de outro assunto ou com passagens bíblicas fora de seu contexto, enfim, as explicações em alguns momentos pareceu verdadeiras tentativas de "tapar o Sol com a pereneira". As respostas podem até parecer boas e sãs, mas quando se para para refletir, analisar e comparar com outros livros sobre história...as respostas ficam bem a desejar (e forçadas).
?Embora seja incentivado a leitura da Bíblia e a continuação da pesquisa/estudo na área, muitas conclusões são baseadas precipitamente e a dúvida não é um direito, o leitor é estimulado a aceitar, "porque é isso que a igreja disse ou crê".
Outro ponto foi sobre o protestantismo. Percebi que houve algumas falácias históricas e preconceitos doutrinários. Faltou esclarecimento e mais pesquisa sobre o movimento, sobre as implicações positivas e negativas que a reforma gerou na igreja católica romana, e sobre o contexto histórico-social que originou o movimento. Por exemplo, alguns equívocos foram:
1."Que a reforma se resume em Lutero", volta e meia eles citam Lutero como se ele fosse o único reformador e porta-voz de todos. Sim, ele foi importante, mas ele não foi o único reformador e não agiu sozinho. Ninguém sabe quem desenvolveu as "5 Solas", elas surgiram a medida que as idéias iam sendo debatidas entre os estudiosos. E houveram concílios e conselhos protestantes também para se discurtir idéias e doutrinas.
2. Usaram Testemunhas de Jeová como exemplo de igreja protestante na pergunta " igrejas cristãs não defendem a mesma fé?" . Ora, Testemunhas de Jeová não são protestantes por motivos doutrinários! Tanto é que eles crêem em outras doutrinas, são exclusivistas e não se incluem nem se identificam no segmento de igrejas cristãs tradicionais.
3. Usar exemplos que desqualifiquem ou que zombem de igrejas protestantes sérias, não é uma atitude ética. Apresentar posicionamentos heréticos como via de regra e usá-los como algo que represente todo segmento protestante não é algo que permite um diálogo e uma investigação madura sobre os assuntos, isso ainda vai contra o bom senso.
Contudo, apesar da discordância doutrinária, na pergunta sobre autoridade biblica , além dos estudiosos católicos, acabaram usando também, 2 estudiosos protestantes para justificarem/reforçarem sua resposta a favor da autoridade e do uso da Bíblia hoje: Lee Strobel e F.F.Bruce. (Que ironia, não?! Hehe) . Ou seja, algumas informações convém usar, outras convém omitir ou censurar. ?????
? Dei 2 estrelas pois teve perguntas, como por exemplo, sobre a natureza divina e humana de Jesus e sobre o uso da ciência, que tiveram boas respostas ( apesar do humor ácido e de tudo o mais). Sentir falta de falarem sobre a igreja católica ortodoxa e suas peculiaridades.
Obs: Se você for católico e esteja lendo ou deseje ler esse livro, leia também livros de História da Igreja, se possível livros imparciais, para se tirar conclusões melhores a respeito dos temas históricos abordados/citados neste livro.