Passagem para a Escuridão

Passagem para a Escuridão Danilo Sarcinelli




Resenhas - Passagem para a Escuridão


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Crônicas Fantásticas 14/09/2020

Passagem para a Escuridão: Livro Um
Resenha por Brena Gentil

Título: Passagem para a escuridão: livro um / Autor: Danilo Sarcinelli / Gênero: Dark Fantasy / Páginas: 318 / Ano: 2016 / Nota: 4 / 5

Reino da Tibéria, Ilha de Cipria. A família Dante, sob a fé no deus-sol Ravi, reina pacificamente após a derrota da Legião Negra do demônio Arkmal. Até que César Dante, filho do Rei da Tibéria, comete um ato violento de extremo fanatismo religioso contra membros da família Martino, aliados da família real, e segundo ele, seguidores do demônio.

César foi exilado, e a Tibéria prosperou por dez anos de paz. Durante seu exílio, a herança do trono tornou-se uma possibilidade ao protagonista, Lúcio Dante, neto do Rei Augusto Dante; porém Lúcio não se interessava pelos assuntos da realeza, desejava somente ter uma vida comum e cultivar o amor de Pandora.
Às vésperas do aniversário de Lúcio Dante, César retorna à casa. Tal fato é acompanhado de atentados e mistérios que abalam a paz do reino; e um presente sagrado dado por César a seu pai faz com que as máscaras caiam e os objetivos de cada personagem sejam revelados.

“A sede de poder e ambição são venenos para a alma.”

A premissa de “A Passagem para a Escuridão” é simples, até demais. Há somente uma religião, e diferente de nosso mundo real, lá as entidades religiosas existem, são concretas. O que torna a trama complexa é o leque de personagens que Danilo conseguiu construir para dar suporte às intrigas palacianas. A linha entre o bem e o mal é tênue e, mesmo que não concorde com algumas atitudes, há sempre uma motivação que gera empatia ao leitor por (quase) todos os personagens. Como é uma história de alta fantasia, é de surpreender que o autor consiga criar o mundo de forma tão realista, sem forçar o leitor a imaginar conceitos muito distantes de sua vivência.

A escrita de Danilo é segura e de um vocabulário equivalente à ambientação da estória. A narrativa é em terceira pessoa, onisciente, e por diferentes pontos de vistas. Ao mesmo tempo que tal artifício ajuda a compreender melhor a trama, tira um pouco do suspense para o leitor. Esse artifício também ajuda a nos aproximar de personagens secundários, eu mesma me apeguei mais a Marco e Diana que aos protagonista e antagonista. Algumas passagens são bruscas, além de nem sempre haver pistas para os plot twists seguintes. O livro é dividido em três partes: as duas primeiras são lentas, e a última, “Céu Carmesim” é pura ação e revelação. Essa lentidão é comum em primeiros volumes de qualquer saga, pois há a necessidade de apresentar o mundo e os personagens (que são muitos aqui); aposto que o próximo e último volume, que será lançado em breve, terá um ritmo mais frenético, pois os ganchos estão perfeitamente construídos nesse primeiro livro.

Neste primeiro volume temos um mapa do mundo e as árvores genealógicas das famílias; o leitor vai precisar desse guia de parentesco, certamente. Vou além: aconselho ao autor, caso ainda dê tempo, de no segundo livro pôr um breve glossário com cada personagem e o que aconteceu com cada um no primeiro volume, sempre de forma resumida, apenas para estimular a memória do leitor. Caso não seja possível fazer isso, visto que o livro deve sair do forno em breve, pode-se usar as redes sociais para posts com esse intuito.

Aproveito o espaço para lembrar a você, leitor que estará na CCXP, que Danilo Sarcinelli estará presente de 6 a 9 de dezembro. Você também pode adquirir o ebook na amazon!

Leia mais resenhas em cronicasfantasticas.com.br

site: https://cronicasfantasticas.com.br/2018/11/12/813/
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Nilton Alves 16/02/2020

Uma Dark Fantasia de tira o fôlego.
Uma história envolvente, com muita ação, drama, lutas e intrigas. Com personagens cativantes. Aqui temos a luta entre Tio e Sobrinho pelo trono. Além disso temos o forte crescimento de adoradores do Demônio Arkmal e sua Legião Negra que a muito tempo atrás foi derrotado pelo herói Constâncio.

Também temos a descobertas de segredos macabros que mudaram a vida de Lucio Dante para sempre.



site: https://eumeuslivrosevoce.blogspot.com/2020/02/resenha-do-livro-passagem-para.html?m=1
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Andre 03/04/2017

Excelente
Um dos melhores escritores de ficção fantástica do país! Comprei este livro para experimentar e incentivar o autor (gosto de fazer isso) e me surpreendi com a riqueza de vocabulário e do universo criado neste livro! Recomendo a todos!
Danilo Sarcinelli 20/04/2017minha estante
Obrigado Andre! Fico muito feliz que tenha gostado. Em breve trarei a continuação =)




Vanessa Boedermann 30/10/2017

Passagem para a Escuridão | Blog Corredora Literária
Livro de estreia do autor Danilo Sarcinelli, simplesmente sombrio e intrigante.
O Danilo consegue mexer com nossos sentimentos já nas primeiras páginas. Segurança na escrita que nos envolve completamente, muito bem detalhado sem prolixidade.
Sabe aquele livro que no decorrer da leitura você se pega sorrindo? Pois é o caso desse livro.

"A verdadeira escuridão que espreita o coração dos homens é a abulia e o vazio moral"

Entramos na Tibéria onde acontecimentos macabros acontecem.
Um grande e maléfico mistério permeia duas famílias reais no reino da Tibéria.
Haverá uma guerra civil e disputa pelo trono entre os príncipes e para entender o porquê você terá que ler!

Somos apresentados a vários personagens, muito bem trabalhados com suas subtramas.
Há muitas intrigas familiares, romances, fanatismo religioso, seitas demoníacas e rituais.
Sentimentos e valores pessoais são bem explorados em cada personagem.
Um objeto misterioso terá muita importância na trama.

"O bom pastor faz suas ovelhas acreditarem que escolhem o próprio caminho."

Lúcio é o personagem "principal", passa por uma situação difícil na infância. Ele se mostra muito forte durante todas as descobertas sobre si e sua família. Será que ele permanecerá assim no livro dois? Vamos aguardar!
Há um plot twist na trama que realmente me pegou de surpresa.

Pontas soltas ao final que deixam belos ganchos para o livro dois.
O livro é dividido em três partes, cada qual com onze capítulos, o que facilita a divisão de leitura também.
Nas páginas finais temos o mapa da Cipria e as árvores genealógicas das famílias.
Leitura fluída, rápida e muito gostosa.

Sentença
Se você tem medo de assuntos relacionados a demônios e rituais leia esse livro! Sim! Leia!
Antes de iniciar essa leitura estava apreensiva com relação ao assunto tratado e até a capa com o demônio Arkmal me perturbava e simplesmente me apaixonei pela trama.
Em muitas partes do livro parei para uma reflexão pessoal.
Entrou no hanking dos melhores livros que li até agora.
Não posso falar muito mais coisas para não dar spoilers, só posso dizer uma coisa, leia!

site: https://corredoraliteraria.wordpress.com
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JCarlos 21/05/2017

Instigante fantasia medieval
“A verdade, Alteza, é que o mal não foi derrotado na Era dos Heróis. Muitos preferem se fazer de cegos, mas demônios e adoradores das trevas ainda espreitam as sombras, reunindo forças para se reerguerem. Demônios que se escondem sob a pele de homens e se aproveitam do desespero, desesperança e da ganância humana para atrair seguidores ao seu exército maligno. Assim como antes, apenas a Luz de Ravi poderá nos proteger mais uma vez.”

Em Passagem para a Escuridão: Livro I, Danilo Sarcinelli nos traz uma aventura fantástica, capaz de nos envolver completamente em uma batalha entre os seguidores das trevas, onde o mal está sempre à espreita. Onde conhecemos Arkmal, o demônio, e sua espada Caos, que busca corromper e conduzir à escuridão a alma de Lúcio, príncipe da família real Dante, de Tiberia. Há uma passagem, e ela precisa ser lacrada!
Danilo Sarcinelli 04/06/2017minha estante
Obrigado Carlos! Fico feliz que tenha gostado! Em breve sai a continuação ;)




Rafa-El 05/08/2017

Refinamento Natural!
A primeira coisa que gostaria de ressaltar é o refinamento natural que Danilo tem ao escrever. Tanto a escrita quanto o repertório vocabular são elegantes, mas sem parecerem prepotentes. Essa, acredito, é uma tarefa difícil para quem escreve e, portanto, devo parabeniza-lo.
Em termos de trama, poderia dividi-la em dois aspectos.
O primeiro seria uma história de "coming-of-age", (gênero que não tem tradução estabelecida em português, mas gira em torno da ideia de "amadurecimento"), onde muitos dos personagens encontram-se no processo de atingir a maioridade e começam a ter que lidar com as responsabilidades que lhes são apresentadas, por vezes, em situações extremas. Alguns desses dilemas são bastante empáticos e agradáveis de se ler.
O segundo aspecto, que se revelou muito mais interessante para mim, é o da trama palaciana. Confesso que geralmente tramas palacianas não me prendem, mas o autor trabalhou tudo de uma forma interessantíssima. A principal ferramenta para esse intrigante desenvolvimento eram as constantes trocas de pontos de vistas. Elas se mostraram essenciais para o decorrer da história e muito bem trabalhadas. O leitor tem a oportunidade de ver como aqueles personagens se relacionam em um baile de máscaras, sempre respeitosos e protocolares, quando, por trás, possuem pensamentos e atitudes conspiratórias, agendas próprias e secretas. Isso cria uma atmosfera insidiosa que te prende àqueles momentos do texto.
Outra coisa que me agradou bastante, foi como Danilo desenha pequenos detalhes, aparentemente inofensivos, que vão culminar em reviravoltas de tirar o fôlego mais a frente. Isso foi feito de forma impecável.
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Diogo.Andrade 27/08/2017

Recomendo!
Com uma escrita fluida, hábil e segura, Danilo Sarcinelli nos conduz através de um mundo incrível onde o bem e o mal se confundem em uma trama de intrigas e busca por poder. As trocas de ponto de vista e diversos personagens nos presenteiam com diálogos interessantes e informações relevantes sobre suas motivações. Outro aspecto muito interessante da história é o papel que religião e lendas têm, servindo de fio condutor para a grande ameaça que vai se construindo. Recomendo!
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Acervo do Leitor 02/02/2018

Passagem para a Escuridão de Danilo Sarcinelli | Resenha
Sangue. O vermelho que nos une. Por mais que alguns aleguem que uma “família” se forma através de afinidades e escolhas, a verdade é que sempre será o sangue que corre nas veias que a definirá. Como uma doença que nos marca na infância e carregamos para o resto de nossa vida o líquido rubro que corre em nosso corpo nos definirá, quer queiramos ou não. Seu sangue, sua família e seu lar, aquele local que sempre irá te receber mesmo quando você não fizer por merecer. Essa obra é sobre uma lar, o Reino da Tibéria, e sobre o sangue que corre nas veias de uma família, os Dante. Sobre como o líquido da vida pode queimar corações e mentes até se tornar negro como carvão. E quando a escuridão chega, infecta à todos.

“A consciência, meu filho, é como a luz. Ninguém a nota, no entanto, ela ilumina a tudo.”

A coroa pesa sobre a cabeça do já fragilizado Rei Augusto Dante. Possuidor de um espaçoso e pacífico reino que já não consolam um apertado e atormentado coração. Com um herdeiro candidato ao trono fraco e destemperado, César, uma filha, Flávia, que há muito se foi ao dar a luz a seu sobrinho Lúcio, e uma esposa Lívia distante devido as suas atitudes, o sangue que corre em suas veias anda fervendo e o pressionado em demasia. Tibéria, seu reino, encontra-se em paz. O grande conflito entre luz e trevas, entre a humanidade liderada por Constâncio e sua espada Solar contra o demônio Arkmal, e sua espada Caos, se tornaram apenas histórias do passado. Um conflito que deixou destruição e marcas para trás mas adoradores pela a frente. Existem certas necessidades pecaminosas que apenas o mal pode proporcionar. E este, que sempre habita em nossos corações, em alguns faz uma morada maior. Adoradores de Arkmal clamam por poder e sua volta, mas esbarram na fé e na inquisição comandado pelo príncipe César. Porem o ódio e o zelo pelo que se acha certo podem cegar da mesma forma. E todos cobram sua “visão”. Em sua jornada destemperada César visava o trono, mas acabou encontrando apenas o exílio proporcionado por seu pai Augusto.

“César viveu tanto tempo sob a sombra da mãe que passou a acreditar que não pode se queimar ao sol. ”

expectativa pesa sobre a cabeça do sonhador Lúcio Dante. Sua mãe morrera no parto, e ele cresceu com seu avô, o cansado Rei Augusto. Esperanças são derramadas sobre seus jovens ombros que ainda completarão dezoito anos. Alguns veem nele o futuro do reino, mas ele só tem olhos para mulheres. O vivo sangue que corre em suas veias, que constantemente esta sendo bombardeado para cima e para baixo, em breve irá escurecer. Um passado que ele desconhecia está chegando para assombra-lo. A mesma voz que sussurra desejos em seu coração também clama por poder. Arkmal está voltando. Há um silêncio de calmaria que precede o esporro em Tibéria. César está retornando do seu exílio forçado trazendo um artefato que pode abalar o mundo e clamando pelo trono. Rei Augusto, com seu coração e vida por um fio, está com problemas em escolher seu sucessor. Existem conversas e rumores nos corredores do palácio sobre ameaças de invasões. Entre desejos frustrados e atentados concretizados Lúcio terá que amadurecer antes de envelhecer. O dever o chama, assim como a escuridão. Qual clamará mais alto em suas veias?

“Demônios que se escondem sob a pele de homens e se aproveitam do desespero, desesperança e da ganância humana. ”

SENTENÇA
O autor Danilo Sarcinelli fez uma aposta arriscada. Um livro repleto de tramas truncadas e “intrigas palacianas” mas voltado para o público YA (jovem adulto). Uniu a jornada de auto-conhecimento, desamores e questionamentos morais de um jovem de 17 em uma trama densa, madura e por vezes pesada. Diálogos em detrimento da ação. Entre um amadurecimento precoce de seu público jovem-adulto ou um leve “rejuvenescimento” de um público consumidor mais velho, talvez tenhamos um impasse. Será que ambos conseguirão absorver a qualidade desta obra em sua totalidade? Por vezes queremos uma soda limonada para nos refrescar, as vezes um bom vinho tinto para nos aquecer, mas raramente os dois ao mesmo tempo. Sem dúvida um livro interessante e ambicioso. Alguns afirmam que o mundo é dos ambiciosos, outros, que ambição demais corrompe a alma. O que clama aos ouvidos deste jovem, talentoso e promissor escritor? Arkmal e seu Ego negro inflado ou apenas a “fome” de se firmar como um dos grandes escritores desta nova geração da Literatura Fantástica Nacional? Os dois caminhos estão abertos para o Danilo(autor), assim como estão abertos para seu protagonista Lúcio Dante, qual trilha ele vai escolher em um futuro próximo? Só aguardando o segundo volume desta série, literalmente, para saber.

site: http://acervodoleitor.com.br/passagem-para-a-escuridao/
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Rafael.Ferreira 10/02/2018

Resenha por Estante Nacional
-- "Por que se submete as fraquezas da carne, quando a morte fervilha em seu espírito?" --

Desculpem a falta de termos técnicos, mas vou tentar resenhar o que li da escrita fo#@ de Danilo Sarcinelli. A qual virei fã. Resumo? O cruzamento mágico de personagens, enredo e sensibilidade humana dentro de uma fantasia.

Nosso continente principal é a Cipria e o maior palco desse livro é o reino de Tibéria. Palco principal dito, temos outros reinos explorados e que conversando com o escritor terão papel mais forte nas próximas histórias. O nosso mundo aqui vive em paz, e como uma boa história temos no passado uma longa guerra. Esta foi entre homens e demônios. Sim, não temos bem e mal aqui. Temos de um lado os demônios e seu mestre Arkmal que é um personagem importante a trama e do outro lado temos os humanos e suas buscas por paixões, ego, ética, trono, vingança ou simplesmente caos.

No início li o livro pensando que acompanharia Lúcio Dante e sua jornada. Talvez um jovem príncipe com poderes do bem para lutar contra o mal. Aff, eu cai do cavalo e fiquei mais perdido que amendoim na boca de banguelo. Isso é bom. Muito bom. Lúcio é um personagem entre tantos que Danilo criou. Vivos. Cheios de personalidades, desejos, falas, temperamento, planos. Tudo. Sério. Desde que li a saga de Fitz Cavalaria (Robin Robb) não havia me sentido próximo de um ou outro personagem. E as mulheres? Meu. Gente, sério. Temos um dos melhores livros de fantasia onde as protagonistas dão um show a parte. Pandora, Diana, Livia, Lis e muitas outras são princesas, plebéias, apaixonadas e apaixonantes. Mortais, assassinas e criadoras de planos maquiavélicos. O livro é orientado a pontos de vista, o que facilita muito nesse processo de aproximação ou ranço de alguém.

A paz do reino na primeira parte. A ingenuidade dos personagens e até a rotina comum de um reino nos engana. Estamos sob um queijo suiço, cheio de furos. Temos grupos de personagens tramando desde a busca pelo trono até a abertura dos portões do inferno.

-- "As lágrimas cegaram o príncipe por um breve momento, breve demais" --

Se não bastasse essa dramaturgia em um reino. Temos uma religião fortíssima e única na história até agora. Com traços de catolicismo, nossos personagens não adoradores dos demônios são fiéis ao Deus do Sol e da luz Ravi, que não dá as caras em nada. O que contribui para o clima ficar tenso a cada página. Calma, tem mais. Temos até mesmo uma pega "policial", investigativa aqui. Isso me foi muito novo, deu muito movimento e ação ao livro.

Para os críticos de plantão, o Danilo aqui cria nomes muito nacionais ou quase, logo, aquele lema de brasileiro faz cópia do que tem lá fora, cai por terra. E as métaforas? Frases como fugiu como um cão com o rabo entre as pernas e com uma mão lhe dou, com a outra lhe tiro. Com certeza voce já ouviu isso.

Temos aqui um trabalho desde a fisiologia dos povos até a fina arte de nos inundar com os pensamentos de cada personagem. Eu li pensamentos do passado e presente como se fosse a própria mente humana, que não tem controle, apenas vive realmente. Isso trouxe um grau de seriedade enorme aos enlaces dos personagens. A descrição do reino é linda e agrada a todos. Paisagens, lugares pobres. Estalagens famosas para aconchegar ou se propor a morte de alguém.

Dentre as fantasias que já li na vida, Passagem para a Escuridão ganhou um lugar especial para mim pois me trouxe a sensação de sair de onde estou e sentir um mundo rico de personagens e dramas dentro das páginas. Como disse, não gosto de comparações. Gosto de aquisições, e para essa vida, pretendo ler todos os demais livros que voce lançar Danilo, pois sua escrita é de uma destreza magnífica.

Pontos negativos? Não tem. O livro se fecha muito bem assim como deixa muitas pontas para os próximos. Erros? Uma palavra apenas que confidenciei ao escritor e na boa, só fiz isso pelo meu papel de leitor atento e iniciante na arte de resenhar.

O nosso autor pode fechar a obra de forma bela, ou encarar o desafio de engrandecer isso a partir de elementos que o mesmo criou e tornar a saga mais complexa do que já é, mais épica e mais inesquecível. Qualquer decisão que o mesmo tome, será bem vinda, de verdade. Quem diz isso é minha imaginação já ansiosa perante várias possibilidades que vislumbrei ao término do livro.

Recomendo a todos os amantes de fantasia adulta. Venha sofrer, se angustiar, sorrir, se emocionar e principalmente, amar uma história. Não esquecendo claro. Danilo, livro 2 na minha estante para ontem por favor. Passe a conta no PV.
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Sario Ferreira 26/11/2016

Melhor fantasia indie de 2016!
Passagem para a Escuridão é a primeira parte da história de Lúcio (ou de César, ou de Diana, ou de Marco?), neto do Rei Augusto da Tibéria, um reino cuja prosperidade aparente nubla uma quantidade perigosa de intrigas políticas e religiosas, entre segredos proibidos e conflitos familiares. A trama, apesar de parecer simples em seus fundamentos, revela de modo gradual complexidade, ação, conflitos intensos, segredos e reviravoltas em dose certa.

A obra de Danilo Sarcinelli (guardem este nome!) vai muito além do protagonismo de Lúcio, nos provocando empatia à grande miríade de personagens envolvidos na trama; cinzentos e críveis, nenhum deles é desperdiçado e cada um carrega profundidade que nos faz esquecer que eles são personagens. A construção de suas personalidades e o argumento de seus pontos de vista são daquele tipo que te fazem questionar se o vilão é o vilão, se o mocinho é o mocinho, se não faríamos o mesmo que eles se estivéssemos em suas peles. Por vezes, me peguei torcendo para lados diferentes do mesmo conflito, confuso entre a razão tão bem defendida de cada um. Destaco também a força dos diálogos e a interação diferenciada entre esses personagens consigo mesmo e com o mundo fictício que os cerca.

O autor nos apresenta Tibéria e seu mundo como um cenário sólido e bem estruturado, do palácio real no Morro do Castelo às miseráveis ruelas do distrito Brejo Fundo, com suas lendas (como a da espada Solar, do santo Grimório e do deus-sol Ravi) e os backgrounds intrincados da cúpula nobre da cidade, que são apenas breves amostras de como o contexto em que desenrola a trama se faz de maneira substancial, cheia de espírito criativo. A climatização e o ambiente te abraçam sem que você se perceba envolvido por eles e não há espaço para a monotonia, pois o cenário está o tempo todo em interação com os personagens, sem excesso flutuante de descrições vãs. Todas estas são consequências da narrativa habilidosa de Sarcinelli, que decorre bem compassada e com equilíbrio, maestrando clímax, surpresas e o desenrolar da trama de modo dinâmico e cativante.

A leitura de Passagem para a Escuridão me trouxe sensações boas que senti ao ler livros de autores renomados como George Martin, Joe Abercombrie, Michael J. Sullivan, R. A. Salvatore, Tracy Hickman e Margareth Weiss. Como melhoria, fica a sugestão ao Danilo de ser acrescentado ao livro mapas sobre o cenário, além de um guia de personagens, considerando a grande grade de relações entre eles.

A obra é garantia de diversão e reflexão, plenamente recomendado a amantes e não amantes da literatura de fantasia: pode aceitar essa Passagem para a Escuridão sem medo, com as bençãos de Ravi!
Danilo Sarcinelli 06/03/2017minha estante
Grande paladino! Suas palavras me enchem de alegria. Quando a noite é escura e a vontade de desistir espreita, lembro desta resenha =D


Sario Ferreira 13/03/2017minha estante
Por favor, não freie essa sua criatividade e sensibilidade de escrita de forma alguma! Quero ler muitos outros livros seus ainda!




Paulo 14/06/2017

Criar enredos complexos nem sempre é uma tarefa muito simples. É preciso tecer uma teia que envolva todos os personagens de forma a criar uma narrativa coerente e que atraia o leitor. Os acontecimentos vão se empilhando um atrás do outro até o momento do clímax onde as várias tramas convergem para uma espécie de momento final. Neste livro de estreia, Danilo escreve uma narrativa repleta de acontecimentos que acabam por envolver todos os personagens de uma maneira explosiva.

Admito que fiquei impressionado com a ousadia do autor. Criar uma trama desse nível logo de cara não é algo que muitos tentem fazer. E o que me deixou mais feliz foi ver como a escrita dele é suave e concisa, sem cometer muitos erros. O leitor pode até não gostar da narrativa (e não vou entender por que disso já que a história é excelente), mas não terá qualquer dificuldade em compreender os vários meandros que unem a história. Senti muita segurança nas linhas do livro a ponto de em um determinado momento eu ter esquecido que precisava observar atentamente a escrita. Simplesmente não havia qualquer necessidade. A escrita é em terceira pessoa com vários pontos de vista. O que eu senti que o autor poderia ter feito é suavizar a transição entre diferentes pontos de vista. Em alguns momentos da história eu me senti perdido sobre quem estava falando ou qual ponto de vista estava sendo apresentado.

A diversidade de personagens presentes na história é impressionante. O autor consegue passar por todos os núcleos da narrativa oferecendo visões diferentes sobre a história. Uma das minhas maiores preocupações era o narrador ser capaz de dar profundidade a tantos personagens simultaneamente. E tal não é o que acontece. Apesar de haver desequilíbrio em relação a alguns (bem poucos mesmo) personagens, o leitor consegue desenvolver uma empatia por todos os personagens. Cada um deles possui algum tipo de questão ou situação a ser desenvolvida na história. Algumas dessas situações são resolvidas neste mesmo volume enquanto outras ficam como ganchos para volumes posteriores. Um ponto que eu acho que o autor poderia ter feito é sinalizado sobre os elementos negativos presentes no protagonista. O desenvolvimento em sonhos é interessante, mas alguns desses sentimentos poderiam ter passado para o convívio social dele. Uma reação desproporcional, palavras ásperas, um olhar de esguelha. Todas são possibilidades para demonstrar que algo de errado estava acontecendo o personagem. Seria uma espécie de queda progressiva.

Outro personagem que eu gostei bastante foi o inspetor Diocleciano. Ele fornece até mesmo uma mudança narrativa na escrita. Os capítulos em que ele participa parecem saídos de um livro de investigação. O autor poderia ter explorado mais essa mudança súbita de escrita; dá um efeito bem legal. Cesar nos fornece a visão de um dos antagonistas da história e sua visão fanática é bem representada pelo autor. Aliás, o fanatismo é um dos temas explorados pelo autor. Como esta postura de César o levar a tomar medidas desproporcionais. Vemos alguns vislumbres das perseguições religiosas semelhantes às que ocorreram no final do Império Romano. Aliás, é perceptível a inspiração romana na narrativa do autor. E não, não estou me referindo aos nomes, mas aos temas.

Outro tema explorado neste primeiro volume é escuridão que existe dentro de cada um de nós. E como nem sempre conhecemos bem as pessoas que amamos. Somos surpreendidos por algumas situações ao longo do livro que nos deixa de cabelos em pé. Personagens que julgamos de uma forma, na verdade possuem segredos incríveis escondidos. No final deste primeiro volume, passamos a nos questionar o quanto apresentamos realmente quem somos a quem amamos. O que o protagonista passa é o suficiente para ele questionar uma série de valores que ele julgava como certos. Outros personagens como Marco e Diana passam por situações semelhantes. Como passar por cima destas situações? Alguns personagens acabam negando os acontecimentos; outros acabam se aproveitando destas situações para obter alguma vantagem; alguns outros acabam sendo afogados por estas situações.

Neste sentido aqui tem o problema mais grave que eu encontrei no trabalho do Danilo: os plot twists. Apesar de ser um problema mais grave, é preciso ressaltar de antemão que Passagem para a Escuridão é um livro bem redondinho e que o que vou apontar aqui é muito mais para ajudar o autor do que algo que vá incomodar os leitores. Plot twists são empregados hoje de uma maneira bem comum por autores para fornecer um elemento de surpresa aos leitores. São as viradas narrativas, apresentando algum acontecimento chocante que acaba por mudar o rumo da história. Só que, como qualquer elemento narrativo, ele precisa ser apresentado com cuidado. Um plot twist precisa ser coerente, ou seja, o autor precisa dar pistas sutis que ele pode acontecer. A virada não pode acontecer "caída do céu". Quando o leitor vê a virada, ele pode se lembrar de alguma fala, olhar ou acontecimento anterior que corrobore a virada. E muitos acontecimentos em Passagem para a Escuridão não deixam pistas para um plot twist que ocorre mais à frente. Algumas revelações me soaram estranhas porque me pegaram realmente de surpresa. Nesse sentido, voltei alguns capítulos para ver se havia algum indício da virada, alguma fala jogada pelos personagens, mas eu não os encontrei. Talvez eu possa ligar este problema dos plot twists à colocação sobre a decadência do protagonista. Talvez. Mas, novamente, esse problema eu percebi por conta da minha leitura atenta. A escrita do Danilo é tão boa que você pode passar a história inteira sem reparar nisso.

A narrativa tem uma boa separação entre início, meio e fim. O autor soube dosar muito bem estes três momentos. Introdução do mundo, desenvolvimento do plot principal e dos subplots e o clímax narrativo com um epílogo deixando um gancho para o próximo volume. Os capítulos são de tamanho mediano, não sendo nem um pouco cansativos. Achei até que eu os passava de maneira até ávida, querendo saber o que aconteceria a seguir. A narrativa segue um ritmo bem seguro e não achei que teve barrigas na história. O tamanho ficou bem satisfatório e é suficiente para que o leitor consiga se apegar aos personagens e se emocionar com a história. Talvez a narrativa sofra um pouco da síndrome do primeiro volume, mas isto é tão normal em séries que eu já até passo por cima desse problema. Acho que são raríssimos os autores que conseguem não passar isso para a história.

Para quem espera uma história com muita magia, preciso alertar que o Danilo tem os pés bem no chão. A magia parece estar ali, mas de uma maneira mais sutil. A mim me parece que se trata de uma história mais focada nas pessoas do que em criaturas ou feiticeiros que soltem bolas de fogo. Eu gosto dessa pegada do autor. Parece ser um livro de fantasia, mas mais em um sentido de histórias de conquista e traição como se tornaram bastante comuns nos últimos anos. A diferença é que ele dá personalidade ao reino que ele cria. Ainda acho que o Danilo precisa fazer uma construção de mundo mais apurada no segundo livro, mas não é nada espetacular. E se duvidar, é isso mesmo o que ele deve fazer a seguir.

Para quem gosta de uma boa história a la Game of Thrones, Passagem para a Escuridão pode te surpreender positivamente. Uma escrita segura e bem experiente para um autor que começa a publicar seus trabalhos. Os personagens, mesmo em grande número, são muito bem trabalhados pelo autor. O leitor consegue se apegar a cada um deles que recebem bom tempo no palco. Se estiverem procurando por uma fantasia mais pés no chão, este pode ser o seu livro.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Gleyzer.Wendrew 24/06/2017

Excelente!
O livro é mto bom... Os personagens são interessantes e bem construídos; a trama dá grandes reviravoltas e vc fica preso dentro da história, não querendo sair mais dela. Uma das melhores fantasias que eu já li. Ansioso pela continuação...
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Léo 23/07/2017

Ótima história, bom conteúdo, autor talentosíssimo
Lançado neste ano (2017), 'Passagem para escuridão', livro escrito pelo autor Danilo Sarcinelli e publicado pela Editora Verve, traz uma premissa com um teor um tanto sangrento e transmite um universo alarmante rodeado por reis, príncipes, traidores e personagens inesperados para um contexto sólido que muito reflete a simbologia da população mundial atual. Com desenlaces satisfatórios e razões aceitáveis, 'Passagem para escuridão' mexe com o psicológico do leitor e o faz enfrentar custosos paradigmas como o fanatismo religioso, muito manifestado através da cultura entremeada no enredo da obra. O autor conseguiu, neste primeiro volume, aprofundar os personagens e todas as suas motivações até um ponto certo, deixando em aberto alguns tópicos que certamente serão colocados em pauta no segundo volume. A ambientação traçada por Sarcinelli não é tão diferente das quais se encontram comumente em histórias do gênero, entretanto o autor soube a singularizar através de elementos como a cultura e simbologia que expressam muito bem os mitos, crenças e ideais da realidade da sociedade apresentada, não se restringindo às práticas ocultas e ousando com inteligência na questão da literariedade. Aliás, a ousadia é um dos pontos mais marcantes no autor, que não se poupou em salientar sentimentos nos protagonistas, co-protagonistas, antagonistas e até mesmo elementos personificados da história. Voltando ao ponto do cenário, em 'Passagem para escuridão' encontra-se um reino já cicatrizado por feridas antigas e que agora está em plena reestruturação, figurando a jornada de jovem príncipe Lúcio Dante. A predominância de referências como a utópica realidade, o sigilo moral e as desgraças no reino são bases do pano de fundo do enredo. O autor preocupou-se em preservar o lado real a todo tempo, mesmo quando os instantes fantásticos/abstratos aconteciam no decorrer da fantasia medieval. 'Passagem para escuridão' utiliza um modelo que traz fortes raízes da Fantástico Stricto Sensu ao tornar complexo o processo de formação dos indivíduos da história e ao racionalizar o pensamento crítico.

Danilo Sarcinelli demonstrou uma enorme habilidade ao dar profundidade a seus personagens e ao transformar instantes que pareciam vazios em grandes momentos. A insanidade do herói é um sinal bem oportuno que o designa, por fim, em muitos períodos, na qualidade de um excelente anti-herói ao lutar contra suas escolhas erradas e faltar-lhe, por pouco, atributos morais do velho herói clássico. Pontos altos como as intrigas no palácio envolvendo a família real, os amontoados de segredos escondidos nas sombras mais escuras do reino e a inveja e desonestidade que alguns personagens carregam em seus interiores servem como espelho da atual sociedade. Essa modelação foi desenvolvida de forma competente e, nesse quesito, o autor parece não ser um simples iniciante, pois utiliza bases de um forte pensamento teológico medieval. Ressalta-se o valor de sua ousadia, um fator que certamente o diferencia de outros autores ao dar à obra uma complexidade simétrica. Ao mesmo tempo, Sarcinelli aposta nas reflexões diretas de seus personagens que chegam a causar um "feedback interior" com o leitor, como no trecho em que Marco, Diana e Justiniano desvelam sobre as estranhezas do bosque real: "Só você, o senhor Max e Pandora estavam lá. E Lúcio. Só os quatro escaparam com vida da clareira... Isso é muito louco, não é? Num instante estamos aqui, brincando e conversando, e no outro podemos não estar mais. A vida é algo tão... frágil. Faz a gente pensar em todas as coisas que deixamos para depois..."

Com uma narrativa caprichosa e mesurada, o autor consegue envolver o leitor em uma espécie de teia que carrega também um ousado conjunto de suspense. Ao mesmo tempo, amplia sob a visão do leitor, a idiossincrasia de seus personagens, revelando também pesadelos e traições, enquanto rituais e demônios sinistros deixam brechas para viagens às sombras. Cheia de analogias, é impossível não entender que a obra é, na verdade, uma vitrine de nós mesmos. Nesse ponto, interpreta-se que a força antagonista também é necessária e valiosa para boas reflexões, ao passo que a busca pelo poder chega a ser tão fanática quanto as questões religiosa e moral. Em 'Passagem para escuridão' não há como encarar uma proximidade à natureza do império romano, onde a família era considerada sagrada e a religião baseada no culto aos deuses antigos, costumes fincados aos aspectos da vida e ao caráter cívico. Quanto a literatura, influências religiosas (motivo pelo qual a literatura romana iniciou-se) e políticas também são vistas na maneira em que Danilo Sarcinelli transmite a história das intrigas palacianas ao leitor. Alguns vestígios relacionados ao exílio, aos laços familiares e as leis são contemplados na obra, assim como uma série de fraudes políticas e religiosas que despertam as questões sobre a moralidade social e individual de cada personagem, a exemplo da lenda do deus-sol Ravi, do santo Grimório e também da espada solar. "Havia um ditado tiberiano que dizia que o valor de uma pessoa podia ser medido pelo volume de lágrimas derramadas em seu funeral".

Um dos diferenciativos enredatórios mais legais da obra é a presença da personificação do mal que colide com o intrínseco de Lúcio: o demônio Arkmal. Ainda nos primeiros capítulos já seria evidente entender que a jogada da obra seria um olhar mais preciso em cima da figura de Lúcio. Uma analogia mais precisa da necessidade da luta contra seus próprios fantasmas fica muito clara no primeiro trecho em que uma criatura sombria invade o labirinto dos sonhos e lembranças do príncipe e passa a questioná-lo com as próprias dúvidas do jovem: "A pergunta certa, príncipe, é quem é você?... Plante a semente da dúvida para ceifar a colheita da sabedoria. A curiosidade é intrínseca ao homem. Deseja aprender. Desejar saber quem é, por que está vivo... O ser vive, o ser afeta o mundo à sua volta. Mas isso é tudo, ou existe algo mais? Você é diferente, jovem príncipe... por dentro...". Essa é a parte mais umbrosa do livro e, nesse momento, através de um demônio, Lúcio e o leitor se veem realmente à frente de uma larga passagem para a escuridão. Sarcinelli usa citações mais pesadas que mexem com o emocional e que facejam com as crenças de cada um, trazendo à tona possíveis causas de pecados mais intensos na vida do homem: "Lúcio tentou se libertar, mas o demônio foi mais forte. Virou-o e o obrigou a ver o terror que se desenrolava no sopé do barraco. Um homem desnudo era esfolado pelas garras de duas criaturas. Uma mulher tinha os dedos arrancados, um a um. As lágrimas cegaram o príncipe por um breve momento". A logicidade da obra é cristalizar a moralidade em todas as suas formas e fazer o leitor combatê-la com veemência: "Íntegro, religioso, blábláblá... É útil se mostrar assim quando nos convém, mas um rei também deve estar preparado para que possa e saiba agir de modo contrário... Quando fiquei sabendo sobre os crimes que aconteciam no condado de Sila Martino, não hesitei... Rituais demoníacos de sacrifícios!...".

O relato e uso de demônios na história é justamente alertar ao leitor sobre a existência da obscuridade e da vivência de criaturas sombrias em si mesmo. Sarcinelli faz referências diretas aos rituais satânicos da era medieval quando relata as mortes de bebês recém-nascidos fatiados e jogados em caldeirões de água fervente; crianças empaladas e postas para assar nas fogueiras; e velhos torturados aos gritos até a morte.

A riqueza no vocabulário do autor merece aplausos também. O mesmo sabe criar diálogos intensos e usar palavras com muito requinte. Fica claro que Sarcinelli quis ressaltar a temática valor/moralidade ao colocar seus personagens à enfrentar seus próprios pesadelos como maneira de reaver seus valores esquecidos. A tese sempre foi bem defendida desde os tempos mais antigos como na antiga Roma. As lendas retratadas na obra servem de esqueleto para o clímax oriundo desenvolvido pelo autor. Os personagens Cesar, Max e Justiniano defendem uma nomenclatura que remete, sem contestação, ao período e reino citados anteriormente. Já Lúcio, até mesmo por sua caracterização e condição psicológica massacrada ao duelar constantemente contra si mesmo, traz fortes resquícios da era dos deuses e anjos. Seu nome é uma profunda elucidação ao próprio Lúcifer, o maior de todos os demônios.

De fronte de uma obra onde a complexidade na criação é um ponto muito forte para qualificar o autor, aquele que se arriscar nas primeiras páginas do opúsculo não encontrará somente as velhas passagens e elementos do universo fantástico medieval, mas entrarão em um espaço-tempo em que a principal finalidade é encarar a dura realidade da qual muitos tentam fugir: o seu próprio eu; aquele tão obscuro e doloroso quanto a verdadeira passagem para escuridão. O epílogo da obra é também, maravilhoso.

site: www.marcasliterarias.com.br
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allanfrancis.salgado 05/08/2017

UMA TRAMA ENVOLVENTE E MALICIOSA. UM LIVRO PARA SER DEGUSTADO E PENSADO.
Bom confesso que intrigas não é o meu ponto forte e partindo daí o livro do Sarcinelli sairia perdendo, mas ele soube colocar cada intriga em seu devido instante e com sua riqueza própria. Seu livro é daquele que vai acelerando o leitor aos poucos até ele se ver imerso na estória como um todo. O sistema de pontos de vista é utilizado com maestria pelo autor e enriquece o conteúdo. Estamos vendo a preparação para algo maior que ocorrerá no próximo ou próximos livros e que desperta a curiosidade. Detalhe gostei muito do Inspetor Diocleciano. Parabéns Danilo e obrigado por nos presentear com este agradável e excelente livro.
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Andre Luiz 08/08/2017

Uma Passagem para a Iluminação!
Acabei o livro. Tive um tempo de iluminação ao ler "Passagem para a Escuridão" de Danilo Sarcinelli.

Comecei sem pretensões, quando dei por mim estava rendido, querendo avançar na trama. Tão imerso estive que freei, não queria que o livro terminasse rápido demais.
Chegou ao fim e eu percebi que não terminou, vem mais pela frente. Que bom!
Quando vier o segundo livro, quero de novo. Assim a gente espanta as densas trevas do tédio e conhece em ricas palavras um pouco mais da Tibéria.

Aplausos! Parabéns Danilo!

André Luiz
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