Ro 28/01/2021
Eu não gosto de heróis
É elogio suficiente dizer que eu, uma pessoa que não gosta de história de heróis (desculpa aí, fãs de DC e Marvel), adorei o meu primeiro contato com a escrita do Sanderson?
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Falar que esse livro traz grandes inovações em relação aos plots de heróis que já conhecemos é enganá-los. O charme de "Coração de aço" não é esse, mas sim a forma como o autor vai contando a sua história.
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Todo mundo conhece o plot: criança fica órfã e coloca como meta de vida vingar os pais (hello, Batman). Mas e o que acontece quando são os heróis que estão assassinando pessoas corrompidos pelo excesso de poder e a sua superioridade física em relação aos humanos comuns?
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Em minha análise, a partir do momento em que um "herói" passa a agir visando seu próprio bem estar, escravizando humanos e abusando dos seus poderes, ele, por si só, já trai a ideia do heroísmo, visto este exaltar as qualidades superiores humanas e não a capacidade de corrupção e vícios advindos de atos não-heroícos.
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"Coração de aço" é um livro bacana para pensarmos a composição do herói, como entendemos e consumimos em filmes, livros, games... É impossível, ao longo da leitura, você não se questionar em algum momento sobre a natureza heróica ali presente e quem são de fato os "salvadores" de toda a situação.
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Eu não consigo ler um livro como esse sem buscar toda uma linha socio-filosófica para compreender as relações de poder presentes no enredo (Foucault, segure a minha mão). E, talvez por esse fato, as histórias de heróis não me cativem tanto.
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Caí nas graças do Sanderson e agora só consigo pensar que seria uma delícia ler uma boa fantasia medieval, ou viagem espacial, do autor.