O Ano da Lebre

O Ano da Lebre Arto Paasilinna




Resenhas - O Ano da Lebre


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Refugios das Letras 25/04/2020

Um homem atropela uma lebre, tem uma epifania e muda completamente de vida, aprontando altas confusões. Esse é um resumo honesto da obra.
Escrito quando o autor tinha 33 anos, é um coming of age da meia-idade, onde o protagonista está maduro o suficiente para perceber que a vida conquistada não é exatamente a prometida, e as aventuras da liberdade são superiores à rotina do dia a dia.
Embora totalmente inverossímeis (o protagonista sobrevive a dois ataques de ursos), cada causo contado é cirurgicamente preciso na experiência masculina. O valor do companheirismo, da palavra e dos costumes mais ancestrais entre os homens é presente e imutável durante toda a leitura.
Alguns personagens cativantes até são apresentados, mas além do protagonista e sua lebre, certamente a Finlândia rouba a cena, com suas florestas, rios, vilarejos e campos nevados. São tantos os deslocamentos que dá vontade de ler acompanhado de um mapa. A vida selvagem também é bem representada, tanto dos homens que vivem da terra inóspita quanto dos animais nativos.
Infelizmente a qualidade das virtudes apresentadas não estão acompanhadas no mesmo nível pela qualidade da escrita, que é superficial e sem grandes desafios, fazendo que a obra se torne uma leitura rápida, possível de se terminar em duas sentadas. A única surpresa é, ao terminar o livro, ler um relato do autor que a história é baseada em fatos reais e entrevistas com o protagonista. Papo furado, mas me pegou, bem bolado.

site: https://refugiosdasletras.blogspot.com/2020/04/o-ano-da-lebre-arto-paasilinna_25.html
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Nathalie.Murcia 11/05/2019

Grata surpresa
Pensem em um livro totalmente desconhecido, que você descobriu por acaso, mas que te cativou demais. Foi o que aconteceu. "Kaarlo Vatanen, um jornalista bem sucedido, cosmopolita, com a vida estável, e num casamento sem amor. Certa feita, de carona no veículo do fotógrafo com quem trabalha, este atropela, por acidente, uma lebre filhote que atravessara a pista. Esse singelo acontecimento muda toda a sua vida para sempre. Ele decide socorrer a lebre, e abandona tudo, dando início a uma nova vida mais simplória, itnerante, ao mesmo tempo que uma metamorfose interna ocorre em seu ser. O personagem, sempre acompanhado da lebre, peregrina por toda a Finlândia, se envolvendo em situações totalmente inusitadas, risíveis ou perigosas. Um livro que merece ser lido e difundido pela beleza e digressões que evoca.

site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br
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Beto Bavutti 14/01/2019

Meu primeiro autor finlandês.
Mais um livro finalizado, o quarto desse ano. E esse, especialmente, deixou um ponto de interrogação muito grande na minha cabeça. Tive que procurar resenhas na internet pra ver se eu realmente tinha entendido o que o escritor quis passar com seu livro.
A história conta as aventuras de Kaarlo Vatanen, um finlandês, que atropela uma lebre acidentalmente e que vê sua vida mudar radicalmente, sempre em companhia da sua nova amiga. Cada capítulo do livro narra uma aventura diferente.
O que mais me incomodou no livro é que algumas aventuras são fantasiosas demais, o que para um cético como eu, ficaram dificeis de engolir.
De qualquer forma foi uma leitura positiva que me fez entrar em contato com um autor finlandês, pela primeira vez na minha vida.
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jota 08/09/2018

Saltitando pela Finlândia
O escritor finlandês Arto Paasilinna lançou O Ano da Lebre em 1975 e aos poucos o livro se tornou um clássico moderno da literatura nórdica. Nele é contada a história de um jornalista, Vatanen, que se encontra cansado de sua mulher, do seu trabalho, de seus compromissos, de quase tudo enfim. Parecia estar só esperando por algum acontecimento para chutar o balde de vez.

E ele ocorre: um dia, viajando de automóvel com um colega de trabalho, a serviço do periódico onde está empregado, eles atropelam uma lebre. Vatanen abandona o amigo e sai pela floresta atrás do animal para tentar salvá-lo. O que consegue, mas a partir daí sua vida vai mudar completamente, parecendo então que é a lebre quem o salva. Ela se torna seu animal de estimação e juntos partem para uma longa jornada por praticamente toda a Finlândia (e até mesmo invadem território russo fronteiriço); envolvem-se em aventuras, estrepolias, pescarias, caçada a um urso, um incêndio, bebedeiras de Vatanen perder a consciência e muita coisa mais.

São muitas situações inusitadas, quase sempre engraçadas e alguém já observou que com este livro Arto Paasilinna acabou criando um novo gênero literário, o humor ecológico, pois grande parte da ação se passa na natureza, em nevascas, florestas e rios. Mas houve também quem visse na obra certo simbolismo associado ao fato de que lebres e coelhos podem representar o renascimento de algo (coelho é o animal da Páscoa, não?), como aconteceu com a vida do jornalista Vatanen.

O Ano da Lebre é uma leitura agradável, em nenhum momento ela se torna tediosa, aborrecida, no entanto não encontrei aqui nada que me empolgasse muito ou que fosse profundamente cômico, ao contrário de outros leitores que o elegeram livro favorito. Bem, pelo menos a lebre não adquire características humanas em nenhum momento e a leitura também valeu para conhecer um autor nórdico que não escreve romances policiais, ao contrário da maioria da literatura escandinava que chega ao Brasil (e é muito apreciada por aqui).

Lido entre 04 e 07/09/2018. Minha avaliação: 3,5.
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Ladyce 15/07/2018

Libertar-se do marasmo da rotina diária, do cotidiano sem sentido, é o desejo silencioso de Kaarlo Vatanen, um jornalista finlandês que protagoniza o livro de Arto Paasilina, O ano da lebre, traduzido por Lilia e Paso Loman. O livro é composto pelas aventuras -- uma por capítulo -- da vida de Vatanen que, em um dia de frustração depois de um acidente rodoviário em que atropela uma lebre, toma-a sob seus cuidados, abraça-a e a mantém saudável e aquecida. Neste momento de distúrbio, pode-se dizer de imprudência, declara independência da vida que tem em Helsinque e decide não retornar ao lugar onde mora. Abandona o emprego no jornal e deixa para trás a esposa com quem estava em conflito. Num piscar de olhos, Kaarlo Vatanen passa de profissional a andarilho, sem destino, errando pelas aldeias e bosques do interior da Finlândia. A lebre é sua companheira de aventuras.

Começa então a série de escapadas, molecagens, estripulias em que ambos se metem e que dão a Vanaten a oportunidade de agir como veterinário, pescador, boiadeiro, bombeiro, caçador de ursos. O destino é incerto, requer audácia e empreendedorismo para sobrevivência. Vivem de pequenos trabalhos, de bicos nos vilarejos e audaciosas decisões de sobrevivência nos bosques e florestas. Algumas situações são engraçadas, trazem um sorriso ao leitor, outras aventuras não se resolvem de bom grado. Uma vez, os dois ciganos são postos na prisão quando um médico reclama da invasão de seu terreno; outra, um reverente pastor de uma igreja mais radical decide sacrificar a lebre em seu ritual religioso. Este formato de aventuras em sequência é clássico na literatura mundial e, neste caso, imprevistos extraordinários trazem à lembrança As aventuras do Barão de Münchausen ou Alice no País das Maravilhas, obras que se assemelham a esta por utilizarem sistemas de lógica próprios, impenetráveis.

"O ano da lebre" é uma obra simbólica. Vanaten procura se livrar de todos os grilhões da vida citadina, com horários e responsabilidades a terceiros, correntes que o prendiam, que o deixavam deprimido e sem poder de decisão sobre sua própria vida. É curioso que tenha sido a lebre o animal que lhe ajuda a deixar para trás mundo urbano e procurar sua própria essência. Desde a antiguidade o coelho ou a lebre foram símbolo de renascimento, de ressurreição. Símbolo mais tarde adotado para a Páscoa. Não é gratuita a associação de lebres e coelhos com essa data cristã que comemora a ressurreição de Cristo. Aqui, Vanaten consegue a liberdade a partir do momento em que abraça a lebre ferida e dela cuida até que se recupere. Ambos, de fato, estão num processo de renascimento, de cura. Não sei se este é um dos motivos desta obra ser considerada um clássico da literatura finlandesa. Publicado em 1975 teve imediatamente grande sucesso que extrapolou as fronteiras do país e se tornou leitura popular não só na França como em grande parte dos países europeus. Mas o grito de liberdade dos limites impostos por uma civilização urbana também encontra eco num grande número de obras clássicas. Há na própria literatura escandinava obra de grande sucesso do norueguês Erlend Loe, Doppler, (2004) que advoga semelhante aventura, o protagonista, que dá o nome ao livro, abandona a vida em Oslo, emprego, mulher e filho e se embrenha numa série de aventuras enquanto se liberta da civilização. Que ambas as obras usem de humor para a narrativa é mais um ponto em comum.

Humor é cultural. Ainda que no presente estejamos conectados 24 horas por dia com outras culturas, é possível vermos que o humor inglês, nervoso, característico de Fawty Towers, não se assemelha ao americano Seinfeld, nem ao mexicano Chaves ou ao brasileiro Chico Anysio. Podemos entender muitas das situações humorísticas em qualquer deles, mas nem sempre compreendemos na totalidade a razão da piada. Foi assim que me senti ao ler O ano da lebre. Ainda que caracterizado por críticos como de grande senso de humor, esta não seria a mais importante característica para descrever o livro. Um livro de aventuras, de contos fantásticos, quase surreal, seriam as maneiras mais óbvias para mim descrevendo a obra. O humor, acredito que tenha se perdido na tradução. No entanto, foi uma leitura prazerosa, diferente, que me colocou pela primeira vez, que eu me lembre, em contato com um escritor finlandês. Recomendo aos curiosos e aos que desejam alargar os horizontes.


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Euflauzino 20/06/2017

Os valores estabelecidos pela sociedade postos em xeque

Ultimamente tenho me encantado com a literatura que vem do frio. Os países nórdicos têm nos dado tantos autores de qualidade nos romances policial e de horror que ao me deparar com “Clássico da Literatura Escandinava”, não tive dúvida em me aventurar. O ano da lebre (Bertrand Brasil, 208 páginas) seria uma leitura diferente, agora um clássico com letras garrafais.

De qualquer forma, procurei me informar um pouco mais sobre a literatura de Arto Paasilinna, um completo desconhecido para mim, assim como todos os outros escritores finlandeses. Não cheguei a lugar algum. Não há nada além das menções e elogios, seus prêmios para este livro e adaptações para o cinema. Continuei no escuro.

Algumas coincidências me deixaram atordoado: a) O ano em que o livro foi escrito é 1975 (ano da lebre ou coelho no horóscopo chinês); b) A personagem central do livro, Kaarlo Vatanen, nasceu em 1942 e era jornalista assim como o autor.

Teria ele escrito sobre si mesmo ou sobre a vontade de viver tudo aquilo? Haveria alguma ligação subliminar que eu deveria notar? Eram muitas perguntas sem resposta, assim como a literatura finlandesa. Tudo isso se mostrou pouco interessante diante da amplitude dos ensinamentos deste livro simples e objetivo, um libelo pela busca da liberdade e da felicidade.

Em 1975, o autor já refletia sobre a solidão e a tristeza impostas pelos grandes centros urbanos, a velocidade desenfreada da vida. Há certo viés político-social neste livro, mas não quis me ater a ele em minha leitura, por isso não entrarei em detalhes aqui. O que importa é a experiência da personagem e o impacto que ela me causou.

Poderíamos dividir este livro pelas mulheres que atravessaram a vida de Vatanen. No início temos a “esposa”. Representa a sua vida enfadonha, tudo o que ele quer de alguma forma apagar, mas falta-lhe coragem. Ele precisa romper com este passado, a questão aqui é a “desobediência”. É o momento da vida em que olhamos para trás e nos questionamos se valeu a pena o que fizemos para chegar aonde chegamos.

"Eles eram um jornalista e um fotógrafo que estavam na rua para realizar um serviço: dois seres humanos insatisfeitos, céticos, aproximando-se da meia-idade. As esperanças das suas respectivas juventudes não haviam se realizado, longe disso. Eram maridos, que traíam e eram traídos; ambos a caminho de úlceras estomacais, com muitas preocupações preenchendo os seus dias."

Durante a volta de um trabalho em que ele e o fotógrafo haviam terminado, atropelam acidentalmente uma lebre. Ela é o gatilho, o motor que enseja a ruptura, a transformação de Vatanen. Sua fidelidade ao animal, a entrega, o amor, tudo ali explícito e recíproco. É comovente a parceria homem-animal em contraste com a relação com seus pares.

"O jornalista pegou a lebre aterrorizada no colo. Quebrou um pedaço de graveto e fez uma tala para a pata quebrada, usando trapos rasgados do próprio lenço. O animal aninhou a cabeça entre as pequenas patas dianteiras, as orelhas tremendo com as batidas do seu coração."

A partir daí ele resolve dar um ponto final à vida que leva, larga a esposa, vende suas posses e parte para as selvas finlandesas em uma jornada de descobertas com sua única companhia – a lebre. Seu apego e relacionamento com o animal selvagem é de um humor frio, seco e irônico (seria esta a personalidade daqueles que nascem em países frios?). Ele não busca um sentido para viver, busca apenas viver, respirar. Uma viagem ao encontro de si mesmo.

Não há como se encarcerar um espírito que nasceu para ser livre, indomável. Ele se envolve em uma sucessão de aventuras que só fazem corroborar sua personalidade anárquica, subversiva e revolucionária.

site: Leia mais em: http://www.lerparadivertir.com/2017/06/o-ano-da-lebre-arto-paasilinna.html
Andrea 20/06/2017minha estante
Também curto essa literatura, mas acho que só me aventurei no romance policial, até hoje.


Euflauzino 20/06/2017minha estante
putz... eu havia lido policial e também livros de terror. gostei de ambos.




Isis.Moreira 20/04/2017

Inesperado
o livro estava em destaque na livraria e logo minha atenção se voltou pra ele. Não tive dúvidas de comprá-lo mesmo sem saber sobre o autor ou a história.
Uma leitura fácil e fluida, lia com cuidado e devagar, quase aquele gostinho de não querer acabar.
Em uma história, aparentemente extraordinária, conta as aventuras de um jornalista que atropela acidentalmente uma lebre e decide cuidar dela. Em muitos momentos e passagens não se trata mais apenas de um conto, mas de uma fábula, com aqueles ensinamentos quase sutis por entre as linhas. Recomendo muito e principalmente para quem precisa daquele empurrão para fazer as mudanças na sua vida.
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Alexandre 01/03/2017

Um livro curioso.
Eu comecei a ler este livro sem saber nada sobre o autor ou o texto, de fato, ele foi uma recomendação da vencedora. O texto é bom, gostoso de ler e tratá de uma narrativa bem mudança. Um homem decide abandonar sua vida civilizada e vai viver no norte selvagem da Finlândia, junto com uma inseparável amiga...uma lebre. Com situações que lembram Vidas Secas e realismo fantástico latino-americana, o texto encanta e é difícil largar o livro. Uma boa leitura de carnaval.
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