Whermeson 12/05/2020
Livro 09 - 2020 - Guia Politicamente Incorreto Dos Presidentes da República - Edição Atualizada - Paulo Schmidt
O problema foi que, em vez de restaurar a ordem e convocar eleições, os militares, que denominavam o seu golpe "revolução", tomaram gosto pelo poder e o retiveram à força e à revelia da nação por mais de vinte anos, alternando-se cinco generais-presidentes cujos governos apresentaram graus variados de totalitarismo.
Esses cinco ditadores [...] não somente governaram por meio de arbítrio e acentuada violência, mas também, com seu desenvolvimentismo nacionalista e estatizante, agigantaram o Estado ainda mais do que a Era Vargas. Durante esta foram criadas 15 novas empresas estatais; na ditadura militar, 302.
Ao todo, Castelo promulgou 312 decretos-lei.
Os militares violavam quaisquer leis, inclusive as que eles próprios criavam.
Entre o Golpe de 1964 e a Lei de Anistia, em 1979, o regime militar torturou cerca de 2 mil pessoas no Brasil.
As modalidades desse método selvagem de interrogatório eram variadas e de uma crueldade quase engenhosa, envolvendo as tradicionais pancadas, palmatórias, empalações, afogamentos e pau de arara, mas também injeções de pentatol sódico, o chamado "soro da verdade", a "geladeira", em que o torturado era submetido a temperaturas baixíssimas numa cela minúscula, e a horripilante "cadeira do dragão ", espécie de cadeira elétrica.
Quem conheceu Yolanda Costa e Silva descreveu-a como uma espécie de Lady Macbeth, sempre impulsionando o marido a conspirar para obter mais poder. Extremamente ambiciosa, envolvida com contrabando, presentes caros em troca de favores, rapazes jovens e outros escândalos, todos cuidadosamente abafados pelo SNI, chegou a gravar, secretamente, as conversas do marido, a quem chamava de "o Costa".
[Na gestão de Médici], surgiu o maior símbolo da incompetência administrativa do regime militar: a rodovia Transamazonica, que liga a Paraíba ao Amazonas, e cuja maior parte até hoje, mais de 45 anos após a inauguração em 27 de agosto de 1972, não foi nem asfaltada, o que a torna impraticável quando chove.
No governo Geisel, a inflação anual de 18% subiu para 40%, a dívida externa galopou um tanto mais e milhões de dólares foram jogados fora com a usina nuclear de Angra 2, que só começou a funcionar em 2001.
[...] a dívida externa, entre 1978 e 1981, foi de 43 bilhões de dólares para 61 bilhões. Sem dinheiro, o governo imprimiu alguns milhões de notas, elevando a inflação a níveis estratosféricos.
Tão enfermo quanto o seu presidente, o país estava quase entrando em coma após duas décadas de governo militar, os efeitos colaterais do 'milagre econômico' se fazendo sentir mais que nunca: em 1983, a inflação ultrapassava os 200%, a maior da história até então, e a dívida externa era de 91 bilhões de dólares.
site: https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/bruno-astuto/noticia/2016/03/o-presidencialismo-e-antidemocratico-diz-autor-de-guia-sobre-presidentes-do-brasil.html