Carla.Parreira 19/10/2023
O drama da criança bem dotada
...como os pais podem formar (e deformar) a vida emocional dos filhos (Alice Miller)
O que fazer com o que fizeram conosco é a regra do ?jogo? quando formos convocados a viver a vida adulta, sendo que nela inclui saber reconhecer que podemos ganhar e perder, sempre. Segundo a autora, uma vez ferido o nosso ego narcísico, o processo pelo qual iremos vivenciar para a reparação das cicatrizes não será nada fácil, muito menos alegre e feliz. A passagem pela depressão, por exemplo, é inevitável, e a coragem de vivenciá-la será a salvação para nos libertarmos das imagens muito bem armazenadas em nosso cérebro e células, porém inacessíveis à consciência, por isso tão confuso entender-se nas próprias reações involuntárias.
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Melhores trechos: "...Na terapia, a criança pequena e solitária que está escondida atrás de suas realizações acorda e pergunta: o que teria acontecido se eu tivesse aparecido diante de você triste, carente, irritado, furioso? Onde estaria o seu amor? E eu era todas essas coisas também. Isso significa que não era realmente eu que você amava, mas só o que eu fingi ser? A criança bem comportada, confiável, empática, compreensiva e conveniente, que na verdade nunca foi uma criança? O que aconteceu com minha infância?... Agora a criança, uma vez intimidada e silenciada, pode experimentar-se de uma forma que nunca antes tinha pensado possível, e depois ela pode desfrutar do alívio de ter assumido o risco e ter sido fiel a si mesma... É como um milagre cada vez que para pra ver quanta autenticidade e integridade sobreviveram por trás da dessimulação, negação e autoalienação, e como eles podem reaparecer assim que o paciente encontrar acesso aos sentimentos... A verdadeira libertação só pode ser encontrada para além da profunda ambivalência da dependência infantil... Para o seu desenvolvimento, as crianças precisam do respeito e da proteção dos adultos que os levam a sério, amá-los, e sinceramente ajudá-los a se orientar no mundo..."