Crisna @tinyowl.reads 28/04/2022Mediano (pode conter alguns spoilers)Decididamente Joel Dicker não é para mim. Eu dei 2,5 para A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert e agora a mesma nota para O Livro dos Baltimore e posso dizer que, de certa forma, pelas mesmas razões. Os dois livros são fluidos, atiçam a nossa curiosidade e não dão vontade de largar. Meus elogios acabam por aqui, o resto é só reclamação.
Primeiro, me incomoda demais a representação das mulheres nas obras dele. Segundo, me incomoda que ele tenha uma única "persona" que ele usa para qualquer personagem irritante e intragável que ele decida escrever (os diretores dos colégios, o reitor, o agente do Marcus, até o advogado novo da firma do Saul). Reparem bem. Eles são a mesma pessoa. Sério. E eles tem os piores diálogos.
Terceiro, eu sempre noto algum furo, falha ou explicação mal dada. Pra mim, Harry Quebert tem um furo óbvio enorme na trama principal. Se em O Caso dos Baltimore não há um furo gigantesco, há pequenos momentos que causam confusão (é impressão minha ou Anita pede o divórcio a Saul duas vezes em duas ocasiões diferentes?). E o grande problema nesse livro se dá pela quantidade de idas e vindas na linha do tempo, muitas vezes no mesmo capítulo, até com flashbacks dentro de flashbacks, o que me deixou em diversões momentos perdida com a ordem dos fatos.
Mas o pior motivo é o mais óbvio, chama Marcus Goldman. Ele é insuportável apenas. Um eterno moleque inseguro de tantas formas que não dá nem para começar a listar. A diferença dele para os primos é quase nenhuma, e se o destino dele foi mais alegre o único motivo foi que ele venceu os primos na verdadeira competição: Alexandra. Personagem que, aliás, puro estereótipo da mulher que vem para tentar os rapazes e desestabilizar a antes inabalável amizade masculina, só está ali mesmo para isso.
Mas o pior de tudo é que todo mundo nesse livro é tóxico, o puro suco do Chernobyl, inclusive o Marcus com a Alexandra. Não salva ninguém. Ninguém. Hillel e Woody são os primeiros da fila.
Era isso que eu tinha para dizer. Há meses eu não escrevia uma resenha. Acho que essa é a prova que falar mal é mesmo mais fácil.