Meu menino vadio

Meu menino vadio Luiz Fernando Vianna




Resenhas - Meu menino vadio


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Fabiana.Esteves 21/05/2017

Este é o primeiro livro que eu leio que já vem com trilha sonora. Já vem com aviso: é para ser lido sem fantasia, pois o instante de te ver custou tanto penar, não vou me arrepender.
Eu pensei que fosse só mais um livro sobre pais e seus filhos autistas, como tantos que há por aí, mas era muito mais, é um relato emocionado, nem sempre doce, mas nem tão cruel assim. Palavras de um homem normal, ou melhor, um homem neurotipico, como ele prefere dizer. Um homem que tem suas angústias, seus muitos erros, limitações, afetos e muitas canções para embalar o enredo real. A música nem sempre foi romântica, ele nem sempre foi um pai exemplar, mas um pai que estava sempre buscando estar mais perto do seu filho, em outro continente ou na poltrona ao lado. Não é uma história de superação, não é uma história florida, mas é sentida ao extremo. Seu mergulho no autismo é de cabeça, muito mais do que uma simples pesquisa, e um caminho para dentro de si, caminho esse que o Henrique sabia muito bem percorrer. Caminho que pode se fazer entender ou não. As canções são muitas mas não terminam no acorde final. É um convite para outras leituras, outras vivências e outras notas musicais. Você vai terminar querendo procurar outros livros, outros filmes, outras falas. Nunca foi tão verdadeira a afirmação de que a leitura de um livro abre um mundo à nossa frente. Eu virei a última página cantando um verso do Chico Buarque. Quem vier, por favor venha sem fantasia. E não tenha vergonha de cantar alto.
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day 02/03/2017

maravilhoso!
"Todo pai de autista é meio autista. Talvez um tanto mais do que meio." (from "Meu menino vadio: Histórias de um garoto autista e seu pai estranho" by Luiz Fernando Vianna)

O livro conta a história de Henrique,um adolescente autista e de seu pai ,que juntos percorrem todos os dias as dificuldades e desafios que o autismo traz com ele.
O livro me tocou bastante,pois parece o grito preso na garganta de tantos pais e mães ,assim como eu que cuidam e amam desesperadamente seus filhos com autismo.
Para mim que sou mãe de uma menina adolescente autista,achei o livro real,triste e verdadeiro.
Assim como khadija (minha filha) Henrique também teve seu diagnóstico aos 4 anos de idade,começando ai as intervenções e terapias que nós como pais corremos tanto atrás.
O autor conta a rotina repetitiva e as vezes exaustiva que leva com seu filho,o preconceito ainda muito forte em nossa sociedade que nos deixa as vezes enfraquecidos e as vezes mais corajosos de jogar na cara da sociedade,que nossos filhos existem e que vão fazer parte do mundo,quer as pessoas gostem ou não.

"Diante dos olhares estranhos de quem vê nossos filhos como mal-educados, temos reações variadas: ignoramos, damos um sorriso amarelo, fazemos cara feia ou partimos para cima. Tudo depende do momento, do humor. Ao menos comigo é assim, e não deve ser muito diferente com outros que passam por isso. É comum Henrique estar com" (from "Meu menino vadio: Histórias de um garoto autista e seu pai estranho" by Luiz Fernando Vianna)
O livro nos traduz de forma assustadora...assim como o pai do Henrique ,também me pego nas mesmas dúvidas...será que faço pouco? será que se eu tentar algo novo ,minha filha pode evoluir?
E assim ,vamos arrastando uma pesada corrente de dúvidas e culpa ,pela vida.
Todos nós estamos sujeitos a ter um filho,ou um parente com alguma deficiência ,então livros como esse nos ensinam,a olhar a deficiência com outros olhos,pois certamente um dia cada um de vocês irão se deparar na família,nos amigos o nascimento de uma pessoa deficiente.

"Como também ressalta Ana Nunes, quem viver o suficiente não escapará de ter por perto, entre familiares ou amigos, gente com algum tipo de deficiência. É só aguardar. No entanto, em vez de esperar sentada, a pessoa pode se mexer e fazer algo. Nem que seja reprimir a cara de nojo." (from "Meu menino vadio: Histórias de um garoto autista e seu pai estranho" by Luiz Fernando Vianna)
Assim como Khadija ,Henrique também não é verbal,repete várias frases que gosta,como dormir,comer,banho etc...isso é chamado de ECOLALIA ,eles falam tantas frases que pra gente parece não terem nenhum sentido,porém nós que os conhecemos já podemos ter pistas de algo,quando eles repetem certas frases.
As vezes também me pergunto...pra quer falar tanto em um mundo tão cheio de gente que acha que sabe demais?
a falta de verbalidade de khadija dói as vezes,mais prefiro até ela assim,do que como tantos idiotas úteis que esses dias tem sem manifestado na internet e na vida.
E por que ser mais um a tagarelar num mundo em que tanto se fala? E para que se fala tanto? Não guardamos segredos, mas gritamos Não registramos momentos na memória, mas fotografamos. Não refletimos, mas opinamos. Quando a barra pesar (depressão, filho autista, câncer, Alzheimer), o que as pessoas vão fazer com o monte de bytes de felicidade postiça que armazenam em seus arquivos? Ainda há os fascistas de gabinete, que se sentam diante de um computador para espalhar ódio, nas redes antissociais, por tudo o que seja diferente. Diante disso, deve ser melhor ficar em silêncio, como Henrique. E eu? Por que também não? O que meu filho diria se pudesse ler o que escrevo sobre ele?" (from "Meu menino vadio: Histórias de um garoto autista e seu pai estranho" by Luiz Fernando Vianna)
Assim como o pai do Henrique ,umas das coisas que mais temo é a morte...
Me pego pensando assim como ele,quem vai cuidar da minha menina? Esse é um sofrimento que todo pai e mãe de autista deve ter durante toda a vida.
Pois ,sabemos da fragilidade dos nossos filhos ,e será que alguém vai suprir todo cuidado,amor e dedicação que nós temos?

"Já passei da metade da vida, talvez dois terços. A saúde emite os primeiros sinais de enfraquecimento. Amigos da mesma idade dão alguns sustos, pessoas próximas de mais idade começam a desaparecer. O tempo está correndo, e cresce o medo que persegue todo pai de alguém com deficiência: o de morrer antes do filho. Se vier a acontecer, gostaria de lhe deixar como mensagem o verso de Cartola: “Fiz por você o que pude.” Mas não será verdade. Fiz muito pouco. Verdade será que o amei bastante. Foi difícil, mas não foi sacrifício. Pai de autista sofre um bocado. No entanto, ama demais também. Em silêncio, gritando ou escrevendo, ofereço minha dor e meu amor para os que estão abertos para aceitar Henrique. Não estarão me fazendo um favor. Conhecerão mais a si mesmos e talvez se transformem em pessoas melhores. Pode valer o esforço." (from "Meu menino vadio: Histórias de um garoto autista e seu pai estranho" by Luiz Fernando Vianna)

O que posso realmente falar desse livro,é que ele tem muito amor em cada capítulo,frase ,virgula ou ponto...
Por mais que o autismo assuste alguns,cause estranheza em muitos,nós somos loucos pelos nossos filhos,é um amor tão grande,que deixamos de viver nossa vida pra viver a vida deles,nos isolamos com eles,choramos suas angústias e também explodimos de amor a cada gesto de carinho e amor que eles nos transmitem .


Termino esse livro,com a certeza que aprendi muito com ele,me fez refletir bastante e acho que todos deveriam ler esse livro,para tentar entender um pouquinho a nossa vida ,angústias,medos e alegrias.

"copio Argemiro Garcia: “Duvido que ele venha a se tornar um canalha. Isto nunca ouvi falar que um autista fosse.”" (from "Meu menino vadio: Histórias de um garoto autista e seu pai estranho" by Luiz Fernando Vianna)

site: http://escreverdayse.blogspot.com.br/
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