sagonTHX 04/07/2011DECEPCIONANTE
No primeiro volume de Crônicas do Mundo Emerso, a narrativa gira basicamente em torno de Nihal, uma adolescente de cabelos azuis, olhos violetas e orelhas pontudas. Uma semi-elfo arredia, peralta, arisca, encrenqueira, intimidadora, arrogante, entre outras coisas que fazem o seu pai, Livon arrancar uns bons chumaços de cabelo por sua causa. Ansiosa para trilhar um caminho de aventuras, Nihal almeja tornar-se uma guerreira (ou um guerreiro, no dizer do livro), mais exatamente um Cavaleiro de Dragões - a elite dos guerreiros nos reinos do Mundo Emerso. Inspirada em seu sonho, Nihal arma-se de uma espada de pau e, juntamente com seus amigos - todos meninos -, travam combates entre si pelas vielas e ruas de Salazar, na Terra do Vento. Livon, armeiro, confecciona armas especiais e de altíssima qualidade, o que, de certa forma, já é um estímulo para Nihal trilhar o caminho do seu sonho.
Depois que o pai a presenteia com uma adaga muito especial, e por conta desta e de sua fama de briguenta (ou de guerreiro), ela acaba conhecendo o aprendiz de mago, Senar. Através deste, desejosa por aprender alguns truques de magia, Nihal irá conhecer a irmã de Livon, Soana, professora de Senar. A partir daí a vida de Nihal mudará completamente, e com uma tragédia arvorando-se sobre Slazar, ela estará a meio caminho de realizar o seu sonho de tornar-se um Cavaleiro de Dragões.
Além de cavaleiros e guerreiros, obviamente, as Crônicas do Mundo Emerso conta, ainda, com algumas criaturas interessantes, como: gnomos, duendes, ninfas, dragões e os famigerados fâmins. Este último criado pelo perverso Tirano que está alastrando o seu exército de monstros por todos os reinos, levando a guerra e a destruição por toda parte.
Este, em termos bem resumidos, é a síntese de A Garota da Terra do Vento, o primeiro volume da saga. Inicialmente, tenho de elogiar a parte de editoração gráfica do livro. A capa é um primor. A guerreira ilustrada ali condiz perfeitamente com a personagem Nihal. Nesse quisito a Rocco está de parabéns.
Quanto ao livro em si, particularmente, Licia Troisi não conseguiu me encantar, ou me empolgar, ou me arrebatar. Já li histórias melhores, também algumas piores. Por isso, pretendo situar o livro num patamar mediano. Ou seja, nada assim que valha uma releitura. Achei a narrativa muito superficial. Amadoristicamente, Licia Troisi não se aprofunda em nada. Os personagens são muito mal explorados, Livon que o diga. A autora carece de emoção. Cenas dramáticas tratadas com superficialidade. A personagem principal, Nihal é exatamente o que é aos seus 16 anos, uma adolescente chata, birrenta, egoista, entre outras coisas. Além de pecar pela falta de carisma. De todos os personagens apresentados, gostei de Senar, o aprendiz de mago. Também gostei de Ido, um Cavaleiro de Dragões gnomo, o único.
O livro capenga sem muitas surpresas nas 150 páginas iniciais, o que dá metade do livro, aproximadamente. A partir daí, quando Nihal chega à Academia, a narrativa fica um pouco mais encorpada e interessante. Logo em seguida acontece uma batalha e a descrição de Licia Troisi convence um pouco. Mas é só. Seguindo adiante, a narrativa nivela e mais até o final sem muitas surpresas. Gostei dos dois últimos capítulos: Uma Nova Família, e Adeus.
Acredito que esse primeiros livro poderia ter sido bem melhor. Todos os elementos da narrativa de fantasia estão lá. O que faltou foi Licia Troisi ter-se doado mais; ter entrado de com paixão no mundo que criou. Têm-se a impressão de que o Mundo Emerso não emergiu, ficou parcialmente soterrado na mente d escritora.
Espero que a autora tenha aprichado um pouco mais no segundo e no terceiro volume desta primeira trilogia: A Missão de Senar, e o Talismã do Poder. Além da segunda trilogia, As Guerras do Mundo Emerso (já publicados pela Rocco): A Seita dos Assassinos, As Duas Guerreiras, e Um Novo Reino, Licia Troisi também publicou uma terceira trilogia, ainda inédita no Brasil, intitulada Lendas do Mundo Emerso: O Destino de Adhara, Filha do Sangue, e Os Últimos Heróis.
Licia Troisi é formada em física (2004), com espcialização em astrofísica, pela Universidade de Roma (Tor Vegata). É apaixonada por histórias de fantasia e mangá. Escreveu a saga do Mundo Emerso aos 21 anos.
Recomendo o livro aos que estão inciando na narrativa de fantasia medieval ou fantástica, ou para os leitores ocasionais que estão interessados em uma leitura rápida e sem muitas complicações, já que o texto é de fácil digestão. Para os veteranos, há obras mais (inclusives sagas) muito mais encorpadas; ou que aguardem algum outro lançamento de maior peso.
Prós: A capa do livro; Senar, o aprendiz de mago; o gnomo Ido, o Cavaleiro de Dragões; a batalha logo após a chegada de Nihal à Academia e os dois capítulos finais.
Contra: Nihal; falta de profundidade à narrativa; personagens sem carisma algum.