Ludmilla Silva 04/02/2019“you were the sun, and i was crashing into you.”Eu não sei nem explicar o quanto amei esse livro. Acredito que isso também se resulta do fato de eu não ter criado nenhuma expectativa quanto a ele, na verdade, comprei o mesmo sem nem saber exatamente qual era a história. Eu adoro a autora, Rainbow Rowell, e já li várias histórias dela, então quando vi muita gente falando bem de Carry On, resolvi adquirir o livro sem nem hesitar, e posso dizer que foi a melhor coisa que eu fiz. Quando descobri que o livro era de fantasia, envolvia magos e magia e tinha romance LGBT, já fiquei superanimada pois a premissa tinha tudo para ser incrível, e realmente foi.
O livro conta a história de Simon Snow, um mago que está no seu último ano da escola para magos, Watford. A diferença é que Simon Snow não é como todos da sua escola que nasceu em família de magos, nasceu com magia e a vida toda se preparou para essa realidade. Simon era um “normal” até ele ter 11 anos que foi quando o diretor da escola apareceu para ele dizendo que ele era um mago e deveria frequentar uma escola especial. Como se não bastasse a tamanha surpresa ele também descobriu naquele dia que era “O Escolhido”, basicamente, ele era o mago mais poderoso de todos os tempos. Mesmo, Simon Snow, estando na escola a anos e sendo, supostamente, o mago mais poderoso de todos os tempos ele ainda se sente extremamente perdido, pois, ele não tem ideia do que deve fazer, de qual a função dele ali naquele mundo, porque ele é o Escolhido e como ele irá derrotar o seu maior vilão.
É importante falar sobre os amigos e inimigos de Simon. Temos Penélope, a melhor amiga de Simon, que é sem sombra de dúvidas uma das melhores personagens, ela é incrível, extremamente inteligente, dedicada, poderosa e engraçada. A amizade dela com o Simon é a melhor e a química que ambos têm entre si, mesmo sem precisar ficar reafirmando aquela amizade a todo o momento, é sensacional, eu adorei demais a personalidade mandona e determinada dela. Já Agatha a namorada, e também amiga, de Simon, foi praticamente a única personagem do livro todo que eu não gostei. Ela tem uma personalidade meio irritante, devo admitir, tratava o Simon com indiferença, sentia constante ciúmes da Penélope ou do Baz, e era a todo momento distante e irritante, basicamente ela reclamava o livro inteiro ou dava informações meio desnecessárias. Agatha é uma personagem, totalmente, sem sal e sem açúcar, os únicos momentos que eu gostava dela era quando ela estava em grupo com os outros personagens, logo que ela saia de perto deles ela voltava a ser totalmente irrelevante. Ela é importante, mas está longe de ser uma das personagens mais cativantes.
Agora, o Baz? Melhor personagem do livro inteiro, e digo com bastante propriedade. Baz, é o inimigo de Simon, mas por coincidência é também o colega de quarto dele há anos e anos. A princípio Baz demora a aparecer, ele só vai aparecer depois de muitas páginas, enquanto ele não aparece presenciamos Simon narrando suas experiências e sentimentos (de ódio) quanto a ele, por causa disso fiquei extremamente tentada a odiar o personagem antes mesmo dele aparecer, mas isso foi impossível. Me apaixonei pelo personagem logo de cara e continuei me apaixonando por ele pelo resto do livro. Baz é um vampiro, e um personagem (para simon) egoísta, ruim, maldoso e esnobe. Não devo negar que ele é sim grande parte dessas coisas, mas ele cria basicamente essa concha ao seu redor, concha essa composta por autoconfiança, superioridade, e sarcasmo, mas por dentro ele é na verdade extremamente vulnerável e sensível. E a medida que fui compreendendo sua vida e o motivo dele ter feito tudo o que fez com Simon me simpatizei cada vez mais com ele.
Um aspecto que eu gostei bastante foi como a premissa principal da história conseguiu unir o Simon e o Baz. Ambos têm que deixar as diferenças e a rivalidade que possuem entre si de lado para poderem se juntar e resolver um mistério que envolve algo bem maior que eles. E, sério, eles possuem uma química incrível. Ambos são claramente apaixonados um pelo outro a muito tempo, mas em muitos momentos não tinham ou não queriam ter consciência desse fato, então à medida que a história vai se desenrolando percebemos o real motivo das obsessões, das brincadeiras e do suposto ódio que ambos nutriam um pelo outro. E é bastante interessante ver o ciclo entre eles se desenrolar, de “ódio supremo” para um “eu te aguento por pura conveniência” para um “talvez você não seja tão ruim assim” e finalmente para um “eu gosto de você...espera a verdade é que eu sempre gostei de você todos esses anos”. Bom a relação dos dois é incrível, impossível não se apaixonar por SnowBaz.
Eu amei demais o universo mágico, me senti lendo Hogwarts, em um universo mais adulto e hipster, admito que queria saber mais sobre esse universo e principalmente sobre assuntos mais específicos da escola, Watford, mas entendo que o foco do livro não era esse e então não havia muito tempo para desperdiçar em pequenos detalhes, porém, fiquei encantada com tudo que eu li. Eu amei bastante os feitiços deles, não era nada do latim, ou feitiços elaborados, e sim simples frases e muitas vezes até referências a filmes e canções de infância, no geral, os nomes dos feitiços são bastante descontraídos e engraçados. Uma coisa que me encantou bastante é como os magos estão vinculados com as pessoas normais. Não é que nem Harry Potter que eles têm cidades praticamente deles e vivem e trabalham no universo próprio, aqui os magos vivem entre os Normais e após passarem por Watford eles até estudam em universidades comuns, eles possuem a opção de trabalhar no mundo mágico ou não. É claro que eles possuem algumas regras especificas contra normais, como por exemplo, não se casar com eles, no entanto, acho muito bacana eles terem essa liberdade de escolha e não ficarem restritos apenas ao mundo mágico.
Como eu disse eu amei tudo a respeito dessa história, o mundo mágico, Watford, as relações de amizade, os personagens secundários, o romance inesperado, O Mago e também o vilão. Eu amo como a história é narrada do ponto de vista de diversos personagens, e de como ela vai desenvolvendo tanto a premissa e o clímax principal da história de forma gradativa e bem elaborada. Eu amei a complexidade dos personagens e a forma como eles eram humanizados a todos os momentos mesmo cometendo inúmeros erros. O que eu senti falta mesmo, como já citei anteriormente, foi descobrir mais a respeito deste universo mágico, mas fiquei muito feliz ao descobrir que terá outro livro, uma continuação, assim é possível que a autora esclareça muitas dessas dúvidas e nos explique mais detalhes no próximo livro.
Bom, Carry On, é um livro mágico, com uma escola e feitiços incríveis e diferentes que nos oferece uma premissa e um mistério instigante e de bônus nos traz um lindo e inocente romance que vai nos fazer suspirar durante o livro todo. Os capítulos são pequenos e narrados por diferentes personagens o que dá maior dinamicidade a leitura e a história em si. O personagem principal, assim como a grande maioria dos secundários, é complexo e profundo. Um livro sensacional que faz você querer devorar todas as páginas em horas. Recomendo bastante.