Jô 14/04/2024
A sequência de A Rebelde do Deserto, já começa com toda a ação que eu não estava esperando. Até porque o primeiro termina relativamente calmo e conclusivo, com Amani batalhando com seu irmão, com a morte de Naguib e a suposta fuga de Noorsham. Já o segundo começa meses depois do final do primeiro, com nossa protagonista envolvida em missões da rebelião, na qual uma dessas missões acaba levando um tiro que poderia ter tirado sua vida. A partir daí o livro é ágil e nos leva em uma aventura cheia de perigos e reviravoltas.
Amani se vê dentro de uma rebelião e uma vida bem diferente e perigosa da que ela acostumada ao fugir da Vila da Poeira, além de perceber que aquelas estórias que ouvia tinham seu fundo real e a magia por trás dos seus poderes podem ser bem mais intensos do que ela esperava. E ainda vivendo bem no meio de uma revolução, ela se vê tentando canalizar a frustração do distanciamento de uma das únicas pessoas que ela podia confiar diante os últimos acontecimentos, Jin, que após Amani ficar gravemente ferida, se sente culpado e escolhe ir em missão sem ela e sem qualquer explicação. Com isso, nossa protagonista, acaba sendo levada ao coração do perigo, o palácio do Sultão. As coisas claramente se tornam mais perigosas.
Quando eu terminei o primeiro livro, senti muita falta de vários detalhes; como o governo do Sultão funcionava, como era realmente os poderes de Armani e entender mais sobre os djinns e queria conhecer mais os outros personagens introduzidos no final. A Traidora do Trono trouxe todas as explicações necessárias, ainda incluindo um apego maior pelos personagens. Jin, Shazad, Ahmed, Sam e Rahim, personagens que acabamos conhecendo mais já conquistaram meu coração. Amani também se desenvolveu bastante como personagem e foi incrível de ler sobre a menina que fugiu de uma vivência abusiva e se tornou uma rebelde para um bem maior, lutando com todas as garras para tirar as pessoas sobre o poder do Sultão.
Toda parte do livro que se passa no palácio do Sultão e no harém se torna um jogo de manipulação e poder e é muito interessante ver esse ?outro lado? da história, o lado do Sultão. Amani começa a conviver com ele, conhecê-lo melhor e, por ser demdji, acaba possuindo talentos e características peculiares que a torna útil para o inimigo. Também ficamos sabendo muito mais sobre os demdji e os djinnis, o que me deixou muito feliz, porque foi uma mitologia que me encantou desde o primeiro livro.
O romance, que no primeiro livro leva um grande destaque, nesse segundo fica em segundo plano, mostrando um foco muito maior para os conflitos políticos e de poder. Sim, ainda temos romance, mas nesse livro se torna muito claro que não é ele que sustenta a história. Apesar de o romance entre Amani e Jin ser muito bem construído e saudável, com dois personagens interessantes e com química, Amani é claramente a protagonista aqui, seu destaque é indiscutível, assim como seu papel na revolução. Ela passa boa parte do livro precisando se virar sozinha, precisando fazer novos aliados e acabamos vemos uma Amani mais forte e segura de si, ao mesmo tempo que toma atitudes movidas pela ingenuidade. Algo que acho muito louvável e que a torna muito mais humana, afinal ela é uma menina de 17 anos do deserto.
A Traidora do Trono foi uma continuação excelente para um primeiro livro ótimo. A Rebelde do Deserto foi aquele livro que li e achei ótimo e me deu vontade e curiosidade de continuar, mas foi nesse segundo que senti a força que a história leva. O final é eletrizante, cheio de cenas de ação, fugas, perdas e traições. Me deixou de queixo caído e louca pela continuação.