Christiane 01/02/2022
Nujeen é uma jovem síria que percorreu kilômetros para escapar da guerra. Detalhe: de cadeira de rodas. Ela conta no livro todo este percurso que fez com sua irmã, em alguns momentos com outros parentes também. Enquanto nos relata tudo isto também tece comentários sobre a guerra na Síria, fala dos momentos em que ainda havia paz e ela vivia com sua família, fala sobre quando o Estado Islâmico entrou na Síria e as atrocidades cometidas. Ela tem um olhar de adolescente, adora ver televisão e ler, uma de suas poucas opções devido sua deficiência, ela não consegue andar e foi assim, através dos filmes e principalmente de uma série americana que ela aprendeu inglês.
Após chegar a Alemanha ela precisa finalmente enfrentar sua deficiência, incentivada pelos professores, sua guardiã e também sua irmã que foi um exemplo de amor durante todo o percurso empurrando a cadeira. Precisa sair do comodismo no qual estava instalada, e começar a frequentar a escola, fazer exercícios, e ser tratada por um médico. Ela era uma pessoa isolada na Síria do convívio social fora de seus parentes e família, e isto acabou na sua nova vida, onde precisou aceitar que não podia ficar confinada em casa vendo TV ou na internet. Então penso que para Nujeen foram duas vitórias, a de conseguir chegar até a Alemanha e depois a de ter que se confrontar com sua situação, e ter que aceitar suas condições, mas não como uma vítima, mas sim como alguém que aprende a viver com elas. Eu penso que ela era muito acomodada antes, pois não se movia nem para pegar algo ou até mesmo pentear os cabelos, coisas que teve que fazer a partir de então, o que foi um alívio para sua irmã.
Por outro lado, como acabei de ler a história de Doaa no livro Uma Esperança mais forte que o mar, confesso que gostei mais do relato de Doaa, mas devo levar em conta que aqui temos uma adolescente com 16 anos, já Doaa era jovem, mas também passou por uma situação extremamente dramática, a tragédia do naufrágio e ter que sobreviver durante 4 dias e 4 noites no mar.
Os dois livros devem ser lidos, em ambos percebemos porque os sírios são obrigados a deixar suas casas, seu lar, seus pais, para ir em busca de uma nova chance de poder viver com liberdade, com normalidade como diz Nujeen.