Rafael 22/02/2021
Quais as nuances da verdade que uma mentira contém?
Irvin Yalom é um autor inteligente e exuberante, com um domínio muito envolvente na forma de escrever e que nos proporciona um texto limpo e sensível. Sou suspeito para falar dele, pois sou fã e tenho quase todas as suas obras. Ainda assim, me atrevo a fazer um breve comentário sobre a obra.
Mais uma vez Yalom nos surpreende dissecando as técnicas da psicanálise e contestando-as, ao mesmo tempo, naquilo que é falho e deve ser criticado. Embora se trate de uma obra ficcional, algo me diz que as relações traçadas no decorrer do livro foram inspiradas em casos da vida real. O livro segue como um roteiro de filme e é difícil largá-lo a cada capítulo, afinal sempre queremos saber o que vai acontecer. Yalom é tão sensível que chega a aproximar os psiquiatras e seus analistas aos advogados, guardadas, por óbvio, as devidas proporções. Vale a pena a leitura dessa trama bem tecida que nos ensina sobre psicanálise, direito e, porque não, a própria condição humana. Construída sobre uma série de mentiras que guardam, subjacentes, outras tantas verdades, a trama se desenrola de uma maneira cativante, convidando o leitor a refletir sobre aspectos da sua própria existência, afinal, quanto de verdade há na mentira? Ou, se se preferir, quanto de mentira há em uma verdade? Recomendo a leitura, mesmo para os leigos.