z..... 12/12/2020
Minha leitura foi inicialmente movida por curiosidade mórbida sobre a detonação e efeitos da temível bomba na percepção de testemunha ocular, no que a obra é visceral em aspectos que sequer imaginava. Porém (e ainda bem), não se resume nisso e do caos traz uma mensagem de valorização à vida, com história onde vemos reconstrução, resiliência, renovação de esperança e, sobretudo, incentivo à paz e fraternidade. É o que se destaca em mensagem final sobre Hiroshima.
No que se refere à morbidez dos eventos, os capítulos 5, 6 e 7 tem esse foco, com relatos impactantes e até mesmo desconhecidos. As descrições retratam o horror vivenciado, trágico em muitos sentidos.
O clarão, o fogo em expansão, a onda de choque, a radiação, as pessoas sendo afetadas pelo inimaginável, grávidas parindo (ou abortando) de susto, prédios desfazendo-se como castelos de cartas... Três dias depois, tudo se repetindo em Nagasaki, um mês depois a região assolada por tufão também devastador, que inusitadamente chegou a ser visto por muitos como benesse em limpeza à radiação... Esses e outros relatos estão no livro.
O antes e pós os respectivos capítulos mostram a biografia do autor, na vida pregressa como militar e depois como imigrante no Brasil.
Dessas experiências encontramos reflexões interessantes, como a visão de desumanização do inimigo nos eventos da guerra, capaz de levar a disposições temíveis, como foram as bombas. Takashi Morita fala de lavagem cerebral feita para o ódio ao inimigo...
Já sobre o pós 06 e 09 de Agosto de 1945 o pensamento do autor é transformado e a guerra em si, em todas as suas características, é o direcionamento de toda raiva e ressentimento. É esta a responsável pela tragédia, devendo existir a disposição de consenso fraternal para quebra de ciclos de ódios entre os povos. Morita fundou uma associação no Brasil, em apoio aos imigrantes da guerra e fomento da mensagem de paz.
Lembrei-me de certa HQ no contexto dessa leitura, lançada pela Marvel pós 11 de Setembro, em que no final havia introdução ao Capitão América como combatente na guerra ao terror. Este encontra um homem revoltado e sofrido pelas perdas trágicas e o Capitão dizia-lhe algo como: guarde sua raiva para o inimigo.
Nesse livro, sem querer ser juiz a qualquer ato, o autor ressalta aos povos a necessidade de paz e fraternidade, sendo a guerra em si o mal que se opõem a isso. O inimigo é a própria guerra.
Leitura no contexto da pandemia em Macapá.
Semana triste na congregação, outra irmã foi vitimada pela covid-19.
Aprouve ao Senhor os desdobramentos dessa forma e a Ele toda honra e glória.