Luiza Helena (@balaiodebabados) 18/01/2018Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/Começo logo dizendo que essa capa não faz nem jus como ela é real oficial em suas mãos.
"Algumas pessoas nascem com um pedaço da noite dentro de si, e esse lugar vazio nunca pode ser preenchido - não com toda a boa comida ou sol do mundo.”*
The Language of Thorns reúne seis contos que se passam nos lugares que formam o universo Grisha. Ao invés de serem contos sobre personagens que já conhecemos das histórias da Bardugo, os contos são histórias contadas durante gerações. Tipo nossos contos de fadas, não a versão bonitinha da Disney; estão mais inspirados nas versões dos irmãos Grimm.
A principal mensagem de todos os contos é “nem tudo que parece é”. Os contos falam sobre traição e desconfiança vindas de lugares que menos se espera. A moral no final de cada história é algo que pode ser colocado fácil fácil na nossa sociedade atual. A narração em terceira pessoa e a escrita poética faz com que você se sinta ouvindo as histórias da boca do próprio narrador. Com certeza você vai se sentir voltando na infância, com ouvidos bem atentos a alguém que sempre contava histórias para você (no meu caso, era minha mãe).
Durante a leitura, senti vibes de outros contos de fadas e histórias já conhecidas nossas, como a história de A Bela e a Fera, A Pequena Sereia, O Quebra-Nozes, João e Maria, Pinóquio e por aí vai. Exceto por duas releituras, uma inspirada na Úrsula de A Pequena Sereia e uma inspirada em O Quebra-Nozes, os outros são histórias originais e seguem seu próprio caminho.
“Isso mostra que às vezes o invisível não deve ser temido e que aqueles que mais deveriam nos amar não são sempre os que fazem.”*
The Language of Thorns conta com três histórias já lançadas pela autora e três histórias inéditas. São histórias que fazem parte do folclore de algumas nações do universo Grisha. De Ravka, temos The Too-Clever Fox, The Witch of Duva e Little Knife, que são as que já haviam sido lançadas. Os contos inéditos são: de Zemeni, Ayama and The Thorn Wood; de Kerch, The Soldier Prince; e de Fjerda, When Water Sang Fire. De todas, a minha preferida foi When Water Sang Fire, a mais extensa das histórias e com vibes de A Pequena Sereia.
Ayama and The Thorn Wood conta a história de uma garota negligenciada por sua família e é enviada para convencer uma besta terrível a parar de atormentar seu reino. The Too-Clever Fox narra a história de uma raposa feia mas esperta tentando derrotar um caçador maligno que rodeia seu habitat. The Witch of Duva conta a história de uma jovem que vive em um vilarejo rodeado de bosques assombrados, onde as meninas desaparecem e sua madrasta malvada a manda por caminhos que dão direto para o covil da bruxa.
Em Little Knife, um pobre garoto tenta conquistar o coração da bela filha de um duque, usando magia para passar os testes estabelecidos pelo duque ganancioso; mas a magia, como sempre, tem um preço. The Soldier Prince narra como a criação de um perverso escultor ganha vida e descobre que sua vida não é a que sempre lhe foi dita. When Water Sang Fire conta a história de duas amigas sereias e o rumo que suas vidas tomam ao ganhar a amizade do príncipe mais novo.
“A armadilha é a solidão, e nenhum de nós escapa a ela. Nem mesmo eu.”*
O melhor mesmo do livro não são suas histórias, mas sim a edição. Eu já havia visto algumas fotos na internet mas não chega nem perto de ver ao vivo. É uma das edições mais lindas que já vi na vida. No final de cada conto há uma ilustração referente a ele, mas o maravilhoso é ver essa ilustração tomando forma a partir dos desenhos feitos na bordas. A cada página, o desenho vai se completando e no final temos a ilustração completa. Outro ponto que gostei foi a cor da fonte do livro. Havia conto que a cor era verde-água, outros que era um vermelho-bordô; com exceção do último conto que foi metade de cada cor.
“Querer é por que as pessoas se levantam pela manhã. Dá-lhes algo para sonhar à noite.”*
Não é preciso ter lido nenhum livro da autora para ler esse, visto que as histórias aqui não tem relação com as outras já lançadas. The Language of Thorns serve de complemento para o universo criado pela Bardugo e, ao mesmo tempo, de sanar a saudade pelas histórias da autora.
Boatos que a Gutenberg irá lançar o livro aqui no Brasil, mas sem data confirmada. Só espero que eles mantenham a edição linda que ele é, senão o livro perde toda sua essência.
*Tradução feita por mim
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