Paula 21/05/2018Livros sobre o Titanic são sempre sensacionais!Livros sobre o Titanic sempre são fascinantes, mesmo quando a escrita é um pouco confusa e superficial. A orelha do livro traz tramas bastante curiosas, como a do incêndio que durou dias nas caldeiras e do japonês que se salvou e que foi considerado uma desonra ao país, mas que no livro apenas aparecem como citações. Fiquei curiosa em saber mais sobre ele, o pai que sequestrou os dois filhos, a moça que ficava acordada durante a noite por receio de tragédia... Eu realmente queria saber mais sobre as pessoas. Trazer mais informações sobre elas seria bastante interessante, assim como explicar algumas coisas que foram citadas apenas pelo alto. Como assim os sobreviventes viram a Aurora Boreal após o naufrágio, mas antes do Carpathia chegar? Eu nem sabia que ela podia ser vista dali!
Não pude deixar de reparar no absurdo numérico envolvendo a tragédia. É fato notório que não havia botes para todos, mas considerando que a capacidade do navio estava pela metade, presumi que só havia botes para 25% das pessoas a bordo, caso o Titanic estivesse lotado. Foi inevitável pensar que, se fosse na volta, o número de mortos seria muito maior. Só fiquei sem entender o motivo pelo qual o navio estava tão esvaziado. Entendi a questão da greve dos carvoeiros, entendi que muitos passageiros de outros vapores foram transferidos para ele, entendi que todas as passagens da volta para a Europa foram vendidas, mas considerando a repercursão da viagem inaugural, imaginava que a procura teria sido grande.. Mesmo com tantos transferidos, o navio estava vazio? Por que?
A (não) relação do Californian com o naufrágio é descrita nesse livro quase que como demência da tripulação. Para entender exatamente o que aconteceu, indico a leitura de "Uma Noite Fatídica", escrito na década de 1950. Esse traz explicações para a ausência de ações e mostra também como as pessoas do Titanic reagiram a este outro navio que nada fez para salvar vidas.... Aconselho a leitura!
Por fim, não pude deixar de reparar em como a tristeza pareceu marcar a vida dos sobreviventes. Apesar da proximidade das datas, nunca parei para pensar que muitos lutaram na 1a Guerra Mundial. Fiquei triste ao ler que o bebê Maria morreu de meningite cerca de um mês depois (o destino não queria que ela vivesse mesmo), que tantos se suicidaram, que alguns desenvolveram traumas sérios (me choquei bastante com o cara que entrou em surto após tomar um banho frio, o que o remeteu àquela noite)... Uma frase de um sobrevivente mexeu demais comigo: em outra tragédia, ele preferiria morrer a sobreviver lembrando daquilo. Muito triste!