Coração tão branco

Coração tão branco Javier Marías




Resenhas - Coração tão branco


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Etiene ~ @antologiapessoal 26/09/2020

Coração Tão Branco, Romance Espanhol, Javier Marías.

~ ?minhas mãos são de tua cor, mas me envergonha trazer um coração tão branco.?

Fico impressionada ao constatar, de fato, como cada livro me proporciona uma experiência tão absolutamente distinta uma da outra. Há os que me arrebatam por completo, me deixam reflexiva, me remodelam como pessoa. E há outros que me possibilitam um prazer imenso pelo ato - ação, realização, prática - da leitura em si, e este aqui é um desses. Eu li em pé, eu li no ônibus na volta do trabalho, eu li andando pela casa, eu li freneticamente. Eu me sentia capturada, à espera do clímax narrativo.

Apesar de sua natureza digressiva e monte de estórias paralelas, Coração Tão Branco traz consigo um sentimento de urgência em desvendar o mistério existente desde as primeiras páginas. Narrado por Juan, seu protagonista, o livro gira em torno de um suicídio e de seus desdobramentos, e o autor nos mantém em suspense até o final. A obra é uma aglutinação de trama irônica com uma prosa impecável e talentosas escolhas de vocabulário. Me sinto no dever de enaltecer esse livro!

Digo, sem grandes detalhes (deixo a surpresa para cada um ao lê-lo), que o livro é uma série de reflexões sobre os relacionamentos familiares e amorosos - as páginas dedicadas às empreitadas românticas de Berta são fabulosas! -, sobre os segredos que ordenam continuar encobertos e sobre as intrincadas equações ação/reação da nossa irrelevante existência. O arremate do livro está na afirmação de que ?tudo é contável?, que ?palavra puxa palavra?. Me pergunto: se tudo é contável, há valor no silêncio?

Javier Marías foi uma surpresa extraordinária e que rendeu a vocês uma fortíssima indicação! Genial!
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Luiz Pereira Júnior 30/05/2020

Leveza e profundidade
Como é bom ler um livro em algum lugar totalmente diferente daquele em que lemos. Os livros que lemos nas viagens parecem mais marcantes, fixam mais em nossas memórias, trazem-nos ainda mais recordações... Isso foi o que aconteceu comigo. Não sei se é um livro melhor do que os outros, mas a leitura feita em uma viagem, em um quarto e no terraço de um hotel de Macapá deu-me uma dimensão extra a uma obra que provavelmente teria passado despercebida se não fosse por essa mudança de ares...
E agora, vamos à obra. “Coração tão branco” lembra as obras de Proust e de Saramago, principalmente por seus longos parágrafos e pela tentativa de reconstruir um passado que parece perdido (e, a bem da verdade, na maior parte das vezes, está mesmo). Mas, apesar desses parágrafos longos, a leitura se faz de forma fluida, agradável, sem maiores percalços. Existem digressões, é claro, mas o autor não se deixa levar (obrigado, Senhor!) para o hermetismo fútil, para intrincadíssimos jogos de palavras que, no final das contas, não passam de um desafio ao leitor para não abandonar a obra e pegar outra que trate do mesmo assunto, com a mesma profundidade, mas sem tantos rococós e ornamentos.
Não darei spoiler, mas a resolução do mistério chega a surpreender o leitor (nesse aspecto, a resolução em si não chega a ser memorável a ponto de fazer o leitor ficar pensando dias, semanas ou meses em como o autor conseguiu montar a trama). O pai tem algo de abjeto, de insensível (pense nessa palavra em seu pior sentido), mas que acaba por encantar o leitor e tentar fazer justificar suas ações (ponto para o autor!).
Resumo da ópera: uma boa leitura, mas exigente em certos trechos. Mas talvez seja esse justamente o mérito da obra como aquele professor que exigia bem mais de nós pois sabia que poderíamos ir muito mais longe do que nossa simples inércia permitiria...
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Nanda 23/04/2020

Sempre há alguem que não sabe algo ou não quer saber
E assim nos eternizamos. Juan derrama todos os pensamentos da sua história. E da história de outras pessoas também. Nunca pensei tanto sobre alguem que pensa tanto. A importancia do dito e do não dito e o relato de diversas vezes em que os segundos escaparam entre os dedos dos personagens. E nunca mais voltarão. Segundos não voltam, palavras não voltam. Tudo é passado, até o que está acontecendo agora.
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Paulo Sousa 27/06/2019

Coração tão branco, de Javier Marías
Título lido: Coração tão branco
Título original: Corazón tan blanco
Autor: Javier Marías (ESP)
Tradução: Eduardo Brandão
Editora: Companhia das Letras
Lançamento: 1992
Esta edição: 1995 (editado pela M. Fontes Ed.)
Páginas: 272
Classificação: 4.5/5
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"e é verdade que somente o que não se diz nem se exprime é o que nunca traduzimos" (pág no Kobo 33).
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é interessante a forma como cada escritor compõe sua obra, a maneira como o autor usa da palavra para, sob a forma de frases, construir um livro. philip roth, de quem li 23 romances em sequência e na ordem de publicação, tem uma prosa explosiva, calcada numa espécie de sequência de sinapses temporais que vão sendo depositadas num fundo branco onde o leitor vai sendo conduzido pelas descrições e digressões dos seus personagens.
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em javier marías sempre me pego pensando que seu estilo se assemelha mais a círculos concêntricos justapostos em camadas que vão, à medida da leitura, formando a ideia geral do livro (sim, marías jamais entrega de chofre o ouro ao leitor; antes, é necessário um exercício de atenção para não perder detalhes preciosos do romance, cruciais para seu entendimento pleno).
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em "coração tão branco", o segundo livro dele que leio, esse esquema é surpreendente: começa durante um jantar quando uma moça pede licença, vai ao banheiro e lá acaba se dando um tiro fatal. a partir de então, vamos sendo guiados pelos pensamentos de juan, um tradutor escalado por organizações governamentais para assessorar figurões monoglotas, que, além de apresentar o âmbito do seu trabalho, vai destrinchando os fatos da vida amorosa cotidiana e fazendo profundas análises que vai comparando a seu próprio casamento com a também tradutora luisa.
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mas o mote do livro, muito além de acontecimentos fortuitos na vida de juan ou dos lugares-comuns que tornam a literatura às vezes cansativa e repetitiva, (e nisso marías é exímio, essa capacidade excitantemente incrível de gerar tantos labirintos de pensamentos e ideias, um deleite em forma de prosa!) é a maneira como cada pessoa guarda e reage diante dos segredos, das confidências. marías levanta a questão de quão necessário é não contar algo que, mesmo passado, carrega em si informações explosivas, capazes de causar estrago no interlocutor ou de quem se trata tal confidência. juan, recém casado e em lua de mel em havana, acaba se recordando de uma frase dita por seu pai logo após a cerimônia que o intriga. e então, passa todo o percurso do livro juntando migalhas de informações a fim de passar a limpo tantas histórias que envolvem ranz, seu velho pai especialista em obras de arte e três vezes viúvo.
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como disse acima, o assombro que marías causa em seus livros é trazido pela forma como ele mascara os pontos chaves da trama. como garimpeiro, o leitor tem de ir vasculhando o texto e assinalando aquelas que podem incorporar muito do que ele diz através de meros e aparentemente simples detalhes ou mesmo em histórias paralelas como a da amiga de juan, berta, que vive à procura do homem ideal, ou mesmo do filtro que ele tem de se auto impor em sua profissão. o que diz em cada parágrafo é filosoficamente profundo, bem escrito, emotivamente carregado, cada frase digna de ser excertada e posta num quadro. essa "caça" ao tesouro escondido causa frisson, pois de certa forma marías convida o leitor a juntamente com o personagem narrador a compreender os dilemas dos relacionamentos modernos (foi assim com o narrador principal de "o homem sentimental", que li e resenhei aqui).
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não ler marías pode tornar a vida insuportável! vale!
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Alê | @alexandrejjr 27/04/2019

Digressões sobre segredos

O que acontece quando você se depara com um autor que te cativa de uma maneira completamente diferente? Foi essa pergunta que fiz a mim mesmo ao ler mais um romance de Javier Marías. E a resposta, muito simples, veio logo após terminar este livro: surpresa.

Neste "Coração tão branco", muitas vezes indicado para conhecer este autor espanhol, as palavras são protagonistas. O estilo de Marías, muito peculiar devido ao seu gosto pelas digressões que percorrem as páginas, pode não agradar certos leitores. Mas há beleza na maneira como ele coloca suas ideias. Há beleza na maneira como suas palavras são dispostas. E há, ainda, beleza nos questionamentos sobre temas caros ao autor, como o segredo, a morte, e, no caso específico deste livro, o relacionamento a dois. A história de Juan, o protagonista, e o mistério que percorre sua família tornam-se apenas a base para pulos mais filosóficos. O trabalho de Juan como tradutor; a maneira como ele conhece Luisa, sua esposa; sua relação com Berta, amiga de longa data; o papel de seu pai, Ranz, em sua vida; tudo, cada detalhe de cada núcleo é muito bem explorado. Em cada parte da vida do protagonista somos convidados a examinar, julgar, questionar e entender como a nossa própria vida funciona. Por que o segredo é necessário? Por que devemos contar algo que sabemos que pode afetar outra pessoa? De que maneira um segredo afeta nossa vida, por menor e mais inofensivo que ele seja? O que se perde e o que se ganha quando se vive a dois? Em “Coração tão branco” todos esses questionamentos são pulsantes.

A cada página virada tinha a sensação de que podia visualizar a história na minha frente, como se estivesse vendo um filme, mesmo com a raríssima aparição de diálogos durante a narrativa. Não são todos os momentos, claro, mas em algumas partes tive a sensação de fazer parte desta história, de ser íntimo de Juan, ser seu confidente. Livro e autor recomendadíssimos!
Amanda.Santiago 14/05/2021minha estante
??????


Alê | @alexandrejjr 14/05/2021minha estante
Só boas lembranças desse livro, Amanda! Num futuro nem tão distante pretendo realizar uma releitura. ?


Amanda.Santiago 15/05/2021minha estante
Eu tb!


Mahira Caixeta 15/05/2021minha estante
Foi o primeiro que li dele e também me marcou muito ??. Preciso voltar a ler as coisas que ele escreve


Alê | @alexandrejjr 17/05/2021minha estante
Vale um retorno ao universo ficcional do Marías, Mahira. Eu indicaria ir em "Os enamoramentos".


Cris 28/06/2022minha estante
Cada resenha sua, um livro que vai para a minha fila de aquisição e leitura. Rsrsrsrs...


Alê | @alexandrejjr 28/06/2022minha estante
Obrigado por ler e comentar, Cris! E te digo o seguinte: se tem um livro que merece ir pra fila de aquisição, esse é o livro. Top 10 leituras da minha vida.


Marilia Verdussen 28/06/2022minha estante
sh


a lá os pulos filosóficos...


Alê | @alexandrejjr 29/06/2022minha estante
Marília! Dá mais uma chance pro homem! Tenta esse aqui.


Eduardo Vainer 17/06/2023minha estante
Eita, um dos melhores romances que você já leu e não deu 5 estrelas, Alê. Que exigência é essa rs?




Leila de Carvalho e Gonçalves 12/07/2018

O Poder Da Palavra
Publicada em 1992 e vencedor do IMPAC Dublin Award, "Coração Tão Branco" está entre as principais obras de Javier Marías, considerado um dos maiores escritores de língua castelhana em atividade.

Complexa e prolixa, sua escrita é marcada por parágrafos longos e inúmeras digressões. O escritor não nega a influência de Faulkner assim como a presença de alguns traços autobiográficos em seus livros, curiosamente marcados pela presença de inúmeras Luísas sem que nenhuma tenha sido inspirada numa mulher com esse nome.

"Coração Tão Branco" não foge à regra. Nele, Luísa é a mulher do protagonista. Juan trabalha como intérprete e tradutor e, recém-casado, está tentando se ajustar à nova rotina, abrindo mão de sua individualidade cuidadosamente construída ao longo de 35 anos de vida.

Um de seus maiores desafios é saber até onde deve falar e quando calar num relacionamento a dois. De acordo com o conselho de seu pai, uma das regras básicas da boa convivência consiste em jamais revelar qualquer segredo e ele tem motivos de sobra para pensar dessa maneira...

Ranz é um sessentão que apesar de seu talento para contar casos, pouco comenta sobre sua vida conjugal. Viúvo três vezes, seu primeiro casamento é quase secreto. Já, o segundo e o terceiro foram com duas irmãs: Teresa e depois Juana, mãe de Juan. Porém, ao contrário do que havia sido contado para ele, sua tia não teve morte natural e seu suicídio, logo após voltar da lua-de-mel, abre o romance.

A aproximação do protagonista com os segredos de sua família, independente de sua vontade, é a força motriz da narrativa. Afinal, "escutar é o mais perigoso, é saber, é ser inteirado e estar a par, os ouvidos não têm pálpebras que se possam fechar instintivamente ao que é dito, não se podem resguardar do que se pressente que se vai escutar, sempre é tarde demais." (pág 69)

Essa cumplicidade com o passado remete ao título do romance inspirado em Shakespeare, ou melhor, numa frase dita por Lady MacBeth após seu marido assassinar o rei Duncan. Para dividir o peso do crime, ela esfaqueia novamente a vítima e suja as mãos de sangue, afirmando sentir vergonha de permanecer com um "coração tão branco".

Essa expressão permite distintas interpretações dentro do texto de Márias e é responsável pela densidade psicológica. Afinal, tanto a inocência, pura e imaculada, como a covardia, pálida e temerosa, podem representar o branco. Indo mais além, ele nada mais é do que a junção de todas as cores que se desbotam, embranquecem como alguns acontecimentos tornam-se menos importantes com a passagem dos anos.

Com um desfecho impecável, "Coração Tão Branco" aborda o poder da palavra. Seja falada ou ouvida, traduzida ou intraduzível, ela é capaz de alterar a realidade, esconder sentimentos e lembranças, chegando até a determinar o destino de uma pessoa.
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Brunno 18/07/2017

Coração tão Branco
Fantástico... Vamos a um trecho: "o que ocorre é o idêntico ao que não ocorre, o que descartamos ou deixamos passar idêntico ao que pegamos e agarramos, o que experimentamos idêntico ao que não provamos, e no entanto vai-nos a vida e vai-se-nos a vida em nos escolher, rejeitar e selecionar, em traçar uma linha que separe essas coisas que são idênticas e faça de nossa história uma história única que recordemos e que possa ser contada. Dirigimos toda a nossa inteligência, os nossos sentidos e o nosso afã à tarefa de discernir o que será nivelado, ou já está, e por isso estamos cheios de arrependimentos e de ocasiões perdidas, de confirmações e reafirmações e ocasiões aproveitadas, quando o certo é que nada se afirma e tudo se vai perdendo".

Caralhoooooooo!!!! Q autor locasso, mas top....voilà! Um clássico que foge dos livros comercias. Não à toa o Xavier sempre figura na lista do Nobel...
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GilbertoOrtegaJr 09/07/2016

Coração tão branco – Javier Marías
Coração tão branco fazia parte de uma grande porcentagem de livros que tenho na estante para ler, mas acabo me esquivando da leitura por suspeitar que vou gostar do livro. Na primeira leitura o que eu acabei de escrever parece não ter sentido, mas vou explicar de forma mais clara; acabo evitando ler de uma vez todos os livros que eu suspeito que vou gostar, pelo simples medo de depois só me sobrar para ler livros medianos ou fracos. Mas como, vergonhosamente afirmo, eu ganhei este livro a mais de um ano, já se fazia mais do que necessário que eu o lesse, então nada melhor do que ler ele para tirar as dúvidas.

Juan e Luísa são intérpretes e tradutores, e recém-casados, ambos se conheceram trabalhando para organismos internacionais, em um evento com dois importantes líderes mundiais nos anos 80. Desde que se casou Juan é perseguido por um pressentimento de que algum desastre acontecerá, e durante sua viagem de núpcias, em Havana, acaba acontecendo um pequeno incidente, onde ele é confundido com outra pessoa, ao mesmo tempo em que sua mulher está doente no quarto de hotel.

De forma entrelaçada a história de Juan e Luísa, está o fato que que Juan acaba conhecendo a história de sua tia Teresa, que é irmã da mãe de Juan, e primeira esposa de Ranz, o pai de Juan, que se suicidou logo após voltar da sua lua de mel em Havana, sendo que o motivo pelo qual ela fez isso é um mistério a grande maioria dos personagens. Temos também a história de uma amiga de Juan, que se encontra com homens através de uma agencia de encontro, e quando Juan passa uma temporada em sua casa ele acaba a ajudando a conhecer um misterioso pretendente.

Coração tão branco não é de forma alguma um livro que flui de forma rápida e leve, ao contrário ele é profundamente equilibrado, com um tom descritivo e com uma grande gama de reflexões, mas isso não quer dizer que ele seja chato, ao contrário isso só é uma mostra de que dentro do livro e da trama ele é substancioso, rende assuntos para se pensar. Ao mesmo tempo em que a narrativa é descritiva e densa aquilo que não é narrado também é tão denso quanto, o não dito, não somente para os personagens como também para nós leitores, é a comichão que nos faz criar teorias ou ir buscando juntar tantas pistas quanto Juan sobre o que pode ter acontecido para que sua tia se se suicidasse.

Uma imagem que notei em Coração tão branco, e que eu acreditava que viria em romances posteriores do Javier Marías, é o protagonista como uma espécie de expectador da vida de terceiros, assim como é leitor é um tipo de expectador da vida dos personagens. Juan e Luísa, ao mesmo tempo que são expectadores, também são integrantes da vida de quem eles observam, deixando assim claro que ninguém é só expectador.

Apesar de em alguns momentos ser um livro maçante e lento, em geral minha experiência com Coração tão branco, que foi meu primeiro contado com as obras de Javier Marías, foi muito bom, é um livro para se degustar aos poucos e ir pensando em tudo aquilo que é narrado, não me surpreendeu quando ao acabar a leitura este livro parar entre meus favoritos, e sua força narrativa reside não só ao criar uma trama, como ao retratar a vida em suas várias nuances, de forma bela e envolvente.

site: https://lerateaexaustao.wordpress.com/2016/07/09/coracao-tao-branco-javier-marias/
Renata CCS 11/07/2016minha estante
Ótima resenha, Gilberto. Também estou com este livro há tempos na fila de leitura, sempre postergando a leitura...


Tati 11/07/2016minha estante
Que ótima resenha! Eu gostei muito de Os enamoramentos do Marías, esse tá aqui na fila :)


GilbertoOrtegaJr 11/07/2016minha estante
Obrigado Tati, eu tenho mais dois na fila dele, Assim começa o Mal e Os Enamoramentos, mas tem que estar no clima para ler, é uma leitura mais do tipo que o leitor vai degustando eu acho




VG 21/12/2015

Querer, não querer
Este livro foi uma grata surpresa, lido de uma tacada só, devorado de uma vez. A linguagem de Marias é muito bem cuidada, sem deixar de ser fluída Cada passagem é escolhida e trabalhada deliberadamente, O autor retorna a elas, permitindo desdobrar seus significados, que se multiplicam e expandem a cada vez.

A história, que talvez revolva em torno da curiosidade (de Teresa, de Juan, do leitor) é cativante, verossímil e irreal, tudo ao mesmo tempo. E no centro da trama, o desejo de saber sempre mais em confronto com o medo de saber de mais.

Um livro leve, pesado, delicado, brutal.
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Nilva 08/02/2015

Eu não quis saber, mas soube que
Meu primeiro livro do autor.
Estreou muito bem o Javier Marías.
Gostei muito, principalmente do início que me capturou tanto que não conseguia parar de ler.
Reconheci nos longos parágrafos cheios de apostos e digressões, o mesmo estilo do Faulkner, mas não achei o espanhol tão amargo quanto o americano.

Nada no livro é desperdiçável. Nada pode deixar de ser lido porque uma informação, menção, lembrança, tudo, tudo vai servir para a compreensão final da história.

O narrador é Juan, casado com Luisa, que como ele, é intérprete/tradutor (a) de organizações como a ONU, o que faz com que Juan viaje, se hospede em hotéis e conheça muita gente importante.

Num hotel ele presencia uma cena que envolve uma mulher chamada Miriam que o faz lembrar de músicas infantis.

Noutra viagem fica hospedado no apartamento de sua amiga Berta, intérprete como ele, que compartilha com ele sua vida amorosa bastante agitada.

Seu pai é perito de artes plásticas, trabalha pro Museu do Prado e tem um segredo que envolve suas esposas.

O livro vai tecendo aos poucos, sugerindo, escondendo e revelando, voltando ao passado, tocando em um personagem, depois noutro, e fazendo com que cada uma dessas ramificações se transforme numa grande tapeçaria, circular, livre do tempo e do espaço.

Como já disse Saint-Exupéry: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas ou John Donne: Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra.

Assim é Coração tão branco, com seus personagens unidos por fios que também tecem outras histórias, partes umas das outras.

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Mateus 06/01/2015

Brilhante.
Javier Marías é definitivamente um dos maiores escritores da atualidade. Seus romances são repletos de reflexões acerca do amor, da amizade, dos medos que adquirimos e dos sonhos que cultivamos, e muitas de suas frases são guardadas dentro de mim, arrebatadoras.

"Coração tão branco" é provavelmente o melhor livro escrito por ele e conta a história de um homem recém casado que está tendo segundos pensamentos sobre o matrimônio. No começo, o foco é esse, mas depois outros cenários e pontos narrativos surgem, e o eixo do livro se dispersa, mas não de um jeito ruim.

Aqui, Javier Marías discorre sobre os segredos que cada pessoa guarda e a que ponto podemos chegar quando queremos alguém do nosso lado. É um autor hábil e tem um jeito único com as palavras, capaz de mudar completamente nossa visão sobre as coisas mais triviais.
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Erika 04/03/2014

Nada trivial, mas indispensável
"Escutar é o mais perigoso, é saber, é ser inteirado e estar a par, os ouvidos não têm pálpebras que se possam fechar instintivamente ao que é dito, não se podem resguardar do que se pressente que se vai escutar, sempre é tarde demais." pág 69

Um livro nada trivial, prolixo, cheio de detalhes (aparentemente irrelevantes), de frases longas, parágrafos intermináveis, digressões muitas, mas também de uma sensibilidade da qual não se sai ileso.
Sob o risco de incorrer em imperdoável simplismo, o livro trata do poder que as palavras exercem em vidas tantas: das palavras ditas, escritas, sussurradas, ouvidas (e disso não se pode escapar), das não desejadas e também daquelas sobre as quais deveríamos nos calar.
Foi ímpar a cumplicidade em que Juan (o narrador) me inseriu, permitindo-me compartilhar de suas dúvidas, anseios, medos, arrependimentos e desejos demasiado humanos.

Não considero-o um livro fácil, tanto que deixei-o adormecer por mais de 1 ano antes de retomar-lhe a leitura. E como fluiu o que antes parecia-me tão árido! Só mais uma prova de que, a cada momento, somos sempre outro.

Apesar de ser um pouco difícil se acostumar ao estilo narrativo de Javier Marías, vale a pena insistir. Termina-se com vontade de procurar os outros títulos do autor.
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Silvana (@delivroemlivro) 24/11/2012

Quer ler um trecho desse livro (selecionado pelos leitores aqui do SKOOB) antes de decidir levá-lo ou não para casa?
Então acesse o Blog do Grupo Coleção de Frases & Trechos Inesquecíveis: Seleção dos Leitores: http://colecaofrasestrechoselecaodosleitores.blogspot.com.br/2012/11/coracao-tao-branco-javier-marias_9.html

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Carolina 06/01/2011

As coisas que não sabemos sobre nossos pais.
E só sabemos o que nos permitem saber, como os outros sabem de nós o que deixamos que saibam...
Sempre no presente e sempre no passado até se confundir com as histórias dos outros, os livros e filmes que vimos.
E sempre podendo resgatar a história, assim que nos contem ela de novo.

p.s.: Agora buscar conhecer outros livros do Marías, que conheci agora, mas já no passado e tarde demais na minha vida.
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