Coração tão branco

Coração tão branco Javier Marías




Resenhas - Coração tão branco


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Hannah Monise 16/04/2024

Divagações sobre casamento
Coração tão branco, livro de Javier Marías, autor espanhol, conta as divagações de Juan, nosso protagonista, recém-casado, e que passou a lua-de-mel em Havana, Cuba, com sua esposa Luisa. A real é que ele descobre que Teresa, a irmã de sua mãe, que foi casada com seu pai antes dela, se matou com uma arma no coração, em um almoço em família, sendo esta a primeira cena do livro.

Durante o livro, Juan divaga sobre inúmeras coisas ao mesmo tempo que conta como conheceu Luisa, sobre sua profissão de tradutor e intérprete, sobre sua lua-de-mel, os dias que passou nos EUA com sua amiga Berta à trabalho. E também sobre os casamentos de seu pai e os segredos de família.

Fiquei supresa com o final! Confesso que não esperava isso... Pensava algo completamente diferente. De qualquer forma, é um livro mediano, que curti mas não tanto, e me prendeu ainda assim - exceto nas partes em que enrolava e viajava muito -. O autor enrola muitas vezes, apesar de ter frases muito bonitas e bem escritas. Eu achei bem curiosa a forma como ele escreve e o enredo que quis trazer. É um livro bem puxado para o clássico sim, não é todo mundo que leria e se envolveria. Mas por curiosidade foi uma leitura ok.

"Às vezes tenho a sensação de que nada do que acontece acontece, porque nada acontece sem interrupção, nada perdura nem persevera nem se recorda incessantemente, e até a mais monótona e rotineira das existências vai se anulando e negando a si mesma em sua aparente repetição até que nada seja nada e ninguém seja ninguém que tenham sido antes, e a frágil roda do mundo é empurrada por desmemoriados que ouvem e veem e sabem o que não se diz nem sucede nem é cognoscível nem comprovável." (Página 26 - 9%)
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Wellington.Pimente 14/09/2023

O poder das palavras
O título desse romance vem da obra Macbeth de Shakespeare, precisamente quando o general Macbeth diz a Lady Macbeth que o assassinato do rei Duncan foi consumado, fiz o que acordamos. A Lady Macbeth para dividir o peso do crime esfaqueia novamente a vítima e lhe responde, que as mãos de ambos estavam manchadas de sangue mas que ela sente vergonha tendo um coração tão branco. Mostrando a capacidade impressionante do autor em pegar uma frase da obra de Shakespeare e desenvolver uma história criativa e diferente da inspirada.

Portanto, durante um almoço de família, Teresa, que acaba de regressar de uma lua de mel, se põe de pé, vai ao banheiro e se suicida, atirando no próprio coração. Essa tragédia na família, cercado de mistério, continua a perturbar o tradutor Juan Ranz cujo pai foi casado com Teresa, antes de casar com sua mãe (irmã de Teresa). O Juan, jovem e recém-casado com uma tradutora chamada Luísa procura descobrir o motivo do suicídio da Teresa e do segredo a respeito. À medida que ele busca a verdade, começa a sensação de uma desgraça iminente em relação ao seu próprio casamento, devido o seu pai ter sido casado com três mulheres e todas elas morreram. Na trama há temas ligados ao amor, ao matrimônio, aos segredos e as palavras. Há muitas divagações na narrativa, num estrutura complexa dos pensamentos do narrador sobre vários aspectos, que nos levam a refletir sobre nossa forma de viver a vida, e pontuando sobre o poder das palavras, como elas são capazes de esconder memórias, sentimentos e assim alterar a realidade e determinar o destino de uma pessoa. Sendo uma obra densa, um pouco complexa, onde os pensamentos e as divagações do narrador se sobrepõem à sua própria ação na história, mas que não chega a prejudicá-la. Uma obra marcante dos anos 90, sendo premiada na Espanha, Irlanda e França.
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Dan 08/09/2023

Da face oculta
"EU NÃO QUIS SABER, mas soube que uma das meninas, quando já não era menina e não fazia muito voltara de sua viagem de lua-de-mel, entrou no banheiro, pôs-se diante do espelho, abriu a blusa, tirou o sutiã e procurou o coração com a ponta da pistola do próprio pai, que estava na sala de almoço com parte da família e três convidados."

Esse é o início do célebre romance "Coração tão branco" (1992). De imediato, logo nas primeiras páginas, ficamos intrigados: O que levou Teresa Aguilera ao suicídio? É esse segredo que irá mover o eixo principal dessa obra-prima de Javier Marías. Dono de um estilo único, Marías escreve literatura como se fosse filosofia: não é a história que importa, mas as reflexões suscitadas pelos mais variados acontecimentos da narrativa. E é justamente sobre o tema do "segredo" - e o poder das palavras - que o escritor espanhol irá dissertar ao longo do romance, com base nos mais variados questionamentos: Até que ponto é correto moralmente guardar determinados segredos? É possível prever as consequências de um segredo depois de o contarmos? Quanto de nossa essência os segredos revelam? E, se não os revelamos, qual o efeito disso em nossa consciência? Tudo é contável para quem amamos? Qual o poder das palavras portadoras do segredo sobre o destino de quem as ouve?
"Coração tão branco" está entre os melhores romances da literatura contemporânea. Pouquíssimos rivalizam hoje à genialidade de Javier Marías, um clássico da literatura espanhola.
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Adriana 15/05/2023

Entediante e Enfadonho
Confesso minha burrice!!!!
A história vai de nada a lugar nenhum.
Extremamente descritivo, demais até. Uma ação gera uma descrição infinita....
Me parece que o autor escreveu para colocar seus próprios pensamentos, inventando uma história fraca e sem empolgação.
Não gostei
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Aline Parreira 21/04/2023

Esse livro faz parte do clube Bailinho Literário da Gabi Pazos, motivo pelo qual o li.

O principal mérito dele para mim foi o tipo de escrita. Não tenho lembrança de ter lido outro livro nesse fornato. E em um momento em que estudo Escrita Criativa, a leitura foi válida.

Confesso que, como leitora ávida por histórias, achei o livro muito difícil e em alguns momentos monótono.

Em nenhum momento me deu aquela vontade de ler "só mais um pouquinho", ato muito normal em leitores fisgados por uma boa história. Muito pelo contrário, me obriguei a terminá-lo.

E apesar da novidade, para mim, com a forma escolhida pelo autor para contar sua história, não o coloco na minha lista de melhores leituras do ano.
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Carla Verçoza 01/11/2022

O tradutor Juan divaga em Coração tão branco, acerca de seu casamento e sua família, que guarda alguns segredos. Reflete sobre seu casamento com Luiza, também tradutora, seu pai Ranz e seus casamentos, sua amiga Berta e outras personagens que aparecem durante a obra.
Um livro muito bem escrito, onde as palavras têm protagonismo e os segredos também. Narrativa em blocos longos, com poucos diálogo, um fluxo de pensamento bastante interessante de ler. Gostei muito.

"Do mesmo modo que uma doença muda tanto nosso estado a ponto de nos obrigar às vezes a parar com tudo e ficar de cama durante dias incalculáveis e só ver o mundo a partir de nosso travesseiro, meu casamento veio suspender meus hábitos, até mesmo minhas convicções e, o que é mais decisivo, também minha apreciação do mundo."

"Esta última frase ela lhe diz depois de ter saído decidida e voltado de untar os rostos dos serviçais com o sangue do morto ("Se sangra...") para acusá-los: "Minhas mãos são de tua cor", anuncia a Macbeth; "mas me envergonha trazer um coração tão branco", como se tentasse contagiá-lo com sua despreocupação em troca de ela se contagiar com o sangue derramado de Duncan, a não ser que "branco" queira dizer aqui "pálido e temeroso" ou "acovardado"."
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Lilian 09/07/2022

Extasiante!
"Como você está vendo, nossa vida não depende de nossos feitos, do que fazemos, mas do que se sabe de nós, do que se sabe que fizemos."

" 'Escutar é o mais perigoso', pensei, ' é saber, é ser inteirado e estar a par, os ouvidos não tem pálpebras que se possam fechar instintivamente ao que é dito, não se podem resguardar do que se pressente que se vai escutar, sempre é tarde demais. Agora já sabemos, e pode ser que isso manche nossos corações tão brancos, ou talvez sejam pálidos e temerosos, ou acovardados.'"
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Jacy.Antunes 26/12/2021

O poder das palavras
Javier Marias consegue a partir de uma tragédia ( o suicídio de uma jovem recém casada) construir uma trama baseada em Shakespeare. No livro Lady Macbeth esfaqueia o rei Duncan morto para não continuar com o coração tão branco, ou seja , assumindo também a autoria do crime.
O conselho do pai ao filho recém casado mostra o poder das palavras e a importância do silencio em uma relação.
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Thiago 23/10/2021

""Os adormecidos e os mortos são apenas como pinturas", disse nosso Shakespeare, e eu às vezes penso que todas as pessoas são apenas isso, como pinturas, adormecidos presentes e futuros mortos."

MARIAS, Javier. Coração Tão Branco. 1992.

Um livro para ler e reler, com uma história tranquila (apesar do começo um tanto chocante) que te faz pensar na sua própria vida. Certamente um dos meus favoritos da vida.

"Sei que me interessa, em compensação, vê-la dormir, ver seu rosto quando está sem consciência ou em letargia, conhecer sua expressão doce ou dura, atormentada ou plácida, infantilizada ou envelhecida enquanto não pensa em nada ou não sabe que pensa, enquanto não representa, enquanto não se comporta de maneira estudada, como fazemos todos nós num ou noutro grau diante de qualquer testemunha, ainda que a testemunha não nos importe ou seja nosso próprio pai ou nossa mulher ou marido."
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Kassia.Ferreira 10/04/2021

O personagem principal demonstra a insegurança e os medos do ser humano frente uma mudança significativa, uma nova fase da vida, agravada pela observação dos problemas que outras pessoas passaram. Os relacionamentos interpessoais de um indivíduo não necessariamente será uma cópia dos de outros. Para saber se o passo foi correto ou foi um erro é necessário realizalo, pois observar os passos de outrem causará insegurança.
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Etiene ~ @antologiapessoal 26/09/2020

Coração Tão Branco, Romance Espanhol, Javier Marías.

~ ?minhas mãos são de tua cor, mas me envergonha trazer um coração tão branco.?

Fico impressionada ao constatar, de fato, como cada livro me proporciona uma experiência tão absolutamente distinta uma da outra. Há os que me arrebatam por completo, me deixam reflexiva, me remodelam como pessoa. E há outros que me possibilitam um prazer imenso pelo ato - ação, realização, prática - da leitura em si, e este aqui é um desses. Eu li em pé, eu li no ônibus na volta do trabalho, eu li andando pela casa, eu li freneticamente. Eu me sentia capturada, à espera do clímax narrativo.

Apesar de sua natureza digressiva e monte de estórias paralelas, Coração Tão Branco traz consigo um sentimento de urgência em desvendar o mistério existente desde as primeiras páginas. Narrado por Juan, seu protagonista, o livro gira em torno de um suicídio e de seus desdobramentos, e o autor nos mantém em suspense até o final. A obra é uma aglutinação de trama irônica com uma prosa impecável e talentosas escolhas de vocabulário. Me sinto no dever de enaltecer esse livro!

Digo, sem grandes detalhes (deixo a surpresa para cada um ao lê-lo), que o livro é uma série de reflexões sobre os relacionamentos familiares e amorosos - as páginas dedicadas às empreitadas românticas de Berta são fabulosas! -, sobre os segredos que ordenam continuar encobertos e sobre as intrincadas equações ação/reação da nossa irrelevante existência. O arremate do livro está na afirmação de que ?tudo é contável?, que ?palavra puxa palavra?. Me pergunto: se tudo é contável, há valor no silêncio?

Javier Marías foi uma surpresa extraordinária e que rendeu a vocês uma fortíssima indicação! Genial!
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Luiz Pereira Júnior 30/05/2020

Leveza e profundidade
Como é bom ler um livro em algum lugar totalmente diferente daquele em que lemos. Os livros que lemos nas viagens parecem mais marcantes, fixam mais em nossas memórias, trazem-nos ainda mais recordações... Isso foi o que aconteceu comigo. Não sei se é um livro melhor do que os outros, mas a leitura feita em uma viagem, em um quarto e no terraço de um hotel de Macapá deu-me uma dimensão extra a uma obra que provavelmente teria passado despercebida se não fosse por essa mudança de ares...
E agora, vamos à obra. “Coração tão branco” lembra as obras de Proust e de Saramago, principalmente por seus longos parágrafos e pela tentativa de reconstruir um passado que parece perdido (e, a bem da verdade, na maior parte das vezes, está mesmo). Mas, apesar desses parágrafos longos, a leitura se faz de forma fluida, agradável, sem maiores percalços. Existem digressões, é claro, mas o autor não se deixa levar (obrigado, Senhor!) para o hermetismo fútil, para intrincadíssimos jogos de palavras que, no final das contas, não passam de um desafio ao leitor para não abandonar a obra e pegar outra que trate do mesmo assunto, com a mesma profundidade, mas sem tantos rococós e ornamentos.
Não darei spoiler, mas a resolução do mistério chega a surpreender o leitor (nesse aspecto, a resolução em si não chega a ser memorável a ponto de fazer o leitor ficar pensando dias, semanas ou meses em como o autor conseguiu montar a trama). O pai tem algo de abjeto, de insensível (pense nessa palavra em seu pior sentido), mas que acaba por encantar o leitor e tentar fazer justificar suas ações (ponto para o autor!).
Resumo da ópera: uma boa leitura, mas exigente em certos trechos. Mas talvez seja esse justamente o mérito da obra como aquele professor que exigia bem mais de nós pois sabia que poderíamos ir muito mais longe do que nossa simples inércia permitiria...
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Nanda 23/04/2020

Sempre há alguem que não sabe algo ou não quer saber
E assim nos eternizamos. Juan derrama todos os pensamentos da sua história. E da história de outras pessoas também. Nunca pensei tanto sobre alguem que pensa tanto. A importancia do dito e do não dito e o relato de diversas vezes em que os segundos escaparam entre os dedos dos personagens. E nunca mais voltarão. Segundos não voltam, palavras não voltam. Tudo é passado, até o que está acontecendo agora.
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