Coração tão branco

Coração tão branco Javier Marías




Resenhas - Coração tão branco


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DIRCE 30/11/2010

Insólita jronada
No início, confesso que tive uma dificuldade danada de engrenar na leitura deste livro. Foi tal qual as rodas de um carro tentando sair da lama: patinando, patinando e patinando, mas apenas no início, pois logo me entreguei a leitura com ansiedade e interesse culminado, no final, em êxtase, sem aos menos me dar conta da ausência quase que total de parágrafos e da narrativa prolixa ( a ponto de ficar sabendo que Juan jogou a sacola de plástico no lixo).
Dentre muitos temas que o livro trata estão as escolhas e, eu, me senti a escolhida. Escolhida por Juan ( o narrador) para mergulhar em seus pensamentos, em seus colóquios ( em português – Juan era intérprete, risos) e descobrir o que ele não quis saber,mas soube.
Tornei-me cúmplice de Juan, pois ele me segredou suas inquietações, suas incertezas, suas desconfianças, seus receios, seu medo em relação ao kit casamento: a rotina e a possível perda de identidade do casal, segredou-me até a sua compaixão por quem busca o que todos buscam: ser feliz (ainda que essa busca esteja longe de ser ortodoxa; como a de Berta).
Embrenhamos-nos juntos nessa insólita jornada, eu, seguindo Juan paulatinamente.Muitas vezes me vi obrigada a reler seus pensamentos para poder entendê-lo e, entender a sua preocupação com as palavras, com a “leitura” feita por quem as ouve (não foi uma interpretação errônea de uma frase dita por Tereza que provocou um gesto monstruoso e um outro desesperado? ) com o poder de persuasão que ela emana , um poder intrinsecamente ligado à iniqüidade da língua, uma vez que, ela pode, como uma víbora, expelir veneno.
Palavras...elas são no mínimo polemicas. Creio que cabe aqui uma colocação acerca do título: Coração tão branco.
Desde o momento em que a Paulinha indicou o livro em seu Grupo, para a leitura do mês de novembro, o título despertou minha curiosidade. Soube que ele provém de "Macbeth" (W. Shakespeare ), mais especificamente, da frase sussurrada por Lady Macbeth ao marido, que acabara de assassinar o rei Duncan: "Minhas mãos são de tua cor; mas me envergonha trazer um coração tão branco".
Entretanto, tomar ciência da origem do título , não foi o bastante para me esclarecer o seu real significado. A primeira vez que o li, julguei que significava coração "blindado". Depois pude perceber, pela resenha feita pela Sylvia , aqui no Skoob, que ela entendeu como um coração imaculado. Será? É...acho que sou obrigada a concordar com ela. Mas como saber se ela está certa se o próprio Juan questiona: (...) a não ser que " branco" queira dizer aqui "pálido e temeroso" ou " acovardado" . (pág. 69)
No final da nossa jornada, me perguntei qual seria a cor do pensamento e obtive como resposta , que os de Juan, sem dúvida, eram branco e preto, mas no final, após Juan apaziguar sua inquietações, ele quase que toma a cor do arco-íris e até deixa entrever o "pote de ouro".
Amandha Silva 16/12/2010minha estante
Não li ainda, não consegui cumprir o prazo da sociedade...
Mas agora quero lê-lo mais ainda.
Maravilhoso o que escrevestes, espero ter as mesmas impressões, ou pelo menos parecidas.
Abraço!


DIRCE 21/12/2010minha estante
Obrigada, Amanda.
Eu penso que nossa impressões serão no mínimo parecidas.
bjs


Zé Pedro 29/12/2011minha estante
Dirce, instigou-me a conhecer o autor!




*Carina* 01/07/2010

Imprevisível, irrecuperável e irremediável
“(...) as mulheres sentem uma curiosidade sem mescla, sua mente é indagatória e bisbilhoteira mas também inconstante, não imaginam ou não antecipam a índole do que ignoram, do que pode vir a ser averiguado e do que pode vir a ser feito, não sabem que os atos se cometem sozinhos ou que uma só palavra os põe em marcha, precisam experimentar, não prevêem, talvez estejam dispostas a saber quase sempre, em princípio não temem nem suspeitam o que se possa contar-lhes, não se lembram que, depois de saber, às vezes tudo muda, inclusive a carne, ou a pele que se abre, ou algo que se rasga.”

“Coração tão branco” teve precisamente esse efeito em mim: tudo mudou, minha pele abriu-se e minha carne foi rasgada. Fui cortada pelo livro como podemos ser raras vezes na vida, justamente em momentos em que nos permitimos não imaginar, nem antecipar, nem temer. Em “Coração...” Javier trata de questões que acredito serem caras a qualquer um que se interesse pelas desventuras humanas que vivemos a cada dia. Ele fala da força das palavras e do silêncio, do saber e do fazer, do não-pensar, do medo, do escutar e do dizer, do que é uma vida a dois. Acima de qualquer coisa fala do que é imprevisível, irrecuperável e irremediável: a vida.

O enredo em si não foi o principal na minha leitura, é uma história muito interessante, que começa com um acontecimento impactante e desperta interesse no livro. Mas a partir daí o que me moveu palavra após palavra, o que me tirou o fôlego, cortou a carne e apertou o coração foi a escrita de Javier. O modo como ele faz um ensaio sobre o humano, sobre sentimentos, relacionamentos, vida e morte, mas sem em nenhum momento dar a sensação de teorização. Ele está ali. O que ele escreve é parte dele que foi rasgada para ser oferecida a quem lê. O tempo inteiro a palavra que me vinha ao ler ou comentar o livro era a mesma: vida.

Então, o que tenho de mais importante para dizer sobre "Coração tão branco" é isso: é um livro vivo. As palavras de Javier cortam, rasgam, dilaceram, e acho impossível que alguém as leia sem ficar marcado para sempre. Mas apesar disso - ou talvez exatamente por essa razão - é um livro que indico para qualquer um que queira se aventurar nas agruras da alma humana.
DIRCE 30/11/2010minha estante
Oi Carina!
Adorei sua resenha e o livro, embora ele não tenha causado em mim o impacto que causou em você.
Tenha uma feliz tarde.
abraços.


silcarina 25/04/2014minha estante
Adorei seu texto, mas não o livro. Para mim não fluiu, narrativa arrastada. Mas isso é questão de gosto. É alta literatura, não deixa indiferente como você disse, mas repetia para mim mesma "coração tão branco e livro tão chato". Não me identifiquei.


Renan 11/04/2018minha estante
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Ju 05/11/2009

Surpreendente
A princípio foi difícil compreender e me habituar ao estilo do Javier, houve momentos, vários pór sinal, que cheguei a achar a escrita enfadonha e prolixa. Mas, persisti e não me arrependi. avançei na leitura e fui compreendendo que o que achava prolixo era na verdade uma riqueza de detalhes importante para a história.
A trama vai se tornando cada vez mais envolvente e é sufocante o desejo de desvendar o segredo do pai de Joan.
Ao final, refleti e conclui que em certas ocasiões é mesmo melhor "fechar as pálpebras dos ouvidos" e permanecer com meu coração tão branco... A língua fere.
DIRCE 30/11/2010minha estante
Oi Ju!
Terminei de ler esse livro e, no início, me senti como você.
Concordo com você: sem a riqueza de detalhes, talvez, o livro não fose tão "rico" como ele é.
Tenha uma feliz tarde.
Abraços.




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