Tamirez | @resenhandosonhos 17/10/2018AlenaTinha ouvido falar várias coisas sobre Alena antes de iniciar essa leitura. O autor, inclusive, esteve em Porto Alegre na Feira do Livro de 2017 autografando a graphic novel, que é a primeira de horror europeu publicada por aqui pela editora, que tem a maioria de suas publicações voltadas para os escritores nacionais.
Sabendo que iria encontrar uma história sombria, adentrei a narrativa com bastante expectativa. Para uma trama me causar espanto ou terror, ela tem que ser realmente forte, e não foi exatamente esses sentimentos que tirei dessa leitura. A coisa que mais replicou em mim durante o meu contato com Alena foi uma repulsa enorme de tudo o que estava acontecendo.
Que o ser humano é uma espécie horrível e que adora causar dor, acho que a gente já sabe, né? Mas ver o quanto isso é capaz de machucar a vida de uma jovem que já está maculada por algo tão triste como a perda de sua melhor amiga, apenas agrava a sensação horrível que eu tive durante toda a leitura.
Alena é bastante passiva quanto aos ataques e maus tratos que sofre durante grande parte da narrativa e as consequências disso me deixaram muito irritada enquanto vagava pelas páginas, pois queria que ela tomasse uma atitude. Já Josefin, que assombra a protagonista, mesmo sendo a melhor amiga, também não é lá flor que se cheire e, se formos analisar a coisa, tinha uma relação de amizade um tanto abusiva e tóxica com Alena.
Como estamos falando de um cenário adolescente, é claro que há um certo romance e também uma descoberta que sempre flerta com esse período da vida. Isso, agregado ao bullying, os fatores familiares que permeiam a vida da menina, a forma como é tratada na escola e seus conflitos internos, fica fácil perceber que a coisa vai ir de mal a pior. E é ai que o autor usa das suas artimanhas para trabalhar bastante cenas de violência explicita e abuso sexual e psicológico.
Com isso, vale ressaltar que não é uma graphic novel leve e recomendada para todas as idades. Pelo menos uns 16 anos seria recomendável para o leitor aqui, quase beirando a necessidade de uma taxação de 18 anos. Outro tópico importante é que por trabalhar temas fortes, é um título com vários gatilhos que precisam ser levados em consideração na hora de ir em frente com essa leitura. Portanto, fique atento.
Porém, mesmo tendo uma experiência interessante com o título, confesso que esperava um pouco mais, pois enquanto as cenas chocavam pelo peso, vi a trama principal ser pautada por coisas corriqueiras e bastante superficiais. Alena também não é uma personagem muito sólida. Há um ponto no meio onde o autor parece não saber decidir se apresenta uma personagem frágil ou alguém pronta para enfrentar qualquer coisa, e isso acabou por prejudicar um pouco o resultado final.
Mas, digo que se você gosta de histórias mais sombrias, vale a pena conferir. O final trouxe um bom fechamento, mesmo que o desenrolar tenha tido seus altos e baixos. E, contato com obras que nos causem sensações tão intensas é algo que sempre considero valer a pena.
site:
http://resenhandosonhos.com/alena-kim-w-andersson/