Gramatura Alta 11/10/2017
Livros são objetos curiosos. Eles têm o poder de aprisionar, transportar e, se você tiver sorte, até de transformá-lo. Mas, no fim, livros - até os mágicos - são apenas objetos montados com papel, cola e linha.
A LEITORA se passa em um mundo completamente diferente do qual conhecemos, um mundo em que o ato de ler é algo desconhecido e inexistente. Histórias de bravura e guerra, como muitas outras, eram passadas de forma oral, de geração a geração, pois não existia a escrita para registrá-las, como antigamente, quando em nossa realidade, ainda não haviam descoberto a escrita.
Uma história cheia de mistérios e pistas, a cada página que se passa, há uma surpresa por trás das palavras, uma narrativa detalhada, um mundo cheio de mistérios para serem descobertos.
Como em, A BIBLIOTECA INVISÍVEL, (resenha aqui), onde os agentes d'A Biblioteca, tem como objetivos encontrar obras preciosas e guardá-las em segurança para não se perderem ou caírem em mãos perigosas. A LEITORA traz uma ordem na qual mestres e aprendizes estudam a prática da leitura e aprendem a dominar tudo que envolve a escrita. Nesta organização existem assassinos treinados para manterem a ordem e procurarem apenas um objeto perdido, um livro.
A LEITORA conta a história de Sefia, uma garota que perdeu a mãe para uma doença e, anos depois, o pai para um grupo de assassinos. Criada por Nin, uma conhecida da família mestra em chaves, que a ajudou a fugir da cidade e, desde então, vinha ensinando a se cuidar.
Após ver Nin sendo capturada e torturada pelas mesmas pessoas que provavelmente assassinaram seu pai e que estavam atrás do estranho objeto que foi lhe deixado, Sefia jurou a si mesma que a iria encontrar e libertá-la, vingando seu pai e descobrindo o porquê de quererem tanto aquilo que ela carregava consigo.
O tal objeto era um livro, a garota não sabia o que era ou até mesmo o que fazia, mas, em uma noite, folheando aquele estranho objeto, ela descobriu algo. Sefia conseguira decifrar suas palavras, ela não sabia como, mas conseguia compreender e, então, descobriu que aquilo era um livro, um livro cheio de magia, que lhe fazia ver coisas que ela nunca vira antes.
Em seu caminho à procura de Nin, Sefia salva um garoto, um prisioneiro de um bando de homens enormes e fedidos. Ao ver o garoto naquela situação, preso em uma gaiola, sujo, com uma mistura de cheiros de mijo, palha e fezes, ela se negou a deixá-lo lá. A menina o alimentou, vestiu e ensinou um pouco de tudo o que foi ensinado a ela. Deu a ele um nome. O menino não falava, devia ter se esquecido de como fazia, ela pensava, mas era bom e aprendia as coisas muito facilmente, então passou a ser chamado de Arqueiro.
Ela mal sabia que Arqueiro se tornaria seu melhor amigo e primeiro amor. Juntos, eles foram em busca de respostas e vingança, ansiando assim para descobrir o motivo de tudo aquilo estar acontecendo.
Uma escrita contagiante, que prende o leitor em sua magia, porém com alguns pontos negativos. Com o decorrer da história, percebi que a autora não descrevia seus personagens, ela simplesmente os menciona sem nenhuma descrição. Procurei alguma indicação de como era a menina, Sefia, mas o máximo que obtive, foi a cor de seus cabelos. Não sei você, leitor, mas eu gosto de ver como os autores enxergam seus personagens, mas, neste livro, a autora nos priva disso.
Outro ponto negativo, foi que a autora não soube introduzir o romance entre Sefia e Arqueiro. Até certo ponto da história, ela os descrevia como amigos, não evidenciava que algo mais estaria surgindo entre os dois, porém, no restante da história, ela força tanto o romance, que ficou algo realmente artificial.
Contudo, a autora escreveu um boa história, com momentos de ação e entretenimento, é uma leitura rápida, porém não me identifiquei com nenhum personagem pela falta de descrição, e creio que o final poderia ter sido melhor.
A capa traz um degradê de tons terrosos, remetendo a ouro, que, na minha opinião, não deu muito certo, pois não favoreceu o contraste no acabamento gráfico. A ilustração é composta por uma imagem em estilo xilográfico que causa estranheza em um primeiro olhar, e até aversão (como foi o meu caso), porém, quando se pesquisa mais a fundo, entende-se o porquê da escolha desse tipo de ilustração, pois tende a remeter a um povo com pouca instrução, com formas arcaicas de perpetuação de conhecimento. O titulo em auto-relevo é escrito com uma fonte estilizada, que remete à escrita do oriente médio, feita com uma caneta de escrita paralela (Parallel Pen).
Gostei de como a autora introduziu certos detalhes. Por exemplo, em certas páginas, foram postos alguns desenhos para representar digitais, sujeiras, riscos e queimados. Outra coisa que achei muito interessante foram asmensagens ocultas por todo o livro, então, fique de olho bem aberto.
RESENHA ESCRITA PELA MARIANA!
site: http://www.gettub.com.br/2017/10/a-leitora-mar-de-tinta-e-ouro.html