Luiz 01/08/2023
Quanto mais simpres, mior
Através da relação entre vó Dita, e neto Chico, a história caricata, ao mesmo passo que humana (das maiores qualidades de Chico Bento), a estética visual se une a escrita, se fundindo em uma só, nos transportando para o fundo do âmago do protagonista, utilizando a linguagem própria do mesmo, real, aproximando-o de quem o lê, a ponto de personificar seus medos em figuras típicas do folclore brasileiro, para representar seu momento de fragilidade: a eminência da perda da avó, o trauma de lidar com o luto novamente.
A história passeia, abraça e aflige, com frases e tons, transita entre o medo, tensão, alegria, brincadeira de criança e esperança, convidando o leitor a refletir, discorrendo sobre a importância de aproveitar cada momento da vida, não com o imediatismo do "viva cada dia como se fosse o último", mas sendo o que é, único, simples e belo, cada breve instante, a sua maneira de ser, que a mais comum das atividades cotidianas, seja contemplada.
Uma tentativa de resgate das correntes da rotina e acomodação, que nos puxam para o modo automático, para que possamos "apreciá", cada uma das "arvoradas" que venham a florescer. Me fez lembrar da minha vozinha, da infância tranquila no interior e nos pequenos momentos de alegria genuína, como tirar uma bola de cima de um telhado, as vezes o acontecimento era mais comemorado que o próprio gol. As páginas foram pra mim um chamado a essa criança.
Nas palavras da vó dita: cada momento é como uma fror brotando. si a gente num si aquietá pra apreciá... vão simbora como si nem tivesse ixistido."
"Chico, a vida é um presente qui merece ser apreciado, vê as froris do ypê mi ajuda a num esquece disso."