@retratodaleitora 04/06/2017Trama envolvente e personagens marcantes!Neste livro de pegada sombria conhecemos os integrantes da família Iremonger, a família mais respeitada (pelo menos entre eles) e mais rica de toda a Londres, que vive em uma grande casa feita de pedaços de outras construções. Um verdadeiro castelo mal-ajambrado no meio de um mar de entulho, uma imensidão de lixo. Eles não se misturam com as outras pessoas, e casam entre eles. É uma grande família; enorme, na verdade, e os de linhagem mais distante são serviçais na casa.
Conhecemos a história dessa família pelo ponto de vista em primeira pessoa de Clod Iremonger, O Menino Adoentado, que nunca teve tranquilidade na vida, pois ele consegue ouvir os objetos. Todos os integrantes da família recebem um objeto pessoal, um objeto de nascença, e ficam com eles até o fim da vida, é regra. O de Clod é um tampão universal, que cabe na maioria dos ralos de pia, e se apresenta como James Henry Hayward. Pois é isso que Clod ouve, o nome dos objetos.
"Aqueles apêndices de carne nas laterais da minha cabeça faziam coisas demais; aqueles dois buracos pelos quais os sons entravam viviam assoberbados. Eu escutava coisas quando não devia."
Seus familiares acham que ele é maluco, e que não vai durar muito; e, por ser tão diferente, ele é motivo de piadas e alvo da ira de seus tios e primos.
Mas a aventura tem início quando a tia Rosamud perde ser objeto de nascença, uma maçaneta de latão, e de uma hora para outra aquela casa enorme vira uma bagunça para encontrá-la, para que Rosamud possa sossegar. Mas o segredo que envolve esse sumiço é maior e mais assustador do que eles pensam.
E aí chega uma nova narradora, a órfã Lucy Pennant, que um belo dia é tirada do abrigo e se vê livre do destino triste e fedido de trabalhar no lixão para servir aos Iremonger, pois se descobre que ela tem algum parente com aquele sangue, mesmo que muito, muito distante. Então ela é salva do lixão, para ser jogada em um covil de loucos. De repente, ela não sabe o que é pior.
"Tenho cabelos ruivos e grossos e um rosto redondo e um nariz arrebitado. Meus olhos são verdes e mosqueados , mas esse não é o único lugar em que tenho pintas. Todo meu corpo é sarapintado. Tenho sardas, sinais, manchas e um ou dois calos nos pés. Meus dentes não são lá muito brancos. Um dente é torto. Estou sendo sincera. (...) Meu nome é Lucy Pennant. Esta é a minha história."
O sensível e amedrontado Clod e a teimosa Lucy Pennant então se conhecem e, mesmo naquele cenário horrível, uma improvável amizade tem início.
Logo na capa do livro tem um comentário que diz assim: "Uma encantadora mistura de Charles Dickens com Lemony Snicket." Comentário que, somado a essa capa maravilhosa, deixa o leitor querendo querendo saber mais. E a história não decepciona! O livro se passa no século 19, em uma Londres da imaginação do autor. Toda a trama foi muito bem desenvolvida, assim como os personagens, diálogos e ambientação. Isso sem falar, claro, das ilustrações, feitas pelo próprio autor.
E como são ricas as ilustrações! O leitor é presenteado com a ilustração de cada personagem, e o autor dá bastante ênfase às características mais marcantes de cada um, deixando transparecer um pouco a personalidade dos mesmos.
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Essa foi uma leitura muito, muito instigante. Me vi totalmente envolvida pelos protagonistas e seus dramas, torcendo muito por eles. Se me visse obrigada a escolher apenas uma palavra para definir essa leitura seria cativante, E, não, não o vejo como um livro infantil.
Não vejo uma criança de 6/7 anos lendo e entendendo o livro. Tem palavras aqui mais difíceis, além de algumas sacadas um pouco mais adultas e diálogos que precisam ser decifrados. Não é uma leitura rápida, e não é um livro que eu recomendo para crianças com menos de 12 anos. Mas, a partir dessa idade, acho que pode sim ser uma boa pedida, principalmente se tiver lido Desventuras em Série antes, pois essa pode ser considerada uma versão mais intrincada dos livros de Lemony Snicket.
A edição é muito bonita e não encontrei erros de revisão. As páginas são amareladas e todas as ilustrações em preto e branco.
Leitura recomendadíssima! E, como esse é o primeiro de uma trilogia e ele termina em um momento bem tenso, estou roendo as unhas pela continuação!
Resenha com fotos da edição lá no blog:
site:
http://umaleitoravoraz.blogspot.com.br/2017/06/o-segredo-de-heap-house-de-edward-carey.html