Fábio Valeta 22/03/2020
Mais uma continuação da história da fictícia cidade de Kingsbridge na Inglaterra, tendo sido precedida por “Os Pilares da Terra” e “Mundo sem Fim”. Enquanto o primeiro livro se passa no século XII: durante uma guerra civil de sucessão do trono inglês e o segundo no Século XIV: período da Guerra dos Cem anos e da Peste Negra, essa terceira parte é sobre o século XVI, período da Reforma Protestante e, mais importante, o período que transformou a Inglaterra em uma grande potencia mundial: o Reinado de Elizabeth I.
Follet, aficionado tanto pela história inglesa quanto por “estórias” de espionagem, aqui une suas duas paixões, mostrando um jogo de espiões em meio aos conflitos religiosos devido ao surgimento de uma nova vertente do catolicismo. De um lado, os protestantes sob a liderança da Rainha Elizabeth com um discurso de tolerância religiosa ao mesmo tempo que tenta promover a dominância protestante no país e no resto da Europa, enquanto do outro, vários grupos católicos determinados a destruir a nova crença a ferro e fogo.
“Coluna de Fogo” difere muito dos livros anteriores da saga. Em primeiro lugar, o foco deixa de ser a cidade de Kingsbridge, que pouca relevância tem na história. Sua Catedral, tão importante para o primeiro e segundo livros, é uma mera sombra, usada como referência dos livros anteriores. A História se expandiu tanto que não cabe mais apena na Inglaterra, tendo cenas na Espanha, França, Países Baixos e até mesmo no Novo Mundo. E devido à complexidade da história, dezenas de figuras históricas reais se misturam com os personagens criados pelo autor. Há também vários momentos bem conhecidos que são narrados no livro, como a Noite de São Bartolomeu, a derrota da “Invencível Armada” Espanhola e a Conspiração da Pólvora que quase explodiu o Parlamento Inglês em 05 de novembro de 1605 ("Remember, remember, the 5th of November / The gunpowder, treason and plot; / I know of no reason, why the gunpowder treason / Should ever be forgot."). Ao todo o livro narra mais de 60 anos de história inglesa em suas 800 páginas.
O conflito religioso também é retratado na figura do casal de protagonistas. Ned Willard é um protestante moderado, que acredita acima de tudo na tolerância religiosa, embora seu trabalho como espião do governo inglês o faça levar várias pessoas a serem condenada à morte devido a suas crenças. Já Margery, embora católica fervorosa, também acredita na tolerância, mas passa a maior parte de sua vida dominada pelos homens ao seu redor. O pai, o irmão mais velho e o marido que escolheram para ela contra a sua vontade.
Novamente, Follet entrega um trabalho magistral. E já está previsto o lançamento de uma nova continuação, dessa vez retroagindo ao século X. “The Evening and The Morning”, que pela sinopse trata das invasões Vikings, está previsto ainda para 2020. Se o Coronavírus deixar.