Thayssa 02/09/2020
Sabe aquele livro que pega de surpresa? Então.
A sinopse é bem simples: uma colônia penal, completamente isolada, em que ninguém sabe onde fica. Só se sabe que é no Brasil, em um lugar esquecido. Essa colônia penal situa-se em uma antiga terra testemunha de muito sofrimento - isto porque a terra não só assistiu como absorveu o sangue de todos os escravos ali torturados e assassinados. Nesse clima, o livro desde a primeira página traz aquele embrulho na barriga - você sabe desde o início que tem muita coisa errada acontecendo ali.
Conforme os personagens vão se apresentando, nos damos conta de que o número de presos no momento é baixíssimo, porque muitos desapareceram - estranho isso no nosso país ne? - e que todos eles pressentem um fim, uma data final, próxima. Mas o que causaria esse fim? O que acontece com todos os presos que já estiveram ali?
Ninguém sabe ao certo, só sabem que acontece. Todos tem a certeza de que ninguém sai vivo daquele lugar. Ele é um campo de extermínio, legalizado e sustentado pelo dinheiro público, e em pleno funcionamento. Os presos, cada qual com seu passado, seus pecados e virtudes, vão planejando suas fugas, mas sempre sem saber o dia do amanhã.
Em todas as páginas meu sangue ferveu. Se a gente já sabe do estado de coisas inconstitucionais que temos no nosso sistema carcerário, eu não sei definir tudo o que esse livro relata. A única coisa que eu sei é que essas pessoas em nenhum momento são consideradas humanas, mas apenas bichos, números, brinquedos.
Eu não posso dar mais detalhes, qualquer coisa além seria spoiler. Mas te digo isso: é um livro curto, rápido, eletrizante, daqueles que você não larga, e vai te trazer MUITAS reflexões. Zero defeitos, mesmo. Quero ler mais coisas da autora, parece que ela é mestre em críticas sociais.
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