Letícia Stohler 22/08/2020Lada Dragwlya e Radu, seu irmão mais novo, foram ainda pequenos retirados de sua terra natal e levados a viver na corte Otomana, lugar que Lada despreza e pretende, um dia, deixar para trás, voltando a reivindicar o que é seu. Lá eles conhecem Mehmed, o filho do sultão.
Ao longo do enredo, vamos acompanhando o crescimento da amizade do trio, os conhecendo intimamente, desde de suas paixões aos seus medos.
Lada é a personagem feminina mais forte que já vi. Ela tem certeza do que quer e faz o que for preciso para conseguir. Em todo o livro percebemos sua luta para permanecer fiel a sua essência e a si mesma, e em diversos momentos vemos ela voltada para seu próprio interior, em busca de entender o que estava mudando durante seu amadurecimento. Sonha grande e não se contenta com pouco, compreende que se quiser um futuro brilhante, deve fazer acontecer.
Mesmo a admirando imensamente, em alguns momentos sua determinação a afasta de pessoas que a querem bem. Isso nos deixa possessos, atingindo principalmente aos leitores que só querem ver um bom final feliz.
Nos deparamos, em diversos momentos, com os preconceitos ainda existentes naquela época, principalmente se tratando de mulheres incluídas na sociedade. Lada não se sente confortável por ser uma mulher, porque sabe que isso a atrapalha a atingir seu maior potencial. Acompanhamos o princípio de seu crescimento e de sua aceitação com ela mesma. Se ela quer algo, ela simplesmente faz acontecer.
Ainda falando sobre os preconceitos da época, a sexualidade, e a existência de homens e mulheres homossexuais era um verdadeiro tabu. É um livro que aborda esse tema com bastante naturalidade, e nos deixa extremamente nervosos, já que há um triângulo amoroso totalmente platônico e não correspondido. A autora consegue dosar com maestria o romance e essa paixão de cunho tão intenso, com a áurea de luta e estratégia que flutua sofre o enredo.
Radu, é com certeza o completo oposto de sua irmã mais velha. Enquanto vemos Lada como uma personalidade forte que não tem muito a temer, nos deparamos com o caçula, que em sua infância era extremamente chorão, temedor de sua própria sombra e era, ao contrário de sua irmã, amável.
A autora consegue fazer o crescimento dos protagonistas parecer natural, em aspectos de personalidade e exterioridade. É um livro que possui personagens palpáveis, sinceros e verdadeiros, que tem sentimentos, medos e principalmente... determinação. É uma das primeiras vezes que me sinto assim lendo um livro. Talvez isso se deva ao fato de os acompanharmos desde seu nascimento, e por termos a oportunidade de entender todas as suas motivações, sejam elas a coisas ruins ou boas. Compreendemos também, sua essência, e que é de natureza humana ser cruel em alguns momentos.
Acompanhamos uma paixão avassaladora e vemos também o autocontrole e força de vontade.
O que mais me comoveu nessa história, nem foi o enredo, mas os personagens. É uma leitura que tem um ritmo lento e interessante.
É um livro que fala sobre determinação, força de vontade e autocontrole diante de seus próprios sentimentos. Para quem gosta de um pouco de história, guerra e estratégia esse é o livro certo. E claro, aos românticos que estão sempre à espreita, espere paixões intensas, platônicas e muitas vezes não correspondidas.