Resenhas - Kafka à Beira-Mar

Amanda Bia 30/04/2024

A vida é uma metáfora!
Kafka Tamura é um adolescente que foi abandonado pela mãe e pela irmã mais velha quando tinha quatro anos e não se dá bem com o pai. Seu pai um dia lhe diz uma profecia atroz e ele resolve fugir de casa para tentar evitar esse destino. Ele chega em uma cidadezinha onde existe uma biblioteca particular famosa e ali conhece pessoas que acabam ajudando na sua fuga e mudando a sua vida.
Satoru Nakata é um senhor idoso que na infância participou de um incidente que fez com que ele esquecesse todo seu passado e alterou seu cérebro de tal maneira, que ele nunca mais conseguiu aprender a ler e escrever, porém ele consegue conversar com gatos e isso faz com que ele possa encontrar os gatos que se perdem no bairro. Em uma dessas empreitadas, ele acaba cruzando com uma pessoa que muda completamente o rumo da sua vida.
Sem saber suas histórias estão de certo modo conectadas e as ações de um acabam impactando a vida do outro. Com direito a participação especial do Johnny Walker e do Coronel Sanders, chuva de peixes e sanguessugas, pedras que abrem passagens, música clássica e muitas conversas, no final de tudo a gente só chega a conclusão de que a vida é uma grande metáfora.
Esse livro é uma grande brisa. Não espere que as coisas malucas que estão acontecendo vão fazer sentindo em algum momento, porque não vão e nada vai ser plenamente explicado. Você pode interpretar os acontecimentos de diversas maneiras, mas até o autor disse que é necessário ler ele mais de uma vez para tentar chegar a alguma conclusão plausível.
Mesmo com tudo isso, foi uma das leituras mais instigantes e profundas que eu já fiz. Ela levanta várias questões sobre o sentido da vida, destino, sobre como pessoas podem influenciar nossa jornada e que a gente não faz nada sozinho. E não posso deixar de mencionar o Hoshino que foi o melhor personagem até o fim. Eu sinto que ela vai ficar rodando por muito tempo na minha mente e um dia no futuro quero ler ele de novo.

Gustavo Carnelós 30/04/2024

Interrogações à deriva
Um dos livros mais absurdos que já li.
A história é intrigante e desperta curiosidade sobre como vai se desenrolar, afinal, a menção a uma profecia e outros elementos misteriosos instigam o leitor (que espera ter sua curiosidade saciada). Me lembrou o livro "A história sem fim", onde também acompanhamos um garoto numa jornada mágica, mas enquanto lá toda a fantasia tem seu lugar em um mundo paralelo, em "Kafka" o surreal faz parte da realidade, o que acaba deixando muitos trechos meio sem pé nem cabeça, com situações que parecem cena de sonho e seres que, além de não ter explicação, também não apresentam quais as motivações para suas ações. Apenas agem. Ou seja, muito de nossa curiosidade fica no ar. É como se o livro dissesse: é assim porque é.
Posso dizer que gostei mais dos personagens (humanos) do que da história em si, eles são muito interessantes e deles vieram muitas falas e pensamentos que dialogaram fundo comigo.
No geral, apesar de muita estranheza no meio, me surpreendeu e foi uma boa experiência.

Mare 26/04/2024

O mundo é uma metáfora, Kafka
Claramente Murakami pensou muito intencionalmente em como fazer essa história ser nojenta, pegou o personagem e ficou imaginando ?o que posso fazer para causar repulsa no leitor?? E assim nasceu Kafka à beira-mar.

Por ter mais de 500 páginas, se vc for fazer um balanço pelo menos em 250 temos inc3sto, ped0filia, e$tupr*, violência animal e muito descrição nojenta sobre s3xo de um mlk de 15 anos. Tudo escrito como se fosse a coisa mais coerente de todas, a melhor opção para o protagonista.

A outra metade temos uma fantasia sem pé nem cabeça mas verdadeiramente envolvente, no fim não se tem explicação mas tem um final até certo ponto fechado.. não sei se encararia mais uma do Murakami. Me dói pq poderia ser uma leitura brilhante mas muitos detalhes desgatam.

De longe Nakata foi meu personagem favorito, poderia ter excluido totalmente a outra história que, pra mim, seria muito melhor.

Me falta palavras pra descrever a repulsa de quando eu lia sobre as personagens femininas. É muita prepotência masculina, chegou a ser insuportável pra mim como mulher.

A filosofia é até que interessante, pra quem nunca teve aula de filosofia ou ciências políticas, se não, já são reflexões batidas.

Me senti guerreira por ter conseguido terminar, pra ter uma opinião melhor formada, mas não valeu a pena. Depois dessa nunca mais êxito em abandonar uma leitura, minha paz e meu tempo são preciosos demais para desperdiçar.


Trechos que gostei:

?vida tem sua graça porque as coisas não saem do jeito que a gente quer.?

?Nós todos somos destruídos e desaparecemos porque o mundo se estrutura sobre destruição e perda. Nossa existência é apenas um teatro de sombras desse princípio.?

Andréa 23/04/2024

Você nunca fugirá do seu destino.
Ainda não posso dizer que gosto de realismo fantástico, mas digo que Murakami sabe montar uma boa narrativa alinhando duas histórias em paralelo. Não dá pra ler o livro tentando achar uma explicação para tudo e talvez seja essa a intenção do autor, mostrar seu ponto de vista de que talvez você não ache graça se tentar achar um significado para tudo na vida.

luzzi8 18/04/2024

?O destino é como uma tempestade de areia...?
Foi a segunda vez que li esse livro, pois não consegui digerir muito bem da primeira, visto que fiquei bastante desconfortável com o decurso dos acontecimentos. Mas, agora, entendo que essa foi a intenção do Murakami ao escrever esse livro, causar desconforto, da maneira mais absurda que se poderia imaginar.
Enfim, foi estranho, mas, ao mesmo tempo, uma história extremamente imersiva.

Rayssa 16/04/2024

Perfeito até que
Vou ser honesta com vocês, quando chegou ali dos 60% aos 80% eu estava muito investida e não queria parar de ler! Queria saber o que ia acontecer e tals. Minha única ressalva era o livro ser longo, mas achava tudo amarradinho. Não estava vendo coisas aleatórias.

Mas ele não explica nada. Você fica querendo saber o que tava rolando ali e cri cri cri.

Achei decepcionante.

No final as coisas se resolveram sem emoção e justificativa.

Não poderia dizer que é ruim, pq o autor faz mesmo parecer que aquelas pessoas existem e a gente vibra com a complexidade deles e a singularidade do desafio, mas não achei que foi grande coisa no fim.

E FINS são sempre muito significativos na sensação final do livro, né?

soufernanda 14/04/2024

Haruki Murakami e a revolução na contação de histórias
Este livro foi a maior surpresa de 2024 e é também, sem dúvidas, um dos livros mais intrigantes e envolventes que eu já li em toda a minha vida.

Pra começo de conversa, o livro conta, em capítulos alternados, pelo menos 3 histórias ao mesmo tempo:

1. As aventuras de Kafka Tamura, um adolescente de 15 anos que foge de casa para escapar da maldição lançada sobre ele por seu próprio pai.

2. A vida pacata de Satoru Nakata, um idoso com problemas mentais e que possui a peculiar habilidade de falar com gatos.

3. Os depoimentos coletados pela polícia no ano de 1944, em que os envolvidos no incidente ocorrido da província de Yamanashi forneceram todas as informações que tinham a respeito da perda coletiva de consciência de 16 crianças.

Assim, desde os primeiros momentos da narrativa, somos tomados pela curiosidade e passamos boa parte da leitura tentando descobrir qual a conexão entre essas três histórias.

Este livro, que é permeado de eventos fantásticos, nos ensina importantes lições sobre a vida. Peculiar, não? Mas é justamente a forma inusitada de transmitir essas mensagens (envolvidas por um enredo interessantíssimo) que faz com elas fiquem gravadas em nossa mente.

Para além disso, os personagens são extremamente bem construídos e contribuem significativamente para a construir a aura de mistério do livro, ao mesmo tempo que nos servem como guias e nos ajudam a compreender as razões por trás dessas ações que apenas parecem ser aleatórias e desconectadas.
Dentre os personagens, Oshima, Hoshino, Nakata e Kafka são especialmente memoráveis ??

Mal posso esperar para ler mais livros desse gênio chamado Haruki Murakami.

Façam um favor a si próprios e leiam esse livro!

Marcelo.Alencar 10/04/2024

Um livro perfeito.
Que espetacular que são os livros de Murakami. Numa mais esquecerei das histórias de Kafka e Nakata. Uma obra mágica, personagens espetaculares, ensinamentos para uma vida inteira. Um NOBEL a caminho. Já é sem tempo. Nota 5 estrelas!

?Como num velho sonho de sentido ambíguo, o tempo recai pesado sobre você, que continua a se mover, procurando passar por ele. Mas dele provavelmente não será capaz de fugir mesmo que vá até a borda do mundo. Ainda assim, você tem de ir até lá. Pois há coisas que só podem ser feitas na borda do mundo.?

Taty está lendo 09/04/2024

10/10
Primeiro livro do Murakami que leio e posso dizer que eu amei do início ao fim e se tivesse mais mil páginas eu iria ler sem reclamar. Personagens envolventes e carismáticos que me proporcionaram uma leitura rápida e gostosa.
Uma leitura leve, empolgante que mescla realidade e fantasia que requer muita atenção do leitor para não misturar os acontecimentos q abrangem a trama.
Dele tirei vários aprendizados e otimas reflexões, caso vc leia o livro com o intuito q foi posto na obra.
Vou ler mais livros dele com certeza e Murakami entrou na minha lista de melhores escritores.

"Todo o mundo precisa de um lugar a que possa pertencer" - Oshima

Laura.Brito 09/04/2024

Filosofia de bar
A sensação que tive lendo esse livro foi de que, definitivamente, ele não foi escrito para mulheres. A narrativa é envolvente, a escrita é leve e gostosa e as metáforas, certeiras. Mas o abuso das personagens femininas não funcionou comigo. Entendo o peso do mito de Édipo dentro da narrativa, mas algumas cenas me pareceram somente desnecessárias. Como mulher, me cansa ler personagens femininas que são só pontes para o desenvolvimento pessoal do protagonista. O sexismo, a hipersexualização da mulher e a chacota com o feminismo tornaram essa leitura, por vezes, insuportável. Pensei em abandonar a leitura de vez, mas consegui retornar com o objetivo de terminar a leitura para ter uma opinião melhor formada. E minha opinião é: minha irritação não foi recompensada.
Foi meu primeiro contato com Murakami e talvez esse só não tenha sido o livro pra mim, mas confesso que esse primeiro contato não me dá vontade de ter mais nenhum.

Mel 09/04/2024

Confesso
Que não entendi nada. Foi complexo demais pra mim, provavelmente tinha muito subtexto que eu não peguei.
Também falou demais do pênis de um menino de 15 anos pro meu gosto.

Lucaslucasrocha 06/04/2024

Uma viagem onírica
Os acontecimentos do livro poderiam facilmente ser resumidos em umas 20 páginas
Não acontece muita coisa, objetivamente falando... Ah! Mas no campo das ideias, diálogos, apreciação da arte e música e principalmente sonhos, esse livro é um deleite onírico e filosófico. Kafka a beira mar vai do brutal ao lisérgico... Da contemplação a explosão. Tudo isso acompanhando personagens interessantíssimos, multifacetados e únicos!

BiblioMahnia 31/03/2024

Um dos melhores livros que já li
Absolutamente fantástico. Enquanto lia era como se eu estivesse flutuando. Mesmo com o ritmo lento dos acontecimentos, que a princípio parecem desconexos, da metade pro final você percebe que tudo vai se encaixar, mas como? Impossível prever antes da última página. É um livro que te prende, que te choca, te entristece, te alegra, te leva pra mundos estranhos. Uma mistura de realismo mágico com mistério e ficção científica, etéreo e musical (inclusive recomendo ler enquanto escuta uma das playlists do livro, criadas por fãs no Spotify). A escrita de Murakami é sem dúvidas uma das minhas preferidas. Tomo a liberdade pra separar o autor da obra (lavo minhas mãos e saio correndo).

Mari Vannucci 20/03/2024

O príncipe nômade que detém a chave do mistério.
Murakami explorou muito bem o tema e o mito de édipo. Uma jornada no autoconhecimento. Sobre autoconsciência e adquirir a capacidade de ouvir a si (através de um menino chamado corvo).
Um livro muito bonito e sensível (e bizarro às vezes).

Por mais que tenham capítulos densos, não é uma leitura arrastada mas também não é um livro que foi construído para ser devorado. Esse se saboreia, aos poucos; para digerir e compreender. É literalmente aquele tipo de história que você tem que SENTIR.

marcosandrade.e 18/03/2024

Haruki Murakami demais
Um livro que é Haruki Murakami demais. Dentre todos que eu li (Sono, Minha Querida Sputnik, Tsukuru Tazaki), esse é o mais fantasioso e complexo.
Cativante e cheio de cenas controvérsias e nuançadas, esse livro consegue trazer o real, a fantasia, o sexo, o cômico e o trágico de um modo totalmente entrelaçado e coerente, mas que ao mesmo tempo é absurdo.
Gostei muito da leitura, me cativou ainda mais a ler outras obras do autor.