EGBraga 21/03/2024
"A Cidade das Máscaras": This is Cinema
Neste livro, a autora expande personagens conhecidos, introduz novos e elabora melhor o universo de sua obra. Em relação a esse último quesito, arquiteta de modo bem mais orgânico quando comparado com "A Biblioteca Invisível", carente de explicações importantes sobre a ambientação cultural, política e da construção do mundo de modo geral. Mas esse não é o ponto alto.
Em "A Cidade das Máscaras", Irene é levada aos limites de sua ética, profissionalismo e noções básicas de sobrevivência. É muito interessante vê-la se desenvolver, experimentando sensações dicotômicas com relação a "é isto que quero" contra "é isto que a biblioteca quer", sendo, talvez pela primeira vez, heroína ativa em sua própria história. Kai também teve seu destaque, embora maior nos primeiros capítulos do livro, e mostrou-se, ironicamente, mais humano ainda que possesso por sentimentos primitivos para além da compreensão. E esse também não é o ponto alto.
Vale elevou o conceito a ponto de eu ter que expressá-lo em letras maiúsculas. THIS IS CINEMA, apenas. A autora conseguiu ampliar o arquétipo de detetive muito disseminado na literatura, adicionando toques de autenticidade e humanidade ao seu personagem. Sua abordagem, seu desenvolvimento, sua postura e sua essência, em tudo me surpreendeu ? até mesmo aos personagens ? como uma peça elementar oculta em sua mais óbvia possibilidade.
Por fim, estou mais do que muitíssimo satisfeita, permitindo-me exceder em hipérboles, pois essa leitura em particular merece ser exaltada. Estou ansiosa, até mesmo apreensiva, para o terceiro livro.