Thaís 27/06/2021
Tradição vs controle
Antes de começar, preciso fazer uma declaração: sou das antigas e dou muito valor às tradições. Sim, acho que um povo sem tradição dificilmente consegue manter sua cultura. As tradições são um retrato do que já fomos e, por consequência, quem somos. Mas também acredito que a tradição pode e deve ser modernizada, dentro daquilo que a comunidade entende como pertinente e que não descaracterize a cultura. Sou das antigas mas flerto como o futuro. Acredito que evoluímos e precisamos que a cultura retrate isso. Respeito as diferenças e espero que também me respeitem. De tudo que é descrito no livro, apenas uma me deixa indignada: a violência. Não existe tradição que justifique a violência, seja ela de qualquer natureza, inclusive verbal. Entendo que a tradição não pode ser justificativa para recriminar ou reduzir outro ser para benefício próprio. Da mesma forma não acredito em "guerras santas". Ler sobre o Afeganistão sempre me deixa tensa, sei que nem tudo é sofrimento, a própria autora faz questão de dizer na entrevista que fecha o livro. Mas é igual dizer que no Brasil as pessoas não vestem roupas, diga isso ao povo do sul e vão te convidar a passar um inverno nos pampas. Eu acredito que o povo é mais, mas o que chega para a gente é o sofrimento das aldeãs, uma luta sem fim para mudar o que parece sem imutável. Admiro essas criaturas que não têm opção mas mesmo assim procuram levar uma vida digna. É sempre a cruz e a caldeirinha.