May Tashiro | @slcontagiante 24/10/2017Se eu amei? Achei perfeito, foi maravilhoso e eu não sei o que vou fazer sem...Olá, gente linda e maravilhosa desse Skoob de Deus!
Para iniciar esta resenha precisamos saber alguns fatos:
1. Romance entre rendas é o último livro da série As modistas;
2. Eu tinha excelentes expectativas para essa série… foi um pouco decepcionante;
3. Eu não tinha boas expectativas para esse último livro;
4. Romance entre rendas é o meu livro favorito dessa série.
O que isso te revela? Criar expectativas é uma coisa ruim, vocês já estão cansados de saber. Existe cura? Hummm, acho que não, mas vale muito a pena você ler Romance entre rendas. Que livro divino, tudo aquilo que eu amo nas obras da Loretta Chase você encontra nele. Fazia tempo que eu não experimentava essa combinação louca de machismo ao extremo, uma lady inteligente e cansada do pedestal* em que ela foi posta pela sociedade, debates acalorados, uma estória divertida e inteligente… Vamos voltar para aquela parte em que eu disse que esse é o meu livro favorito dessa série?!
Havia certas pessoas que nem sabiam da existência deste livro. Vou te perdoar, Lua, até porque parece mesmo uma trilogia. Os três primeiros livros – Sedução da seda, Escândalo de cetim e Volúpia de veludo – são cada um sobre uma das irmãs Noirot, que são modistas. Só que, no pano de fundo, Lady Clara Fairfax sempre, sempre mesmo, está envolvida. Podemos dizer que o empurrão do universo dessa série é ela, começa com as modistas querendo vesti-la melhor. E, obviamente, tem alguns pontos indiscutíveis sobre a importância da Clara em toda a série.
Vamos lembrar de algumas relações da Clara com os livros?
1. Duque de Clevendon, protagonista de Sedução da seda, era noivo de Clara;
2. Ela não se mete em nenhuma enrascada nesse primeiro volume, mas é o estopim para o encontro entre o casal protagonista;
3. Conde de Longmore, protagonista do Escândalo de cetim, é irmão de Clara;
4. Ela se mete em uma encrenca muito ruim no segundo livro;
5. Marquês de Lisburne, protagonista de Volúpia de veludo, é primo de Clara;
6. Ela se une a outra prima muito rejeitada e sem papas na língua para causar alvoroço no terceiro livro;
7. E, finalmente, tem o livro dela. Ela vai se meter em enrascadas piores e mais perigosas…
Outro ponto indiscutível? Lady Clara Fairfax é a mulher mais bonita da temporada e de todas as temporadas que participou. Ela tem mais pretendentes do que Creso tinha ouro. Eles até fazem rodízio para propor casamento! O White’s deve ter um livro inteiro de apostas a envolvendo. E o mais importante é que ela é tão bonita por dentro quanto é por fora, e é este fator que a mete em uma confusão desmedida neste último livro.
Sabemos desde o início da série que Clara… ou melhor, a mãe dela está tentando fazer “O” casamento. Não é aceitável nada menor que um duque, afinal, Clara foi criada para ser a esposa de um. Em contrapartida, enquanto vários cavalheiros pedem a mão de Clara semanalmente, ela está mais preocupada com outros assuntos. Como, por exemplo, o sumiço do irmão caçula de Bridget Coppy, uma das meninas acolhidas pela Sociedade das Costureiras para a Educação de Mulheres Desafortunadas e talentosíssima com o bordado.
Obviamente, Clara não deveria se meter nesse assunto, mas ela não suporta a ideia de não fazer algo por Bridget, que tem certeza que seu irmão se juntou a alguma gangue. Clara com sua fiel e emburrada escudeira, sua criada pessoal Davis, vão atrás da ajuda de um famoso advogado criminal, conhecido pela defesa de crianças indigentes, Oliver Radford, que acredita que as mulheres não tem cérebro ou qualquer tipo de inteligência… assim como mais da metade dos homens, também.
Alto, sombrio, gênio, quente que nem o inferno, meio intragável, nada amigável ou charmoso, mal-humorado e bem… odiado mesmo por alguns, Radford é digno de estar entre Belzebu e Vere** — meus dois anti-heróis favoritos de Romances de Época. Ele foi amigo de escola do irmão de Clara, filho do ramo dos advogados da família Radford e de uma mãe divorciada — o que acrescentou motivos para surras por parte dos primos, além do seu óbvio intelecto avançado.
Oliver não é um daqueles personagens de inúmeras facetas, ele é sempre o mesmo homem difícil de engolir, que tem um carinho imenso pelos pais e uma paixão desmedida pela carreira do início ao fim. Então, não espere ele mostrar algo, porque tudo que ele mostra no livro você percebe logo nas primeiras páginas. E, mesmo assim, ele consegue te surpreender ao mesmo tempo que você sabe que aquele comentário ou ação são muito típicos dele.
Bem, vejamos, os homens da família Radford estão morrendo. Oliver é bisneto de duque. Seu primo, o pior de seus algozes, é o detentor do título. A esposa do primo morreu e o mesmo encontra-se sem herdeiros, nunca sóbrio e sem perspectivas. Aí você pensa “Nossa, o Oliver pode conseguir o título, que legal!”, mas Oliver está para ter um surto. Ele praticamente vai ajeitar o primo, a propriedade e deixar tudo em ordem, e que o primo case logo e tenha herdeiro o mais rápido possível. De jeito nenhum ele quer esse título, e, se o primo dele morrer sem herdeiros, ele é capaz de esganar o desgraçado.
"— Não foi tão divertido quanto estar com você — respondeu ele. — Você é muito mais divertida. E bonita.
— Divertida? Como um bobo da corte?
— Não, como um complicado julgamento de assassinato.
Ela riu suavemente.
— Um grande elogio, de fato, meu sábio amigo."
Apesar de que o estopim para a união de Clara e Oliver seja a procura pelo irmão de Bridget, o livro não se limita a isso — um terço do livro, talvez. Muitas coisas irão acontecer, situações diversas, que atestaram a incrível compatibilidade do casal protagonista. Gente, eles são maravilhosos juntos! Eu amei todos os diálogos. Os mais engraçados são aqueles em que a Clara rebate o Oliver com algum cometário que ele fez a ela, mostrando que dá pra guardar rancor e frases inteiras.
Para finalizar, eu gostei muito desse livro, recomendo bastante e quem não leu a série pode tentar lê-lo, acho que não interfere tanto. Terminamos mais uma série de Romances de Época, chega deu um vazio. Pior, sem previsão para outras séries da Loretta Chase! Vamos ver o que os bons ventos irão nos trazer…
Beijos, May.
*Referência a Nove regras a ignorar antes de se apaixonar, de Sarah MacLean, que é leitura obrigatória para quem ama Romances de Época e empoderamento.
**Referência a O príncipe dos canalhas e O último dos canalhas, que figuram entre meus Romances de Época favoritos da vida.
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