bobbie 04/12/2020
Dickens como numa pensei ler Dickens
Este é um pequeno livro bastante diferente do que jamais pensei encontrar em Dickens. Escrito em parceria com seu amigo Wilkie Collins, com pendor acentuado para livros policiais, esta novela que foi publicada tanto em formato de peça teatral como no formato de texto em prosa me remeteu a sensações experimentadas sempre que leio Conan Doyle. Não é exatamente uma novela detetivesca, com um crime a ser solucionado e pistas espalhadas pelo caminho, mas há um mistério a ser desvendado e uma reviravolta no final. A cena que ilustra a capa desta edição, inclusive, é bastante típica de Doyle. No todo, o livro passa ao largo da verve dickensiana, com sua sátira e crítica social apuradas, o clash of classes escancarado (embora ele esteja discretamente lá, na figura do tutor da heroína Margarida). Aliás, Margarida torna-se uma bela surpresa e exemplo de personagem avant-garde, com seu grande e corajoso ato final para um exemplo de literatura oitocentista, vitoriana. Resumindo, trata-se de um livro leve para ser lido rapidamente para deleite descompromissado.