Gabriela3935 23/03/2021
Produções mexicanas apresentam: Maria do Abismo
Uma das coisas que mais gosto nos livros clássicos, nos romances principalmente, é o quanto o mundo é pequeno. Como uma única pessoa pode se desdobrar em três e encontrar outra pessoa que também já teve diversas personas.
Admito que dos Clássicos, Dickens não é o meu preferido. Amei Um conto de duas cidades e pensei até em o equiparar a Victor Hugo, mas ao ler mais descobri que há um "quê" de infantil, talvez muito didático e moral em sua escrita, que não me desagrada mas também não me encanta. É possível que eu dê um tempo de Dickens de agora para frente.
Mas vamos ao livro. Tirando seu ponto muito moral, gosto muito das voltas que se dá para nos deixar felizes. É uma verdadeira novela mexicana!
Começa com um plot interessante, de um homem que, supostamente órfão, é encontrado por sua mãe materna e vive de grande fortuna e bondade. Mas por um acaso descobre que na verdade não era o filho legítimo da boa mulher e inicia sua busca para restaurar ao verdadeiro herdeiro a fortuna que possui. E então há uma grande quebra que me fez ficar encarando o livro por pelo menos cinco minutos surpresa e me perguntando "o que está acontecendo?". Acho que aqui, além de tudo, o livro vale a pena.
Além disso os personagens mesmo que caricatos são divertidos e até nos fazem pensar um pouco. Pela primeira vez não vejo uma personagem feminina hiper sem sal e esquecivel. Margarida agora é uma de minhas heroínas, mesmo tendo tão pouco protagonismo fiquei feliz em ver o quanto Dickens permitiu que ela fosse forte e impetuosa. Aqui o livro também vale a pena.
Apesar de a escrita ser um pouco entediante para mim, achei a adaptação do texto de teatro muito bem trabalhada também. Fica aqui um livro que me deu um respiro depois das duas últimas classificações baixas que dei. Estou feliz com essa leitura e inclusive recomendo a vocês. ??