jiangslore 14/03/2023
[3/5]
Este é o segundo livro que leio da Taylor Jenkins Reid, e, ao terminá-lo, cheguei a conclusão de que ela é muito boa em contar histórias, mas não é tão boa assim em escrevê-las. "The Seven Husbands of Evelyn Hugo" é uma leitura leve, com um enredo e personagens interessantes, que cumpre muito bem o papel de ser um ótimo entretenimento. Por outro lado, ainda mais do que ocorreu com "Daisy Jones and The Six" eu não consigo parar de pensar em como a escrita não acompanha o impacto que o enredo em si possui.
Mas, primeiramente, o que gostei no livro: o enredo, ou melhor, a história da Evelyn, é interessante. A autora é boa em criar uma ambientação que mistura elementos de ficção e elementos de realidade que nós já associamos, em razão da cultura pop, com os tipos de personagens que ela deseja criar - nesse caso, uma estrela de Hollywood. Além disso, como boa parte da narrativa é no ponto de vista da Evelyn, achei que foi bem fácil desenvolver uma conexão com os personagens que eram mais próximos dela. Entretanto, é importante destacar que o enredo do livro não se limita à história da Evelyn: também há as partes que são narradas pela Monique - e elas, até os últimos 10% do livro, foram um pouco entediantes.
Dá para perceber que a ideia da autora era criar paralelos entre as histórias da Evelyn e da Monique, para, ao final, dizer qual é a conexão entre elas (fica bem evidente, desde o início do livro, que há algum tipo de conexão). Acredito que essa ideia é boa, mas o problema foi a execução. As partes narradas por Monique são significativamente menores e menos profundas que as da Evelyn (que poderiam ter sido mais profundas em alguns aspectos, mas, pelo menos do ponto de vista emocional, foram satisfatórias), então não há o desenvolvimento necessário para que o leitor estabeleça todos os paralelos existentes, na profundidade que parece ter sido pensada pela autora, por si só.
Ao ler outras resenhas sobre "The Seven Husbands of Evelyn Hugo", vi alguém dizendo que, muitas vezes, Taylor Jenkins Reid parece querer pegar na mão do leitor e dizer exatamente como ele deve interpretar algo, ao invés de deixar o leitor chegar a uma conclusão sozinho. Foi exatamente isso que senti com as partes de Monique nesse livro. Há um trecho específico em que isso é evidente, pois é expressamente dito o que elas têm em comum - o que, na minha opinião, tirou a emoção que esse momento do livro poderia ter tido.
Mas o que eu realmente não consegui gostar no livro foi a escrita. A impressão que tive foi que a autora tentou escrever o livro no que seria o estilo de escrita da Monique - essa impressão é baseada no fato de que a Evelyn menciona, no início do livro, que Monique escreve de um jeito "direto", "sem enrolação", e, apesar de ter lido pouco da Taylor Jenkins Reid, acho que já percebi que ela gosta de ser um pouco "meta" em seus livros. Isso significa que eu imagino que houve uma escolha por trás do estilo de escrita do livro - mas, infelizmente, não posso dizer que gostei dessa escolha.
A escrita de "The Seven Husbands of Evelyn Hugo", em muitos momentos, é bem rasa e parece mais preocupada em criar frases feitas e "impactantes" o que elaborar uma construção que realmente fizesse o leitor sentir o que estava sendo dito. Há momentos com grande carga emocional no livro e, em vários deles, a escrita mais me atrapalhou do que me ajudou a ter uma reação emocional ao que acontecia. Não foi nada incomum ver um trecho que achei digno de uma revirada de olhos e pensar "ok, vou ignorar isso e focar na história em si".
Porque, como disse no início: a história em si é muito boa. Evelyn definitivamente é uma personagem marcante, e sei que vou me pegar pensando nela em vários momentos no futuro. Os sete maridos dela, para a minha alegria, não foram uma repetição de casamento ruim atrás de casamento ruim; o que não só teria sido terrivelmente triste, como, também, terrivelmente chato. Cada um deles tinha uma personalidade própria e um papel na vida de Evelyn, e eu diria que a maioria deles não era uma pessoa terrível - um deles, na verdade, é o meu personagem favorito do livro. E o romance principal de "The Seven Husbands of Evelyn Hugo", apesar de controvertido e definitivamente cheio de aspectos que não são saudáveis, foi interessante de acompanhar e, em muitos sentidos, bem realista, considerando a personalidade e a situação concreta das personagens.
Por fim, acredito que é bom mencionar que, para mim, "The Seven Husbands of Evelyn Hugo" não foi um daqueles casos em que li um livro popular e "não entedi o hype". Definitivamente entendo, e definitivamente acho que coisas piores e menos interessantes já receberam tanto hype quanto. Mas a experiência de leitura em si, na minha opinião, não foi tão revolucionária quanto muita gente diz que é. Terminei um livro da Taylor Jenkins Reid pensando, novamente, que ele seria muito melhor como série ou filme do que como um livro.