de Paula 21/02/2023
A gente acredita no que falam sobre e para nós mesmos
Aqui estou eu de volta com mais uma leitura do Simonverso. Quando li o livro do Simon eu surtei, porque a história era mágica e linda, mas os demais livros pareciam só uma repetição e não tão boa, por isso, decidi deixar Molly para outro momento. Não podia ter feito escolha mais acertada! Que livro sensacional!
Becky tem uma sutileza de retratar adolescentes como os que fomos quando tínhamos a mesma idade dos personagens dela. Ninguém é um grande gênio como os personagens do John Green, são pessoas normais, com problemas reais, buscando seu lugar no mundo. Molly só queria um namorado, mas durante a jornada, aprendeu sobre tantas coisas e sobre emoções de forma tão transparente para o leitor que foi muito lindo de acompanhar.
Nós sentimos ciúmes, temos medo, fazemos coisas que magoam quem amamos, sofremos por falta de diálogo, deixamos certas situações para lá, enfim, aprendemos e erramos dia após dia, sendo que isso faz parte da vida. Não é porque alguém não tem atração por quem você gosta que essa pessoa não é desejável, só o que importa é o que você sente. No fim das contas, você ama o que ama, não tem outro jeito, é o que aprendi após milhares de erros. Além disso, quando amamos alguém, certas coisas não são relevantes.
A Molly percebeu também como os adultos podem ser hipócritas e jogar os próprios problemas nas costas dos mais jovens, como se fosse a função dos outros falarem o que devemos sentir e o que fazer. O pior é que, por mais que a gente pense que isso não nos afeta, a gente acredita no que falam sobre e para nós mesmos.
É uma leitura deliciosa sobre uma adolescente fora do padrão, que nunca teve objetivo de mudar, mas que buscava um amor que achava impossível e na sua busca aprende sobre a vida e o que de fato importa. Se eu tivesse lido esse livro há um ano, acharia muito jovem para mim, mas com o contato que tenho com adolescentes hoje, percebo que aprendemos a manipular melhor nossas emoções, mas continuamos inseguros e desesperados a impedir que nossos medos sejam mais fortes do que nós.