Julia.Presner 24/08/2023
Sobre Autismo
As minhas resenhas sempre tem um toque pessoal, um comentário reflexivo sobre a vida. E esse não vai ser diferente, até porque me vi nessas linhas, me vi como Grandin, e me senti abraçada pela intelectualidade de uma mulher extraordinária! Que exemplos são esses de superação de uma causa que limita tanto a pessoa neuroatipica!
Este foi meu primeiro livro sobre o TEA, e me identifiquei com tantas características com a descrição de Grandin sobre o espectro, que me inspirou a exercitar minhas memórias bloqueadas para conseguir lembrar da minha infância, de momentos específicos em que passei pelas dificuldades sem conseguir compreender o porquê. Ser excluída na escola, me isolar e preferir a solidão, aprender a escrever antes mesmo de saber ler... A minha dificuldade de interação social é muito forte até hoje, e as minhas altas habilidades em humanas desde pequena, me trouxeram muitos obstáculos dos quais foram extremamente complicados de enfrentar, justamente por não saber por que eu era tão diferente. Uma infância e adolescência conturbada é consequência da falta de um diagnóstico e de um acompanhamento terapêutico, o que é essencial tanto para pessoas com nível de QI superior ou inferior, e independente se o neuroatipico for capaz de controlar suas crises diante às suas hipersensibilidades, ambos necessitam de acessibilidade para conseguir desenvolver seus talentos.
Aos 21 anos descobri o motivo, obtive respostas para todas as minhas perguntas quando me senti aliviada em receber um laudo. A beleza das pessoas neuroatipicas está no senso de justiça e na forma literal que ela vê o mundo. Suas superações e jornadas de autoconhecimento é repleta de descobertas magníficas sobre a capacidade ilimitada do ser humano. A importância que livros como esses obtém, é de inspiração e ampliação para melhor compreensão de todos sobre certas deficiências, mostrar como neuroatipicos realmente se sentem em relação às pessoas, explicar que uma deficiência não tem rosto, não tem gênero, cor ou raça. Esse livro ensina qualquer um a expandir o senso de humanidade, respeito e sensibilidade com aquele que sente dificuldade em se expressar ou em demonstrar amor com contato físico, mas que traz consigo todo o seu empenho em ter os mesmos direitos de sobreviver e também de viver da forma que o ajude a se sentir confortável em um meio social onde seu sistema nervoso funciona diferente de pessoas típicas.
Essa autobiografia merece um artigo ao invés de uma resenha. É pouco para o tanto que eu agradeço a existência de Grandin por me proporcionar tanto conhecimento sobre mim, e me transmitir coragem em ser eu mesma. A leitura é essencial para qualquer um, pois nos leva para dentro do coração de alguém que fez e ainda faz a diferença no mundo e contribui para uma sociedade melhor e mais paciente em relação ao próximo.