Dany 17/04/2022
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Quinze anos depois de ter iniciado a série do Cemitério dos Livros Esquecidos, Carlos Ruiz Zafón a finaliza, segundo ele, da única forma que acreditava ser possível finalizá-la. E eu concordo com ele. É muito difícil encontrar uma série de livros que não perca a qualidade, que não canse o leitor ou o faça diminuir suas expectativas; da mesma forma, acredito ser difícil para o escritor lembrar de tantos detalhes criados ao longo dos anos, mantendo cada personagem fiel à sua construção inicial, apesar do amadurecimento deles, e da própria escrita. Chegar a um fim satisfatório para ambos, leitor e autor, é difícil, essa é que a verdade. Mas Zafón conseguiu.
O Labirinto dos Espíritos faz tudo isso, amarra todas as pontas soltas, soluciona todos as tramas anteriores, revisita cada lugar e cada personagem apresentado anteriormente; tudo isso, enquanto nos apresenta uma nova galeria de figuras, como sempre, multifacetadas, cada qual com seu passado que será revirado ao passo que se cruza com o presente e com os demais personagens já conhecidos.
A figura central, responsável, literalmente, pela investigação e descoberta de cada segredo obscuro que permeia as diferentes tramas da história, é Alicia Gris, uma moça com ares de Femme fatale e com o peso e as dores de um passado que não cansa de acompanha-la. Ao seu lado, conhecemos o jovem e prestativo Fernandito, o novo companheiro de trabalho de Alicia, Vargas, e seu misterioso chefe, Leandro. Eles se unem para investigar o estranho sumiço do influente Maurício Valls – sim, ele de novo.
Mais uma vez, mergulhamos no universo corrupto e cruel da Ditadura, desvelando uma trama das mais tristes dentre as exploradas até aqui. Trama essa que nos leva a conhecer mais um escritor maldito, Vitor Mataix, e sua série de livros sobre Ariadna - nome inspirado em sua filha - que, junto do nome da nossa nova protagonista, nos dá a sensação de estarmos seguindo o mítico Fio de Ariadna, com Alice Através do Espelho.
Os capítulos finais, do ponto de vista de alguém que surge como o resultado de todos os episódios anteriores, nos acalenta o coração fechando a série de maneira competente e emocionante, nos conduzindo novamente para uma Barcelona, finalmente, livre de sombras.
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