NatiPiccoli 12/01/2022
Sobre a apropriação do corpo da prostituta
As questões sobre as prostitutas e parteiras foram incríveis, já que é um tema que muito me agrada. Por isso, vou deixar aqui algumas anotações e reflexões que fiz, que foram apresentadas pela autora e que muito me impactou.
A Federici denuncia a utilização do corpo da mulher como aparato de coerção durante a Idade Média e Moderna. Um exemplo apontado, foi como o corpo foi utilizado como um remédio contra as revoltas dos jovens e a homossexualidade (vista como um problema na época), manipulando a lei moral da sociedade de acordo com seu objetivo. Em contrapartida, quando o Estado e a Igreja necessitavam de mão de obra após a crise demográfica, com o incentivo da reprodução, a prostituição, antes aceita, começou a ser criminalizada e a mulher negligenciada. Com essa prostituição criminalizada, abriu um espaço para que o homem exercesse maior domínio sobre a mulher, que poderia ser denunciada a qualquer momento mesmo que não se prostituísse, acabando com sua vida (ESSA PARTE DÁ RAIVA E FAZ MUITO SENTINDO, DEU PRA FAZER VÁRIOS PARALELOS COM A ATUALIDADE ).
Além disso, dentro desta sociedade moderna, com o trabalho doméstico desvalorizado, a prostituição criminalizada e a atmosfera europeia completamente misógina influenciada pela caça às bruxas, a mulher acaba sendo obrigada a depender de um homem. Portanto, a modernidade se apropriou do corpo da prostituta ao seu próprio interesse, demonizando-a e formando, em oposição, a imagem da mulher ?de lar?, pura e fiel.