Kamilla 07/03/2019Um livro intenso!O Menino do Vagão é uma obra que se passa em uma época sombria, a segunda guerra mundial, e onde conhecemos a história de Noa e Astrid. Duas pessoas completamente diferentes que tem suas vidas cruzadas por conta dessa guerra.
Noa, 16 anos, vê sua vida mudar completamente quando engravida de um soldado alemão, ela é expulsa e como não tem mais ninguém e nem pra onde ir, decide entregar o bebê ao Reich, mesmo se arrependendo após o nascimento, não tem outra alternativa. Ela então consegue um emprego em uma estação de trem e um dia encontra um vagão cheio de bebês judeus, uns mortos e outros com a vida já se esvaindo, é impossível para Noa não relembrar do seu filho e impulsivamente pega um dos bebês e foge.
Astrid é uma mulher madura, uma talentosa trapezista de uma família tradicional do circo que abandonou após se casar com um alemão, mas quando a guerra começa a se intensificar o casamento não suporta e ela tenta reencontrar sua família. Voltando para a casa dos pais, percebe que não há mais ninguém lá e encontra abrigo no circo que posteriormente também ajudaria a Noa.
“– Só um tolo não tem medo. Precisamos do medo para manter nossos limites.”
Eu tinha certa expectativa em relação a essa obra, já que tramas que se passam na segunda guerra mundial trazem grandes ensinamentos, reflexões e alguns socos na cara de como a realidade foi cruel para algumas pessoas por mais fictícia que a história seja. Não me decepcionei.
O título O Menino do Vagão vende a história que o foco seria na criança, mas não, o foco está nas duas mulheres. Seus medos, receios, vontade de viver e de como a guerra afetou o rumo da vida delas e as fez se encontrarem. A principio Astrid se mostra bem intragável, até um pouco arrogante e fica receosa com outra judia no circo, mas aos poucos a Noa e o pequeno Theo vão conquistando o espaço e respeito da trapezista.
Os capítulos da obra são alternados, onde temos a visão de ambas as personagens, dando um dinamismo a mais na leitura e fazendo-nos conhecer um pouco melhor das personagens. Cada uma tem seus próprios obstáculos e frustrações para lidar, mas Pam Jenoff presenteia ao leitor uma belíssima amizade feminina onde elas se ajudam, se protegem e se respeitam. Foi uma amizade construída aos poucos e muito linda de acompanhar, vê-las abaixando as armaduras e confiando uma na outra.
No entanto devo admitir que fiquei chateada com certas decisões das personagens, da Astrid e seu comportamento um pouco grosseiro em alguns momentos e da Noa por fazer coisas que podia machucar não só ela, mas como prejudicar todo o circo. Mas no final das contas tudo se encaixa.
“– Astrid, eu ainda estou sem entender. Mesmo com as coisas tão ruins, simplesmente desistir assim...
– Não julgue – digo, a repreensão em minha voz mais aguda do que pretendia. – Às vezes, esconder-se o tempo todo acaba ficando insuportável.”
Além das duas principais personagens, também somos apresentados a outros como o Peter, o palhaço do circo e que tinha um romance com Astrid e que devo admitir não morrer de amores, ele se mostrou prestativo e disponível para a nossa trapezista, porém ele fez algo que me incomodou. Mas quem eu daria destaque mesmo como personagem secundário foi o Herr Neuhoff, dono do circo, que ajudava as pessoas através de seu circo mesmo colocando-o em uma situação de risco.
O Menino do Vagão é uma obra que é inspirada em alguns acontecimentos da segunda guerra, e sim, houve vagão com bebês judeus, pessoas que usavam circo pra esconder e salvar judeus tanto que a própria autora considera esse livro um tributo a coragem dessas pessoas. É uma obra que li um pouco mais lentamente e que tem o final bem tenso... foi impossível não me emocionar e querer um rumo diferente, mas estavam no meio de uma guerra e quem mais sofre são os inocentes, que nada tem a ver com ela.
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https://www.lendoeapreciando.com/2019/03/resenha-o-menino-do-vagao-pam-jenoff.html