Cilmara Lopes
28/01/2018Uma leitura importanteEu tinha apenas 11 ou 12 anos quando uma professora colocou o filme "Eu, Christiane F. 13 anos, drogada, prostituída" para a classe.
Confesso que não entendi quase nada, era confuso, tudo escuro...uma música diferente, foi aí que conheci David Bowie e comecei a ouví-lo.
Depois de muitos anos, já com meus 20 anos assisti novamente e entendi tudo, me emocionei, fiquei intrigada e vi sua importância estampada em cada detalhe cinematográfico.
E fiquei curiosa para ir atrás do livro, querendo saber se havia mais informações sobre a vida de Christiane. E realmente tem, ao contrário do filme, o livro inicia na infância de Christiane, conta sobre o contato com sua família, os problemas financeiros que os levaram a constantes mudanças de moradia para bairros um tanto precários e perigosos.
Acompanhamos seu relato sobre a escola, amigos, hobbies, é possível se sentir lendo o diário dela, é intimista e sem esconder detalhes desagradáveis, porém precisos, sabemos como descadeou tudo.
Ela não pertencia á uma família terrível, passou por problemas com o pai, que espancava ela, sua irmã e sua mãe, mas houve o divórcio, e sua mãe ficou negligente focando apenas no emprego.
Diante de tudo que ela passou, ao terminar a leitura, me pergunto: Qual é a diferença entre nós?
Também passei por diversos problemas, pressão, confusão e tristeza e nem por isso parei nas drogas!
Podemos nos comparar? Aí que está o problema, não, não podemos nos comparar. Como diz Caetano " Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
Foi uma leitura pesada, sentia minha cabeça doer, até tive nauséas, quando Christiane estava presa á Heroína, tudo era tão nebuloso, um labirinto que parecia ter fim, só desgraça atrás de desgraça, um ciclo infindável de erros e mentiras.
É um livro necessário, todo jovem deve lê-lo, 11 anos, 12 anos parece cedo para entender tudo isso? Sim, mas é assim que tudo começou, sem entender nada os jovens entram nesse caminho espinhoso, a amargura é tão intensa que pula ás páginas.