Aione 15/12/2017Destroçados é o quarto livro da série Will Trent, personagem investigador de polícia criado por Karin Slaughter. Como cada livro retrata um caso diferente, é possível lê-los fora de ordem e de maneira independente uns dos outros. Tríptico, Fissura e Gênese, primeiros volumes da série, também foram publicados no Brasil pela editora Record, enquanto Esposa Perfeita, oitavo volume, saiu recentemente pela HarperCollins Brasil.
Will Trent é convocado a investigar a polícia do condado de Grant durante a investigação de assassinato de uma jovem da cidade, já que Sara Linton, ex-médica legista, denunciou negligência por parte de Lena, detetive responsável pelo caso. O principal suspeito cometeu suicídio após ter confessado o crime para a detetive, e todas as pistas levam a crer que seu testemunho foi falso, forçado por Lena.
Como um bom livro policial, Destroçados mescla um caso intrigante — que leva o leitor a procurar pistas juntamente dos investigadores para compreender o que está por trás do assassinato — com personagens muito bem construídas, que tornam o romance policial interessante também por nos envolver com os protagonistas. Aqui, a narrativa em terceira pessoa alterna a perspectiva entre as personagens, oferecendo uma visão bastante completa do enredo e proporcionando ao leitor compreender as complexas relações entre as personagens: somos apresentados aos conflitos de umas com as outras ao mesmo tempo que, também, acompanhamos seus próprios conflitos internos.
Apesar da obra, como um todo, não ter tantos picos de adrenalina e focar mais na investigação em si, me vi completamente imersa na leitura, devorando o livro praticamente todo de uma só vez. A escrita de Karin Slaughter é viciante pela proximidade que tem das personagens, além de suas descrições proporcionarem uma ótima percepção de cada cena: não foi difícil imaginar tudo aquilo que lia — mais um indício do meu envolvimento. Ainda, adorei um detalhe inserido pela autora: os nomes da família de Sara são baseados nas personagens de O Morro dos Ventos Uivantes. Reconheci a referência na mesma hora e fui pesquisar a respeito para entender a ligação; a autora afirmou em uma entrevista ser uma grande fã do romance de Emily Brontë, daí sua decisão de basear os nomes de seus personagens nos icônicos do romance gótico.
Por fim, a resolução do caso foi mais um ponto alto de Destroçados, já que sequer fui capaz de solucioná-lo. Dessa maneira, o mistério prevaleceu até o final, assim como minha curiosidade em relação ao desfecho pessoal de cada personagem. Um dos diferenciais da trama é o fato de tanto o homicídio ser investigado quanto a própria polícia, que o está investigando.
De modo geral, a leitura de Destroçados foi prazerosa principalmente pelo envolvimento que me proporcionou. Senti falta de mais daquela adrenalina típica de thrillers e da sensação de euforia e estupefação de quando um caso é desvendado, mesmo que eu não o tenha solucionado; ainda que a leitura tenha sido cativante, poderia ter sido mais emocionante. De qualquer forma, isso não prejudicou em nada minha experiência com Karin Slaughter; ao contrário, a autora já entrou em minha lista de destaque no gênero e pretendo conhecer mais de suas obras.
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