Euflauzino 03/05/2018A rebeldia e o Amor como formas de empoderamento feminino
Falar das “Crônicas de Amor e Ódio” é simpatizar com todas as ações de empoderamento feminino, é acreditar que a voz de toda mulher pode conter força capaz de estilhaçar janelas, aniquilar reinos, estabelecer novas regras, restabelecer mundos.
Senti isso nos três livros que compuseram esta saga e quando a editora Darkside anunciou um prelúdio para a história de Lia, a primeira filha da Casa de Morrighan, aquela fadada a possuir o Dom, é lógico que teria que lê-lo também. E a edição está aqui, maravilhosa, capa dura e cortes laminados em dourado.
Mary E. Pearson nos presenteia com a história que é abordada em pinceladas durante a saga como “Os últimos testemunhos de Gaudrel”, que são acontecimentos e profecias antigas transmitidas oralmente e, portanto, sujeitas a inúmeras versões. Estes “testemunhos” muitas vezes abriam um capítulo, dava um colorido todo especial a fim de explicar o que estaria por vir. Já neste livro estes testemunhos se transformam na própria história e em histórias ainda mais remotas da vida dos Antigos.
“Eu me prendia às histórias dela, mesmo que fossem de um mundo que eu desconhecia, um mundo de luz cintilante e torres que chegavam até o céu, um mundo de reis e semideuses que voavam entre as estrelas... e princesas. As histórias dela me deixavam mais rica do que um regente em um grande reino.”
E não são assim com todos nós? As histórias lidas ou ouvidas nos tornam mais ricos, nos transformam em algo melhor. O livro em questão é Crônicas de Morrighan: A origem do amor (Darkside, 128 páginas) que corresponderia ao Livro 0.5, ou seja, anterior à saga propriamente dita. É enxuto e intenso, pra se ler de uma vez só e ficar querendo mais, muito mais.
Após uma tempestade de proporções inimagináveis a humanidade foi devastada. Os poucos sobreviventes uniram-se em clãs para se protegerem e se ajudarem. A menina Morrighan pertencia ao clã de Gaudrel, a Ama, anciã que protegia e guiava a todos se utilizando de seu Dom, principalmente porque Venda, uma de suas protegidas, já havia sido sequestrada.
Seu clã tornou-se nômade porque havia outros clãs que não produziam nada, viviam de roubar e escravizar outros clãs, era o caso dos “abutres”.
“A expressão no rosto dela ficou endurecida. Eu sabia o que ela estava pensando... que eles tomam tudo... e era verdade. Eles faziam isso. Assim que nos assentássemos no lado mais afastado de um vale ou de uma campina, ou entre os abrigos abandonados, eles viriam para cima de nós, roubando e semeando o terror em seu caminho... Nada devíamos aos abutres quando eles haviam tomado tanto de nós...”
Não havia lugar seguro para se fixar. O mapa do mundo era redesenhado por selvagens criados pela brutalidade e pela força de mãos pesadas e brutas a lhes estapearem e surrarem os corpos. A lei da selva.
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