Rayssa 21/01/2024MZB: doida, mas excelente escritoraNessa releitura das lendas arturianas, acompanhamos a construção do Reinado do lendário Rei Artur, seus companheiros da Távola Redonda e a formação da Bretanha, sob uma perspectiva feminina representada pelas grandes e magníficas Sacerdotisas de Avalon.
Explorando um lado mais místico dessa lenda, Marion Zimmer Bradley consegue criar uma obra magnífica sobre a coragem, a humanidade, a religião e o poder feminino. Com personagens brilhantemente bem construídos, profundos e complexos, a autora nos leva por centenas de páginas bem atentos, totalmente imersos nessa linda trajetória de Avalon e da Bretanha.
Usando da primeira e terceira pessoa, a história vai se desembocando em inúmeras intrigas entre os personagens, mas sem aparentar um maniqueísmo, ou seja, não há heróis e vilões, vemos sujeitos verdadeiros, humanos, que estão dispostos a tudo para alcançar seu verdadeiro destino. Com muita sensibilidade, o protagonismo feminino torna-se um ponto de referência indispensável diante de um contexto histórico que tanto desvalorizava a mulher, sobretudo quando se pensa que são os esforços das Sacerdotisas de Avalon que levam Artur ao Reinado e é esse mesmo Rei que as despreza no final.
Me empolguei e me enfureci acompanhando essa grande narrativa, me apeguei demais aos personagens a ponto de sonhar com eles à noite. Morgana, sobretudo, creio que seja uma das melhores personagens que já tive o prazer de conhecer. Uma mulher poderosa, cuja força é mostrada de uma forma ímpar, símbolo de toda a virtude e do conhecimento feminino.
Destaco também a maestria com que Gwen foi colocada nessa história. Uma personagem tão irritante em sua obsessão religiosa e sua hipocrisia que se torna muito verdadeira.
As Brumas de Avalon merece toda a reputação que tem. Uma história brilhante que, embora se perca um pouco ali pelo final, tem uma potência arrebatadora. Para ser lida e relida por muitos e muitos anos.
Ps:. É claro que nao tenho a intenção de exaltar a autora e sua vida pessoal, mas sim o livro.