Kaydson Gustavo 23/04/2020
Conheci a Ryane Leão, autora desse livro por acaso. Nas sugestões do Instagram surgiu sua página: @ondejazzmeucoracao foi amor à primeira lida. Quando percebi essa criação poética me apaixonei, paixão essa que dura até hoje, me salva, me resgata e me torna inteiro dos pedaços que sinto.
Tudo nela brilha e queima, li esse livro na madrugada de hoje. Eu quis mastigá-lo lentamente, como quem prova uma comida nova, mas eu já conhecia esse alimento que eu como todos os dias, em uma hora eu já tinha devorado tudo, prato limpo.
É um livro escrito para mulheres, sinto que estou invadindo um lugar que não é meu, não fiquei perdido em nenhum momento, mas não era pra mim, era palavra de força, de luta, de resistência e amor para outras mulheres. Eu já fui um desses homens que Ryane descreve e possa ser que eu ainda o seja.
Não sou a desconstrução que luto para ser, sou um castelo cheio de calabouços de onde ainda jazem monstros adormecidos. É uma luta constante e nessa parte me cabe, a luta de aceitarmos quem somos, nas mudanças e construções, assim como nas nossas demolições.
"Você é uma frase bonita
dessas que a gente sublinha no livro
faz tatuagem, conta pra todo mundo
dessas que dividem a gente
entre antes e depois"
É isso que esse livro transforma: em antes e depois. O maior medo de viver a vida sem a ruptura das correntes que nos prendem, no conformismo e na zona de conforto. Tudo nela brilha e queima nos põe na zona de confronto.
Dos poemas de amores, tem um que mais me marcou, fiquei um bom tempo pensando nesse poema:
"Para que você sempre se lembre de mim
diz a dedicatória
do livro jogado no canto
de um sebo no centro da cidade"
Para onde vão esses amores que se transformaram em palavras? Em que local de nós guardamos esses sentimentos de outrora? Ficam jogados nos sebos em centros urbanos, perdidos em estantes, em pastas de computador? CD'S? DVD'S? que nunca mais serão usados?
Queria escrever tanto sobre esse livro, no entanto, o espaço me limita, uma coisa é certa: "é assim mesmo, a poesia estanca a minha ferida e a de quem lê."