Augusto Jr. 20/09/2013
Wyrd bið ful aræd!
Fazendo jus ao título do livro, a história de Os Senhores do Norte se passa na Nortúmbria, um mês depois da vitória de Alfredo sobre os dinamarqueses em Ethandun. Guthrum, o líder do exército derrotado, acabou indo para Chippenham, onde virou cristão, aceitou Alfredo como o seu padrinho e assumiu o nome batismal de Ethelstan. Alfredo, por sua vez, acabou por tornar Guthrum como o Rei de Ânglia Oriental.
Agora vamos ao que aconteceu com Uhtred, já que ele foi um dos principais responsáveis pela vitória de Alfredo em Ethadun. Alfredo lhe deu como "prêmio" Fifhaden, uma terra que mal dava para sustentar quatro famílias de escravos. O que deixou Uhtred nada satisfeito. Uhtred ficou com Hild, a freira loira que estava ao lado Iseult, e com ela, Uhtred resolveu ir embora pra Nortúmbria, ver como andavam as coisas por lá e, com isso começar suas vinganças contra o seu tio Elfric e com seu inimigo Kjartan. A viagem pra Nortúmbria foi através de um barco de um mercador chamado Thorkild, que lhe contou o que estava acontecendo na Nortúmbria - só caos. Além de Elfric, Kjartan e seu filho Sven, Uhtred agora deveria se preocupar com Ivarr Ivarson, filho de Ivar Lothbrokson o Sem Ossos, que agora era o poder da Nortúmbria.
Tudo começa quando Uhtred chega em Eoferwic e descobre o caos que está sendo empregado por um "padre" chamado Hrothweard, que ordenou uma matança contra os dinamarqueses. Além disso, um abade chamado Eadred de Lindisfarena espalhou seu sonho de que São Cuthbert lhe revelou um novo rei pra Nortúmbria, fantasiando tudo - mas é um relato verídico usado por Cornwell. Uhtred quando chega, o caos já está instalado em Eoferwic. Padres trouxeram "mentiras" de que o Santo Cuthbert - um dos santos cultuados pelos saxões - ajudou Alfredo a derrotar Guthrum, e Alfredo fez o mesmo em Mércia, mandou padres pra lá dizendo que o santo dos mércios também apareceu em seus sonhos e o ajudou.
O problema maior agora é Ivarr, filho de Ivan o Sem Ossos. O último dos Lothbrok, que estava em guerra com escoceses, mas depois de saber do motim em Eoferwic, pegou seus homens e marchou pra Eoferwic.
Em meio ao caos que há em Eoferwic, Uthred conhece Bolti, um "mercador" que o paga para ser escoltado para passar pelas terras de Kjartan. Nessa escolta, Uhtred topa com Sven, e pra não ser reconhecido pelo "caolho", adota o nome "Thorkild, o Leproso". Esse nome bizarro ganha a fama, fica conhecido por Guerreiro Morto. É importante decorar o nome do cavalo de Uhtred: Witnere, Atormentador. Pois o final do livro envolverá esse cavalo. Este é o dia em que Uhtred salva Guthred, filho de Hardicnut, o escravo que vai virar rei.
Sem mais spoiler, a história do livro fica sendo entre Uhtred e Guthred. Que é revelado como rei pelo abade Eadred. Nessa parte da história surgem mais alguns personagens importantes: Clapa - grandalhão e até um pouco bobão - jovem e muito forte; Rypere, esperto. Todos treinados por Uhtred. Além desses, o jovem Sihtric, que vai ser importantíssimo na batalha de Dunholm, terras do Kjartan. E principalmente a irmã de Guthred, a jovem e bela Gisela, que será uma das mais importantes, principalmente na vida de Uhtred.
Acontecerá algumas traições na vida de Uhtred - o que já é normal, ele está sempre sendo passado pra trás. Uhtred vira escravo no barco mercante de Sverri, e faz um amigo que também será importante na história, falo do irlandês Finan, o Ágil. Depois disso, o desfecho será de tirar o fôlego. Fique atento ao Navio Vermelho, e quem está abordo. Você vai prender a respiração e se surpreender bastante!
Depois disso a história já começa a navegar para o fim. Kjartan e Ivarr, terão de ser derrotados. Não vou contar como aconteceu, pois detesto estragar finais. Mas uma coisa me intrigou, um dos finais não me agradou muito. O fato da Thyra, irmã de Ragnar, é capaz de fazer. Ficou muito fantasioso, mas ficou legal. Só isso me deixou meio que: "Não poderia ter sido diferente?".
Lembrando que Steapa e Ragnar estão de volta, e sim, eles estarão aliados a Uhtred. O que deixará a história ainda melhor!
Mais uma vez o autor faz umas críticas legais, a meu ver, essa é uma: "Que chance tem a verdade quando os padres contam histórias?".
Em Os Senhores do Norte, Uhtred vai começar com 21 anos de idade e terminar com 23 anos, mas há um capítulo em que o autor deixa escapar a idade que ele se encontra narrando sua história, com mais de oitenta anos, nos mostrando que sua saga foi bastante longa.
Neste livro, o Rei Alfredo é deixado um pouco de lado, não há nada de ruim acontecendo em Wessex, mas mesmo assim Alfredo é muito importante na história. Você saberá do que estou falando!
O combate do final será um derramamento de sangue épico, sempre mantendo aquela imagem do guerreiro viking na batalha. Uhtred lutando com Bafo de Serpente e Ferrão de Vespa e, Ragnar usando a Quebra-coração.
O livro me deixou uma dúvida: falo da parte em que Uhtred diz que o número 13 é um número de azar, e odiado pelos nórdicos. Mas no manuscrito de Ibn Fadlan, este número é dito como um número significativo para os nórdicos, de que eles gostam de envolver o 13, pelo fato de ser o cálculo em que a lua cheia nasce e morre durante um ano. Sobre o número 13, Cornwell menciona um conto da mitologia nórdica: "Uma vez, no Valhalla, houve uma festa para 12 deuses, mas Loki, o deus trapaceiro, não foi convidado e fez suas brincadeiras malignas, convencendo Hod, o Cego, a jogar um galho de visgo no irmão, Baldur. Este era o deus predileto, o bom, mas podia ser morto pelo visgo, assim seu irmão cego jogou o visgo, Baldur morreu e Loki gargalhou. E desde então sabemos que 13 é um número maligno. Treze pássaros no céu é sinal de desastre, 13 seixos numa panela envenenam qualquer comida posta dentro, ao passo que 13 numa refeição é convite à morte. Treze lanças contra uma fortaleza só poderia significar derrota. Até os cristãos sabem que 13 é número de azar. O padre Beocca me disse que era porque havia 13 homens na última ceia de Cristo, e o décimo terceiro era Judas." O que de fato parece bem sensato!
E por fim, deixo aqui a frase clássica: "Wyrd bið ful aræd. O destino é inexorável!"
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