Jack // @LendoTodoDia 18/08/2020
Monumental
?Qualquer dedução da história, sem o menor esforço por parte da crítica, se desintegra como cinzas (...)" // Monumental. Talvez a única palavra que possa caracterizar uma obra como essa. Tolstói consolidou o posto que eu sabia que tinha posse: meu russo favorito. Guerra e Paz é um livro que entrelaça ficção e história, quando o autor aponta que este livro não pode ser enquadrado em estruturas literárias eu duvidava, só compreendi isso ao ter a leitura consumada. A obra vai muito além de acompanharmos o luxo e os bailes da vida na aristocracia russa, ele passa ? mesmo que brevemente ? pelos mujiques, escreve e (descreve!) a guerra com tamanha precisão que costura no leitor sentimentos indescritíveis, sem mencionar o crescimento psicológico que muitas personagens passam. Confesso que tive medo deste calhamaço justamente pela guerra e preferiria acompanhar a vida de bailes e tramas familiares, no entanto, o que seria das descobertas literárias se nos mantivéssemos constantemente na zona de conforto?
É impossível transpor em palavras a jornada que fora acompanhar as dores e prazeres dos Rostóv, Bolskonski, Bezukhov, Kuraguin e Drubetskoi ? as três primeiras famílias, na minha opinião, mais importantes do que as ultimas duas. Em Anna Kariênina, quem brilha para mim é Liévin e Kitty, em Guerra e Paz, Pierre e Natasha ? sem dúvida minhas personagens favoritas. Não apenas esses dois, mas os outros protagonistas passam por tantas idas e vindas que às vezes não parece possível caber em 1400 páginas. No que tange a história e ficção, o autor faz algo brilhante: insere-nos na mente de pessoas importantíssimas para o século XIX, eu jamais imaginaria ler o que Napoleão pensara enquanto invadia a Rússia em 1812. No entanto, tive dois problemas com o final de Tolstói; em primeiro, apesar de gostar de suas digressões destinadas aos historiadores, quando iniciadas as partes de cada tomo, não gostei disso no epílogo, a leitura ficou cansativa ? seria melhor um livro solo. Em segundo, o final destinado às personagens femininas fora insípido, fadadas a vida conjugal e enaltecendo os maridos. De todo modo, recomendo a leitura, é ímpar.