Marcelo Duarte 15/12/2021
Considerações sobre o livro
O livro é absurdo em diversos aspectos que se propõe explicar usando o método do materialismo histórico. Abaixo listarei os principais, por serem as ideias-coração da argumentação do autor.
1. Engels afirma que na Idade Média, o que determinava a posse de alguém sobre algo, era o trabalho que alguém exercia sobre alguma coisa. Portanto, a partir do momento que a produção passou a depender de mais pessoas, e passou a ter vários processos até se tornar um produto final, todos os trabalhadores envolvidos devem ser considerados, de fato, donos do produto. Tal argumento é falacioso, pois não se segue da premissa. Nem poderia, pois mesmo se o considerássemos, ele se refutaria, pois o exemplo da Idade Média que ele usa, é um depoimento contra a construção de seu argumento. E, além disso, N. Stephan Kinsell, em seu livro-tratado “Contra a Propriedade Intelectual”, nos informa o seguinte “Ninguém cria matéria; apenas se manipula e lida com ela de acordo com leis físicas. Nesse sentido, ninguém de fato cria algo. Meramente se rearranja matéria em novos arranjos e padrões”. Se o argumento materialista insistir nessa ideia, Bastiat, e outros liberais, têm uma resposta direta e reta a esse pensamento, demonstrando que estão enveredando em um ambiente escorregadia e que vão cair, pois suas teorias não se sustentam.
2. A modernização do maquinário cria um exército industrial da reserva;
Outra mentira, a qual Frédéric Bastiat em sua obra “O que se vê e o que não se vê”, já demonstrou ser uma falácia de quem não entende de economia, e que vê apenas o que está a frente do seu nariz, e não consegue ir além.
3. Engels usa a figura do Estado nessa obra, mas na sua obra “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, não consegue dizer qual a real origem, uma vez que nessa obra ele diz, no início, que a origem se deu por motivo A e, próximo ao final, diz que é por conta de B. Ainda crê que o Estado é uma criação capitalista...
4. Engels diz: “Enquanto o trabalho global da sociedade der apenas o estritamente necessário para cobrir as necessidades mais elementares de todos, e talvez um pouco mais; enquanto, por isso, o trabalho absorver todo' o tempo, ou quase todo o tempo, da imensa maioria dos membros da sociedade, esta se divide, necessariamente, em classes”. Ele fala como se na economia planificada socialista não houvesse distinção entre os camaradas. Como o registro histórico nos mostrou, uns poucos continuarão em cima e a grande maioria continuará por baixo, mas privada do direito e da oportunidade de tentar se erguer.
5. Engels diz, acerca dos proletariados que julga maioria: “[...] à grande maioria constrangida a não fazer outra coisa senão suportar a carga do trabalho, forma-se uma classe que se exime do trabalho diretamente produtivo”. Talvez essa uma das poucas coisas que ele escreveu que eu concorde nesse livro. Realmente, esse pensamento esquerdista, transformou potenciais trabalhadores com enorme potencial de produção em miseráveis que se eximem de dar duro, pois preferem sombra e água fresca, pois alguém os disse que assim mereciam, que tudo cairia do céu burguês, basta apenas saquear.
Engels diz: “Condenação do operário a ser assalariado por toda a vida. Antítese de burguesia e proletariado”. Engels, afirma que essa mudança da produção - que ele chama de mudança de produção individual para a produção social, onde no modo social, há muitos involvidos, mas apenas o burguês, é considerado dono no final do processo - é responsável por condenar o proletário a vida toda a trabalhar por um salário! O que não é verdade, numa sociedade de livre mercado, todos podem criar uma empresa e competir por seu espaço no mercado, como qualquer capitalista – os quais são criticados por esse movimento – faz. Mas eles querem? Claro que não! Mais fácil é tomar a propriedade alheia e dividir com os camaradas!
6. Engels diz: “A realização desse ato, que redimirá o mundo, é a missão histórica do proletariado moderno”. Se Engels, apenas soubesse que seus camaradas não buscam mais essa redenção, mas sim lutam pela manipulação/deturpação da linguagem, desigualdade entre os sexos, submissão desleal em todas as relações da sociedade entre os sexos, descrença na verdade, mesmo a absoluta, que era defendida com unhas e dentes pelos seus camaradas pioneiros e subsequentes, fragmentação em minorias que nunca tem fim, pois sempre subdividem as minorias em infinitas células, o abandono e repúdio da razão e da ciência como crivo da verdade e bom-senso. Enfim, se ele soubesse que as mesmas armas usadas para atacar seus adversários, são armas que também as fere, e que além disso, renega suas bases no socialismo científico, ele estaria desolado. Com total certeza, estaria se revirando em seu túmulo, em completa agonia e desprezo, por essa geração perdida, mesmo para um depravado radical, como Engels e Marx!
Esse são alguns pontos, que eu, como alguém de viés mais a direita, tenho percebido na leitura e a discrepância entre o ideal apresentado na dialética materialista de Engels e Marx e a geração leite com pera que essa ideologia – ao ser deturpada (não que o fato de ser deturpada seja muito significante, pois era uma merda desde o começo) criou. Pois lembre-se: sempre que se chega ao fim do poço, a humanidade sempre pode cavar mais um pouquinho!