O arroz de palma

O arroz de palma Francisco Azevedo




Resenhas - O Arroz de Palma


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Helder 18/01/2015

Saborosas Lições de Vida
É difícil tentar fazer uma resenha quando você encontra uma obra tão especial como essa. Minha vontade é escrever a resenha mais especial e interessante a ponto de convencer todos a lerem este livro, pois ele tem que ser lido.
Eu tenho uma opinião de que existem livros que devem ser lidos em certas idades. Alguns, se você passar da idade vai achar um saco (Apanhador no Campo de Centeio, A Vantagem de Ser Invisivel, Demian, etc). Outros, se você for muito novo talvez não entenda nada e não tenha paciência (Clássicos como Anna Karenina ou livros modernos como Precisamos Falar Sobre Kevin). Existem outros que devem ser lidos a cada 10 anos, pois sempre lhe trarão uma mensagem diferente (O pequeno príncipe, O Menino do Dedo Verde).
Arroz de Palma é uma mistura de tudo isso. Não deve ser lido por adolescentes, pois ainda estão muito longe daquela vivencia. Talvez a melhor idade para começar a lê-lo seja aos 40, como eu fiz, mas agora ao termina-lo, sei que precisarei lê-lo de novo aos 50, 60, 70, 80 e até quando meus olhos ainda conseguirem.
Quem nos conta a estória de um arroz muito especial é Antônio, cozinheiro profissional, que hoje aos seus 88 anos está preparando um almoço onde toda a família voltará a se encontrar para comemorar os 100 anos de casamento de seus pais. Com ele, voltamos ao passado dessa família. O casamento de seus pais em Portugal, a viagem para o Brasil, o nascimento dos filhos, os filhos saindo do campo e indo buscar a vida na cidade, a separação destes irmãos pelo tempo, os netos, e até os bisnetos. Tudo isso sendo acompanhado pela evolução do tempo. Das canetas tinteiros sendo substituídas pelo Messenger.
Parece uma estória simples, e é, mas numa linguagem tão poética que precisamos ter um lápis para sair marcando os trechos. No começo existem as metáforas comparando a vida em família com a culinária, mas aos poucos a linguagem vai ficando mais abrangente e vamos ficando cada vez mais emocionados, pois vemos nossos sentimentos explicitados no papel. E me pergunto: Como uma pessoa pode escrever daquele jeito? Teria o autor 88 anos também e toda aquela vivência? E são muitas as passagens. Impossível de lista-las aqui, sem deixar esta resenha com diversas paginas.
Começamos conhecendo Tia Palma com toda sua sabedoria e seu jeito teatral de ser. Existe um "quê" de realismo fantástico que a envolve. Vem dela o arroz, que seguirá durante anos nesta família. Palma vem para o Brasil junto com Joao e sua esposa, e vão morar numa fazenda, onde nasce Antônio e onde ele conhece Isabel, e ambos são abençoados pelo arroz trazido de Portugal. Mas “família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes”. Existem os irmãos, e depois seus filhos.
E Antônio vai nos contando a estória destes e vamos vendo características de nossas vidas ali. O tempo muda as vidas. Aquilo que antes era só um núcleo vai se ramificando e os interesses já não são os mesmos. Cada um vai seguindo seu caminho e parece que já não existe mais tempo para se encontrar no velho núcleo. E deixamos de lado aquilo que nos era tão importante e focamos no novo “ramo” que estamos formando e que a partir de agora passará a ser nossa família. E foi ai que o livro me pegou completamente.
Em minha vida vivo um momento muito forte de reencontro familiar e recomeço, onde existe toda uma incerteza com relação ao futuro “idealizado” e o que possa vir a ocorrer. Estamos mudando de cidade. Nova escola para nossos filhos. Como serão seus amigos? Como eles serão quando crescerem? Que caminhos seguirão? Quais “temperos exóticos” trarão para nosso seio??
Como não se emocionar com a relação de Antônio e seus filhos. Posso dizer que li as ultimas 70 paginas dos livros com lágrimas nos olhos. Quando Nuno resolve ir para Paris e explica sua decisão de vida para seu pai, tão claramente e sem medo. O casamento de Rosário. O jantar em Nova York. Os velhinhos do lado de fora do restaurante. O encontro com Damião no parque.
Que eu seja capaz de compreender e aceitar meus filhos como Antônio e Isabel conseguiram. Que meus filhos sempre me vejam como uma porta aberta e não tenham medo de dividir seus problemas comigo. Que nossos filhos possam nos amar tanto quanto Nuno e Rosário amavam Antônio e Isabel.
Mas lendo Arroz de Palma, recebi um pouco de conforto e algo ali me disse: Deixe rolar e assista. O filme da sua vida vai ser bonito. Apenas acredite e siga em frente.
Daqui a 10 anos, volto com certeza para reencontrar Antônio e os seus, e tenho certeza que as mensagens captadas já serão diferentes, e o mesmo daqui a 20 anos e assim a cada década, e te convido a fazer o mesmo.
Sente-se em uma das 12 mesas com oito lugares e toalha bordadas para o dia de Reis, e venha se fartar com o Arroz de Palma e as maravilhosas receitas de vida de Antônio.

“Meus filhos me mudaram. Cada filho é aprendizado, lição de vida. E ao mesmo tempo, muito dever de casa, exercícios complicados, que nós, pais, vamos tentando resolver com paciência a cada dia pela vida afora.”

“Neto faz bem a saúde. Se avô é pai com açúcar, neto é filho com proteínas, vitaminas e sais minerais. Um abraço de neto a cada 24 horas substitui perfeitamente qualquer tipo de medicamento”

“ Fiz ver a ele que não adiantam micro ondas com programação computadorizada, congelados, sopas instantâneas e tantas outras modernidades: sempre haverá sustos numa cozinha. Sempre haverá aprendizado. Maquinas se reproduzem e evoluem com tamanha rapidez que nem há tempo para conflitos entre uma geração e outra. Mas nós, humanos – mesmo os de ultima geração – somos lentos demais. Nossos progressos são imperceptíveis. Demoramos décadas para perceber êxitos e fracassos. Quando, depois de muito esforço, nos tornamos mestres na arte da culinária, quando, de olhos fechados, acertamos o ponto do doce, muitos já se foram. A família que se senta à mesa é outra. Já não somos netos, mas avós.”

“ A memoria afetiva do mundo vai se apagando, enquanto os dados do planeta cabem todos num computador”

“ Nossos defeitos e picuinhas nos tornam humanos e iguais a todos os demais neste planeta”

Leiam!!
Renata CCS 19/01/2015minha estante
Que resenha cativante e apaixonada, Helder! Está em minha lista de futuras aquisições, mas com essa resenha, vai para a sacola de compras ainda este mês!


DIRCE 20/01/2015minha estante
Não dá para ficar imune a esta resenha. Quero ler esse livro.


Paty 21/01/2015minha estante
Resenha 5 estrelas!


Nanci 29/01/2015minha estante
Linda resenha, Helder.
Confesso que esse livro estava esquecido na minha estante. Graças a você, agora entrou na minha meta de leitura. Achei o livro comovente e fiquei encantada com o tom poético do narrador.


Eloiza Cirne 01/02/2015minha estante
Helder, a impressão que tive do livro é a mesma que você: merece ser lido por todos nós. Adorei sua resenha.


Helder 26/05/2015minha estante
Obrigado por todos os comentários, e fico feliz em ter conseguido despertar a curiosidade de todos pelo livro também. Leiam e publiquem suas resenhas por aqui também. Gostaria muito de ouvir outras opiniões.


Manuella_3 14/07/2017minha estante
Helder, que resenha maravilhosa. Ganhei o livro de uma amiga queridíssima, que conhece bem o meu gosto literário, mas sei lá por qual motivo, ainda não me dediquei a ele. Acho que toda a expectativa alimentada por ter sido presenteada e por ela ter gostado tanto a ponto de me recomendar. Ou o momento turbulento que passei, enfim, são apenas desculpas para entender o que não me puxou ainda. Sua resenha era o que eu esperava. Obrigada!


Aline.Elias 22/08/2017minha estante
Vim pesquisar sobre o livro, pois recebi um trecho dele no zap, aí encontro essa belíssima resenha. Parabéns Helder, já me emocionei ao lê-la, imagine lendo o livro, obrigada por despertar ainda mais em nós o desejo de ler "O Arroz de Palma".




Bookster Pedro Pacifico 11/01/2023

Arroz de Palma, de Francisco Azevedo
100 ano de história de uma família. É essa a proposta de “Arroz de Palma”, belíssimo romance sobre imigrantes que vêm de Portugal para o Brasil no início do século passado. O ponto de partida da narrativa é um casamento celebrado em 1908. Só que diferentemente do que você imagina, o mais importante desse evento não é apenas a história dos noivos, mas também os grãos de arroz que são jogados sobre eles para desejar prosperidade e fertilidade.

Ao ver o arroz esquecido na porta da igreja, Palma, a irmã do noivo, decide catar grão por grão como forma de recordação daquele momento tão importante e presenteá-los aos noivos. O que ela não imagina é que esse gesto dá início a uma tradição que seguirá os descendente dessa família por um século, sendo testemunho de novos amores, brigas e reconciliações.

Confesso que romances geracionais como esse estão no topo dos estilos favoritos de leitura. Gosto de acompanhar as novas gerações, com o amadurecimento dos personagens, ao mesmo tempo que percebo as mudanças no cenário político e social. E, na minha opinião, Francisco Azevedo faz isso com muita habilidade. O autor consegue não apenas criar personagens bem construídos e um enredo interessante, mas também se vale de uma escrita poética. E para dar um toque a mais na narrativa, “Arroz de Palma” ainda apresenta elementos do realismo mágico, atrelados à figura de Palma.

Por tudo o que escrevi, e pelo que ainda você vai encontrar na leitura, “Arroz de palma” é um livro delicioso, daqueles que dificilmente alguém não vai gostar. Só faço uma consideração: em um momento, quando trata de um personagem gay, o narrador – um senhor de 88 anos – faz menção ao termo opção sexual. Talvez isso seja um reflexo de o livro ter sido escrito há mais de 10 anos, mas ainda assim acho importante destacar que o correto é sempre orientação sexual. Nunca é uma escolha.

Nota 9/10

site: https://www.instagram.com/p/CnQGMbSp8pS/
Yasmin V. 11/01/2023minha estante
Só amor por esse livro! Uma delícia de ler!


Julia.Maranhao 29/01/2023minha estante
Gostei da história, mas me irrita que o autor escreve em períodos curtos, muitos pontos finais para poucas conclusões deixa a leitura lenta.

Mas achei legal que me fez perceber o tipo de escrita do autor


Ana 01/02/2023minha estante
Foi a minha leitura preferida de 2022: ?família é um prato difícil de se preparar?.


Sperandiocarol 19/02/2023minha estante
O mais amado?. O preferido!


Karla 28/10/2023minha estante
Lendo e amando.


Cris.Ramelo 19/03/2024minha estante
Amei!! Passei vários dias refletindo sobre a leitura. Gostei da escrita de Francisco Azevedo. Já estou lendo Fio Condutor.... Amando.




Michelle 08/09/2017

Poesia e humanidades ímpares
Excelente livro. Escrita que flui; que desperta afinidades; traz reflexões, identidades e sabores! Fui me misturando ao Antonio e destacando a realidade de seus questionamentos, nas certezas e dúvidas. "É que, na essência, somos todos parecidos. "(P.359).
Amei! Quero os outros 2 livros deste autor, Francisco de Azevedo!!
Luís Cláudio 19/04/2018minha estante
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Roneide.Braga 18/02/2020minha estante
Não conhecia, gostei. ??


Michelle 19/02/2020minha estante
Neide.Braga é uma linda história, muito bem escrita.


Roneide.Braga 19/02/2020minha estante
Vou comprar o livro ?




Lilian 31/08/2023

Uma história doce, envolvente e agradável!
Arroz de Palma, um romance fascinante de Francisco Azevedo, mergulha fundo em um século de história de uma família de imigrantes portugueses que se estabeleceu no Brasil no início do século XX. A história começa com um casamento em 1908 e gira em torno não só dos noivos, mas também dos grãos de arroz atirados sobre eles como símbolos de prosperidade e fertilidade.

É um romance que retrata gerações e, histórias como esta, são intrigantes, nos permite acompanhar o crescimento dos personagens e as transformações políticas e sociais ao longo do tempo. Francisco Azevedo consegue fazer isso de maneira notável, com personagens bem delineados, um enredo atraente e uma escrita cheia de poesia. O toque de realismo mágico, incorporado através da personagem Palma, adiciona mais uma camada à narrativa.

"Não se envergonhe se chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.”

Com sua tapeçaria rica e evocativa de personagens, cenários e acontecimentos, "Arroz de Palma" é uma leitura deliciosa que com certeza encantará muitos leitores.

site: https://lilianfreitas.com/
Pêpe 31/08/2023minha estante
Apaixonada por esse livro e por todos do Francisco Azevedo ??????????


Lilian 31/08/2023minha estante
Foi a minha primeira leitura do autor e eu amei, quero ler mais!!! ???


Pêpe 31/08/2023minha estante
Vc vai amar ????


Lilian 05/09/2023minha estante
????




DIRCE 13/02/2015

Da magia à sedução
Arroz de Palma provoca encantamento logo na capa pela delicadeza e beleza - contornada por rendinhas tendo no centro um coração preenchido com arroz. Arroz, o grão mágico e sagrado “ caído do céu” como chuva sobre os noivos ( José Custódio e Maria Romana) , e que a literalmente encantadora tia Palma ,face a fome e a pobreza que assolava Portugal, não hesitou em recolher o arroz, grão por grão, resultando em 12 quilos de arroz - tudo o que tinha para ofertar aos noivos. Entretanto, para o seu irmão José Custódio esse presente estava mais para um presente de grego e, ironicamente, é ele ( o presente) o causador da primeira briga do casal . Briga de recém-casados não dura muito e a paz reinou, porém o que o enfezado (literalmente) José Custódio não ficou sabendo é que o arroz deixou Portugal juntamente com o casal e a tia Palma rumo ao Novo Mundo – Brasil. Era o ano de 1.908.
Essas são as primeiras lembranças do octogenário Antonio ( cozinheiro por profissão), que ao preparar um jantar comemorativo – o centenário de casamento dos seus pais- , onde reuniria membros de várias gerações da sua família , se vê menino, sentado no colo de tia Palma, ouvindo e vendo embevecido as narrativas e encenações da tia Palma.
Eu, embalada pela escrita musical, como um passe de mágica, sentei, sem pedir licença, junto a quarta cadeira e a tia Palma e me tornei também uma sua espectadora e ouvinte. Acompanhei por meio dessa escrita compassada, como a batida do coração, a saga familiar do octogenário Antonio, até o ano de 2008. Acompanhei também as transformações ocorridas nesse intervalo do tempo: 100 anos – um século de inovações tecnológicas e de mudanças de hábitos e comportamentos, porém a família permaneceu com os ingredientes de sempre: ressentimentos, brigas, partidas, distanciamentos, apaziguamentos e a redenção, ingredientes que torna família, como dizia Antonio: um prato difícil de preparar.
O enredo traz um toque do realismo fantástico, o arroz não se deteriora em 100 anos, como não se deteriora as nossas idealizações, principalmente quando se trata de nossos filhos. Nosso filho real quase nunca ( ou nunca) corresponde ao nosso filho ideal, mas é ele que nos passa um ensinamento precioso. Filhos não são nossas extensões. Filhos têm vontade própria e, portanto, as suas escolhas não são as nossas escolhas e, muitas vezes, essas escolhas ,que à priori, condenamos, nos trazem muitas alegrias. Antonio não fugiu à regra e teve sua quota de aprendizado, já Isabel ( esposa do Antonio), talvez por ter menos expectativas em relação aos filhos, teve uma reação que surpreendeu o marido e o filho diante dessas escolhas.
Arroz de Palma está longe de ser uma obra-prima, mas é um livro que nos envolve como um abraço. É um livro que fala sobre um presente com poderes mágico e eu tive a felicidade de ser presenteada com esse livro pela Marta ( minha amiga virtual, mas não menos real) e pude desfrutar de uma leitura enternecedora, diria até mágica, e fui completamente seduzida pela narrativa do menino octogenário .

Marta Skoober 13/02/2015minha estante
Dirce, eu também concordo que não é uma obra prima, mas é um livro gostoso de ler, poético em certo sentido.
Eu me sentia sentada na cozinha da fazenda ouvindo Antonio contar sua história enquanto eu bebericava minha caneca de café.
Adorei a resenha. (vai eu chovendo no molhado, sempre gosto de suas resenhas)


Renata CCS 19/02/2015minha estante
Também quero ouvir as histórias da tia Palma. Quinta cadeira reservada para mim!


Helder 26/05/2015minha estante
Dirce, eu já acho que é uma obra de arte. Há tempos não era tão tocado por uma leitura. Posso dizer que li o livro inteiro com lagrima nos olhos. Uma preciosidade!


Ana Karina 23/06/2016minha estante
Excelente resenha, Dirce! Acabei a pouco a leitura e já deixou saudades!




Núbia 06/02/2017

Perfeito!!!
Sem palavras para descrever a delícia que é este livro. Uma leitura diferente, criativa, hipnotizante. O autor foi muito feliz em sua metáfora. Super recomendo!!!
Marta 06/02/2017minha estante
Maravilhoso não é?!


Núbia 06/02/2017minha estante
Lindo demais, Marta! Me emocionei...


Lucineyde 23/03/2017minha estante
Preciso de um help... citei o poema f"amília é prato difícil de preparar" num trabalho, agora não acho o livro para indicar a página. Podem me ajudar pf??




Lima Neto 02/11/2013

Cada livro que lemos deixa um nós uma marca, mexe conosco de uma forma diferente. Há aqueles que nos decepcionam, sim, há aqueles dos quais esperávamos algo mais, aqueles que não concordamos com o final; mas há aqueles que deixam marcas nas nossas almas de leitores, aqueles livros com os quais nos identificamos profundamente, da primeira palavra ao último ponto, que vemos espelhados nesse ou naquele personagem traços de nossa personalidade, os que temos a impressão de que retrataram tal como aconteceu um fato que aconteceu em nossas vidas. Há livros intensos, que nos prendem desde a primeira páginas, aqueles que impede que peguemos no sono enquanto não terminarmos só mais esse capítulo, e que acabamos passando noites em claro lendo-os. Há livros complexos, que só conseguimos ler e entender se o fizermos bem aos poucos, poucas páginas e palavras por vezes. Há livros que lemos correndo, cujos capítulos se sucedem de tal maneira que não conseguimos parar sequer para tomar fôlego. Há livros escritos em linguagem complexa e rebuscada, que tem em sua alma um ar intelectual e rebuscado. Mas há livros que nos marcam, com os quais nos identificamos, justamente por não serem complexos, por não terem uma linguagem rebuscada, que não precisamos correr, e sim por que são simples, por serem escritos de maneira simples, clara e delicada, e que não queremos correr em sua leitura, mas sim beber palavra por palavra. Arroz de Palma, de Francisco Azevedo, é um destes livros.
Arroz de Palma é um livro para todos os amantes da boa literatura, para todos os que têm família, para todos que sabem saborear as palavras de um grande romance e que começam a salivar antes mesmo de ter o prato servido, antes mesmo de abri-lo na primeira página. Narrado com uma maestria ímpar, com uma delicadeza impressionante, é um livro que ao lermos somos fisgados pelas melífluas palavras do autor, de que somos hipnotizados e remexidos naquela panela de palavras e convidados a apreciar e acompanhar o preparo daquele formidável prato literário que será servido para nós, leitores, numa esplendorosa ceia, que iremos apreciar, que irá saciar a nossa fome literária por dias a fio.
Contada de uma forma suave e delicada, como numa simples conversa, como que entre o preparo de um prato e outro para um jantar de reunião familiar, a história de Arroz de Palma é uma viagem no tempo, é um convite, tal como acontece numa reunião familiar, a uma das tão tocantes e gostosas histórias de família com a qual todos que a ouvem (leem) se identificam.
Eloiza Cirne 04/03/2014minha estante
Sua resenha é perfeita. Arroz de Palma é um livro extraordinário, lindo. Para se ter, reler... E reler!


Helder 18/01/2015minha estante
Sua resenha é perfeita. Conseguiu usar palavras no mesmo nível das utilizadas no livro. Parabéns, e que muitas leiam esta resenha e se entreguem a esta leitura tão especial.


Monique 30/12/2015minha estante
Indicação de uma amigo querido, o livro mais sensível que já li. Recomendo!




Nivia.Oliveira 23/04/2022

“Família somos todos”.
Francisco Azevedo nos conta a história da família de Palma... Opa... ou será da nossa família? Não são todas iguais? Com chegadas e partidas...Ora acrescentando uma cadeira à mesa... ora retirando...que apesar de brigas e ressentimentos, tem sempre um arroz no meio que nos une sem nós mesmos sabermos o porquê.
O autor sai do óbvio, que é o simbolismo de se jogar arroz nos recém-casados para atrair fertilidade, harmonia e prosperidade, e cria um arroz que dura, “cura”, emociona (é coração - capa), é sagrado e vira herança.
O arroz é um alimento essencial para nós brasileiros, e o Arroz, presente de Tia Palma assim é para a família de nosso protagonista. Um chef de cozinha, que num saudosismo natural da avançada idade, faz correlações amorosas da família com a arte de cozinhar. Por exemplo: é essencial saber “meter a colher”; a hora de “abaixar o fogo” ou “mexer rapidamente”; “tem que experimentar e comer” “a faca é língua”...
Sim, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. “Não existe ensaios”. Não há receita perfeita.
E aí fiquei pensando que essa história poderia ser uma metáfora para aquele momento em que o despertador não toca mais às seis da manhã para o trabalho: a hora de se aposentar, de deixar a família laboral.
Não raramente voltamos no tempo para relembrar os altos e baixos da carreira; as pessoas com as quais convivemos e raramente reencontramos; os aventais (funções) que trocamos: “já fomos tantos”; “repetem cenas sem imaginação”, “rivalidades inimagináveis”, “vontade de passar tudo a limpo”, é “choro acumulado”.
Talvez na vida profissional o alimento fosse outro... O feijão? É pesado. O órgão é outro: o intestino! Necessita de panela de pressão para cozinhar e não raras vezes, para não ser deixado de lado no prato, é bom incrementar com cebola e pedacinhos de bacon.
Em ambas as famílias um dia acabamos por nos perguntar: “é Possível? Seguir em frente andando firme pra trás”? Pecamos em querer organizar nosso arquivo pessoal: onde ficaram amizades, sonhos, feitos, frustações... “Canseira inútil”. E no final das contas vale o que se viveu.
Quando terminei de ler o livro já não pensava que o arroz aqui de casa fosse mais empapado que o de Palma. Tampouco é um risoto de frutos do mar. O que une os gravetos é o amor fraterno, apesar de.


site: https://www.instagram.com/niviadeoliver/?hl=pt-br
Patresio.Camilo 27/04/2022minha estante
Impossível não se apaixonar com o arroz de Palma... linda resenha...


Siomara 28/04/2022minha estante
Amei esse livro e desejo ler mais livros desse autor




Simone de Cássia 14/08/2017

É um estilo bem diferente de literatura. Gostei da narrativa "familiar", tipo conversa de família sentada na cozinha, embora tenho que ser sincera e reconhecer que não me "apaixonei" pelo livro como tantas outras resenhas aqui demonstraram. Talvez pela minha indisposição congênita com relação a autores nacionais, talvez porque meu momento não é de grande sensibilidade, enfim, eu gostei, mas não amei.
Helder 14/08/2017minha estante
Que pena. Eu sou uma das pessoas que idolatram este livro. Acho uma obra de arte e digo tranquilamente que é o melhor livro nacional que já li. Li com 40 anos e tenho como objetivo rele-lo aos 50, 60, 70. Acabo de comprar o novo livro do autor e é o próximo na minha fila.


Simone de Cássia 15/08/2017minha estante
Pois é, Helder, livro é assim mesmo, sempre uma incógnita...rs rs não vi nada demais, ... ele é bom, mas eu não leria de novo.




Rui Alencar 16/08/2012

Este livro é uma delícia...Em muita coisa parecido com uma família que conheço. Eis alguns recortes:

Pag. 11 ...Família é um prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema – principalmente no Natal e Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é pra qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o conforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que vai comer e aquele fastio...

Pág. 12...Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza...Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas se misturadas com delicadeza, essas especiarias , tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.

Pág. 12...Atenção também com os pesos e medidas. Uma pitada amais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é um prato extremamente sensível...Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora de meter a colher. Saber meter a colher é um verdadeira arte.

Pág. 13...tem gente que acredita na família perfeita...Família é afinidade, é a moda da casa. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito....Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não tem gosto de nada – seriam assim um tipo “Família Diet”, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é um prato para ser sempre servido quente. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.

Pág. 21...Papai possuía inúmeras qualidades, mas era um homem orgulhoso e enfezado. Tia Palma tinha uma teoria que explicava perfeitamente o mau humor de meu pai: a prisão de ventre. Tia Palma me ensinou que “enfezado” vem de fezes. Uma pessoa com intestino preso se enfeza com facilidade. E não é que, na prática, a teoria dava certo ? Sempre que papi era feliz no banheiro, a família inteira notava. Ele ficava literalmente, mais leve. Se alguém tivesse de pedir algo a ele, ficava atento à sua ida à privada: este poderia ser o momento ideal. Quando bem-sucedido, papai saía do banheiro em verdadeiro estado de graça. Um homem purificado.

Pág. 22...Cedo tb aprendi que o corpo conhece outras maneiras de se purificar. A urina, a menstruação, o vômito, as espinhas, o esperma, a coriza, e o suor, tudo nos purifica. O que o corpo põe para fora é sinal de purificação. Assim as lágrimas seriam a forma mais elevada de nos purificarmos. E o nascimento de uma criança a mais completa.

Pág. 82...Para sempre e nunca mais são medidas de tempo que me amedrontam, e, às vezes entristecem. A memória afetiva do mundo vai se apagando, enquanto os dados do planeta cabem todos no computador...

Pág. 83...Coleciono alguns guardados preciosos que, quando eu morrer, serão jogados fora, porque só fazem sentido para mim. Só a mim eles emocionam. Só eu lhes estimo o valor. Mas algo me diz que, em qualquer casebre, apartamento ou mansão, haverá sempre uma caixa, pasta ou gaveta onde se esconde aquele papel de bala – que foi desembrulhada no cinema ao lado de quem nos despertava paixão...

Pág.261...todo ser inanimado passa a ter alma no momento em que se lhe imprimie afeto. As coisas também aspiram a uma existência saudável...

Pág. 297...Palavra mete medo, assusta. Toda palavra. A mais inofensiva, súbito, causa estrago. Uma combinação equivocada, um tom infeliz, uma vírgula precipitda ou omissa podem significar o desastre. Palavra machuca, deixa marca. Palavra mata. Palavra deveria ficar guardada bem no fundo, no alto dos armários. Longe do alcance das crianças. E dos adultos. A palavra é arma. É preciso ter porte para usa-la.
Helder 23/11/2012minha estante
Trechos realmente incriveis. IMagino que seu livro esteja todo sublinhado! Livro foi para minha lista de desejados.


Helder 18/01/2015minha estante
Nossa, terminei de ler o livro hoje e vim olhar as resenhas. Nem lembrava de ter comentado aqui há tanto tempo atrás. Meu livro tb está todo marcado. E muitas das partes que me tocaram estão listadas aqui na sua resenha tb. Livro lindo!




Talita | @gosteilogoindico 24/11/2022

De emocionar
Que livro lindo! De uma simplicidade e de um amor únicos.
Como o autor mesmo menciona: "Nada de extraordinário. É que na essência, somos todos parecidos." (...)"Família é prati que, quando se acaba, nunca mais se repete."
Entrou para o top 10 da vida.
A construção da história, os personagens, a ambientação... consegui me conectar com tudo e, sem dúvidas, me emocionar.
Rodrigo 24/11/2022minha estante
Então fechou o ano literário em grande estilo!


Talita | @gosteilogoindico 26/11/2022minha estante
Ainda não fechei meu ano literário kkkk Mas acredito que uma grande leitura para aquecer o coração e indicar muito ?




Paula.Dantas 20/09/2016

Família é prato difícil de preparar
Lindo... encantador... profundo! Vi minha família em vários trechos do livro! Livro perfeito pra quem valoriza pessoas em vez de coisas. Bom pra presentear... bom pra repensar nossas relações! Um dos preferidos de 2016.
Priscila 20/02/2017minha estante
Fiquei com vontade de ler. ?


Paula.Dantas 12/03/2017minha estante
Priscila, qdo alguém fala que o livro é muito bom, a gente pode criar muitas expectativas e nem rolar de ser tão fantástico assim pra nós.. mas.. sério... eu achei o texto bom demais.. família demais... ri e chorei!




Geovan 05/08/2018

O arroz mais gostoso que provei.
Cozinhar arroz? “- Nossa, é facílimo, colocam-se todos os ingredientes dentro da panela, adiciona água, liga-se o fogo e está pronto”. As pessoas dizem isso, todo o tempo. Porém, quando você entra na vida de um senhor de 88 anos, vê que preparar um “arroz”, não é assim tão simples.
Ter a oportunidade de viver e reviver junto com Antônio, viajar por suas lembranças, desde a chegada da sua família de Portugal, passando pelas ruas do Rio de Janeiro e indo parar em uma fazenda de café. Fazer parte da construção de um “arroz” o qual será levado por toda sua vida. Ver que existe uma nova fórmula matemática, 1+1=1. E que frutos deste “arroz”, difícil de preparar, serão sempre nossos, não importa o lugar ou o tempo, este “arroz”, sempre estará conosco.
Ler este livro, foi o prato de “arroz” mais delicioso, que já provei em toda a vida.
Rosania 19/08/2018minha estante
Amei sua resenha... Este livro está sendo uma leitura deliciosa..


Geovan 19/08/2018minha estante
Olá Rosana. Obrigado pelo elogio, eu a fiz de coração. Pois realmente este livro e maravilhoso. Aproveite bem a leitura. :)




Débora 20/02/2021

Não fluiu pra mim, não sei se pode se dizer que é o meu momento ou a preguiça do estilo de escrita do autor. Valeu a experiência.
Debora.Henrique 02/04/2021minha estante
O momento influência muito em nossa experiência com o livro! Eu sou uma apaixonada dele! Já o reli 3 vezes!


Débora 02/04/2021minha estante
Isso é verdade!! Pode ser uma questão de momento




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