Minha Velha Estante 10/05/2018Resenha da Adriana MedeirosO Homem de Lata começa, na verdade, contando um fato fascinante da história de Dora, mãe de Ellis, que será o nosso personagem principal. Leonard, marido de Dora, era um homem turrão, machista, beirando ao grosseiro. Em um ato de coragem e ousadia, Dora ganha um bingo e, na hora de escolher o prêmio, contraria seu marido e os amigos dele ao escolher uma cópia do quadro Os Girassóis, de Van Gogh, ao invés de uma garrafa de uísque. #goDora!!!!
"Foi o primeiro gesto desafiador em sua vida. Como cortar uma orelha. E ela fez isso em público."
Logo em seguida já encontramos Ellis, adulto, sozinho e solitário, em um emprego que não lhe dá prazer, afinal, seu sonho era ser desenhista. Vivendo apenas de suas lembranças.
Dividido em duas partes: Ellis e Michael, o livro trará visões e tons diferentes para esclarecer o leitor.
A primeira parta é absolutamente melancólica, e confesso que tive muita dificuldade pra levar a leitura adiante. Apesar da escrita sentimental e delicada da Sara Winnman que, com certeza absoluta, tem tudo para encantar aos amantes do gênero, essa não é muito a minha praia.
"A vida não era tão divertida sem Michael. Não tinha tanto colorido sem ele. A vida não era vida sem ele."
Vamos conhecer, através das memórias de Ellis, a sua amizade com Michael e a descoberta do amor pelos dois, e momentos difíceis da vida de Ellis que essa amizade seria capaz de ajudar a superar.
"Cores complementares são aquelas que fazem com que a outra se destaque [...]Como eu e Ellis, disse Michael.Sim, ela sorriu. Como vocês dois."
Mas Ellis e Michael se separam...
"Tive paixões, tive amantes, tive orgasmos. Minha trilogia do desejo, como eu gostava de dizer, mas nenhum grande amor depois dele, não pra valer. Amor e sexo foram separados por um grande rio, um rio que o barqueiro se recusava a atravessar."
A segunda parte do livro, narrada por Michael, vai trazer as respostas que tanto desejamos, vai trazer a sua visão sobre ele e Ellis, mas também vai falar de dor e amor.
Sarah Winman fala de preconceitos, homossexualidade, redenção, amizade, amor verdadeiro e da dor que todos esses sentimentos trazem de maneira intensa, quase visceral. Esse é um livro pra ser lido aos pouco, em doses homeopáticas, daqueles que você precisa parar para refletir de vez em quando, se colocar no lugar do personagem para sentir a sua dor.
Como não falar da perfeição que é a edição desse livro? Quando você acha que a Faro já fez de tudo nos livros anteriores que lançou, o pessoal vem e deixa você apaixonado. Sabe aquele livro que você faz questão de levar fora da bolsa pra todo mundo ver que você tem? O Homem de Lata é um desses!
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